Resumo: O pós-guerra traz mudanças importantes nas práticas discursivas de dois nacionalismos concorrentes e concomitantes: o movimento sionista e o movimento nacional palestino. Se desde o início do século XX os dois grupos disputavam o mesmo território sob lógicas de pertencimento difusas e complexas, referências às suas tragédias coletivas passam a ser centrais em seus respectivos discursos nacionais a partir dos anos 1940. Aqui, tanto a Shoá quanto a Nakba passam a constituir tentativas constantes de reafirmar justeza e legitimidade de suas demandas políticas. Neste artigo discutimos a centralidade dos usos políticos da Nakba e da Shoá por palestinos e sionistas em cenários de confronto ideológico, nacional e territorial. Palavras-chave: sionismo; nacionalismo palestino; memória; Nakba; Shoá. Abstract:The post-war period brought important changes in the discursive practices of the two competing and overlapping nationalisms -the Zionist movement and the Palestine national movement. If since the beginning of the twentieth century, the two groups fought for the same territory based on complex and diffuse logic, from the 40's on, references to their collective tragedies became central to their respective national discourses. Here, both the Shoah as the Nakba come to constitute constant attempts to justify correctness and legitimacy of their political demands. In this article, we discuss the centrality of the two uses of the politics of Nakba and Shoah by Palestinians and Zionists in scenarios of ideological, national and territorial confrontation. Keywords: Zionism; Palestinian nationalism; memory; Nakba; Shoah. IntroduçãoEste artigo tem como objetivo discutir usos políticos de duas tragédias coletivas, a Nakba (termo utilizado pela historiografia árabe para se referir à derrota palestina no conflito com Israel,
Neste artigo, oferecemos reflexões sobre o significado dos usos de símbolos judaicos, israelenses e sionistas no contexto político contemporâneo brasileiro. Nesse contexto pretendemos também explorar os significados do aparecimento destes símbolos em protestos da “nova direita” brasileira a partir das manifestações de massa realizadas no país durante a segunda década do século vinte. Pretendemos aqui entender as relações de tais símbolos com grupos conservadores no país. É nossa intenção também discutir as relações dialéticas de ruptura e continuidade ocorridas no interior das instituições judaicas brasileiras, onde definições tradicionais de pertencimento e fronteiras são desafiadas quando setores da comunidade judaica apoiam efusivamente uma candidatura da extrema direita nas eleições de 2018, produzindo tensionamentos antes inimagináveis com grupos progressistas e de esquerda. Por fim, também buscamos aqui refletir sobre as mudanças de significado no conceito de raça no Brasil após a realização da Conferência de Durban em 2001 e seus ecos nas relações entre as populações judaicas e afrodescendentes no Brasil.
Os últimos anos foram de mudanças e transformações no mapa político brasileiro. Se até o ano de 2013 havia um quadro político estabelecido e consolidado no país, a partir desse momento pode-se notar mudanças profundas e sem precedentes no cenário nacional. Foi nesse ano que o momento político brasileiro foi sacudido por manifestações multitudinárias que, cujos efeitos balançaram as estruturas democráticas do país. A partir das chamadas “Jornadas de Junho”, um novo ente político passa a fazer parte da vida pública brasileira. Grupos de uma “nova direita”, alinhada aos espectros de um novo discurso neoliberal ousado e pungente, passam a desafiar os valores da já consolidada democracia brasileira. Esse artigo pretende discutir os resultados desse novo alinhamento político a partir de um caso específico: a aproximação de grupos da comunidade judaica com representantes dessa “Nova Direita Brasileira” (por vezes uma extrema direita bastante provocativa e agressiva). Para tanto, pretendemos discutir os resultados da visita de um pré-candidato à presidência da república a um clube judaico na cidade do Rio de Janeiro, no mês de abril do ano de 2017. Acreditamos que o debate sobre essa visita e suas consequências pode contribuir para entendermos melhor os novos processos políticos que o país vivencia. Acreditamos também, que o caso da visita a um clube judaico pode servir de modelo teórico e metodológico para debate acerca de processos onde novos atores políticos passam a ser relevantes, refundando a cultura da conciliação brasileira, substituindo-a por uma cultura política, essa de enfrentamento e denúncia.
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