Tendo em vista a equiparação, no segundo semestre de 1999, da teoria da evolução de Darwin ao texto bíblico do Gênese nos currículos escolares de um estado norte-americano, o artigo discute o fortalecimento (ainda que setorial) do 'criacionismo', antiga concepção que apresenta a origem do mundo e do homem como resultado de um ato de criação divina. Com este objetivo, procedeu-se, num primeiro momento, à análise do livro A caixa-preta de Darwin, do bioquímico Michael Behe, que, mesmo não se assumindo como tal, é possivelmente o representante mais sofisticado desta concepção. Num segundo momento, apresentam-se algumas hipóteses acerca das condições históricas e sociais que tornaram possível esta expansão do criacionismo. Ênfase especial foi dada àquilo que alguns cientistas sociais recentes nomeiam como o 'reencantamento do mundo', processo que diz respeito a uma demanda muito acentuada por explicações místicas que garantam um sentido para o que ocorre no fragmentado mundo contemporâneo.
Se a importância de um intelectual pode ser aferida através da influência que ele exerce num certo espaço de debates, então a posição do sociólogo francês Pierre Bourdieu, falecido ao início de 2002, é realmente privilegiada. Segundo os registros do Social sciences citation index, ele foi, recorrentemente, um dos autores mais citados da área de ciências sociais nos últimos anos, gerando uma verdadeira escola de pensamento. Com produção diversificada, abrangendo temas que vão desde a moda até seu amplo estudo sobre A misé-ria no mundo, a repercussão dos trabalhos de Bourdieu é de fato considerável. Dentro da vasta produção do autor, um feixe de questões ocupa um lugar de destaque: a sua sociologia dos campos, e é precisamente um aspecto determinado deste feixe que será objeto do artigo que se segue.Mais especificamente, estaremos interessados em discutir as características daquilo que Bourdieu nomeia como o campo literário (conceito cuja definição mais minudente será feita logo adiante): espaço social que reúne diferentes grupos de literatos, romancistas e poetas, que mantêm relações determinadas entre si e também com o campo do poder. Analisando esta vertente do pensamento de Bourdieu, tentaremos mostrar que sua peculiar aproximação às obras produzidas pelo campo literário acaba por colocar em evidência alguns aspectos ainda pouco examinados de sua própria teoria geral dos campos, donde a relevância de se proceder a tal discussão.Adiantando parte da argumentação a ser aqui desenvolvida, o presente artigo sustenta uma hipótese dupla: num primeiro momento, reconheceremos, com Bourdieu, a fecundidade de sua proposta de análise, que ilumina nas obras literárias uma série de relações que, de outra maneira, per-
O artigo analisa alguns aspectos do pensamento de Hegel e de Espinosa, no que diz respeito à contribuição destes pensadores para o marxismo. Tal análise se insere nas tentativas ocorridas, de alguns anos para cá, de superar aquelas abordagens dicotômicas que apresentavam como excludentes as contribuições destes dois pensadores para a teoria marxista. Em Espinosa, foram enfatizados: seu distanciamento frente às doutrinas criacionistas de sua época; sua crítica à suposição de que existe uma teleologia na natureza; sua defesa da democracia como regime político. Em Hegel, abordamos a importância das contradições no processo histórico; as determinações de reflexão (pares categoriais que só existem em referência recíproca); a descontinuidade trazida pelo trabalho humano na causalidade natural. O artigo se encerra discutindo dentro de que limites pode-se sustentar as categorias da negação e da negatividade numa abordagem contemporânea.
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