Um paradoxo está presente na atual constituição material, enredando a função docente e a natureza da educação de muitos modos. O discurso das reformas educacionais o manifesta em muitos contextos. É o paradoxo da nossa condição: de um lado, a servidão voluntária proposta pelo pós-fordismo, de outro, um quantum de liberação pleno de possibilidades. A atividade docente está lançada entre, ou no meio desse paradoxo. Pois ela é afetada de diversas maneiras no momento em que se rompe o laço entre o trabalho e a produção da riqueza (o que muda a inserção produtiva dos indivíduos), tornando o capitalismo parasitário (pois não pode mais dominar unilateralmente a estrutura do processo do trabalho, pela divisão entre trabalho manual e intelectual) e fazendo com que o capital fixo mais importante seja o cérebro das pessoas que trabalham. Supondo a igualdade das inteligências, que não deixam de ser múltiplas, compreendemos que no terreno conflagrado da constituição material do presente, que é enfim o lugar do porvir, o sentido da formação ganha urgência.
RESUMONosso objetivo é apontar ressonâncias entre o conceito freudiano de pulsão e o conceito spinozano de potência para que este último amplifique a leitura do primeiro. Assim, começamos pela apresentação do conceito de Deus-natureza na filosofia de Spinoza para circunscrever o conceito de potência. Após demonstrar que o ser humano é expressão modal singular da substância infinita, verificamos em que pontos se poderia aproximar potência de pulsão. Para tanto, relacionamos a definição de pulsão como exigência de trabalho que o corpo faz ao psiquismo à ideia spinozana da mente ser a ideia do corpo. Após apresentarmos o aspecto relacional e a dimensão de alteridade em ambos os conceitos, finalizamos discutindo as problemáticas do dualismo pulsional e da pulsão de morte. Palavras-chave:Freud, Spinoza; pulsão de morte; potência; psicanálise. ABSTRACT Polishing Lenses: the Spinozan Power and the Freudian DriveOur goal is to point out resonances between the Freudian concept of drive and the Spinozan concept of power to amplify the reading of the first.We begin by presenting the Spinoza's concept of GodNature to circumscribe the concept of power. After demonstrating that the human being is the unique modal expression of the infinite substance, we verify the points that could bring together power and drive. Therefore, we relate the definition of drive as a job requirement made by the body to the psyche to Spinoza's idea of mind being the idea of the body. After presenting the relational aspect and the dimension of otherness in both concepts, we discuss the drive dualism and the death drive.Keywords: Freud; Spinoza; death drive; power; psychoanalysis. SPINOZA E FREUD? OU FREUD COM SPINOZA?A transmissão do pensamento de Spinoza ao longo da história não se fez pela lógica dos conceitos puros, nem esteve dissociada dos dinamismos imaginativos e afetivos e dos variados modos de capturar uma obra que, mesmo proscrita, circulou clandestinamente durante muito tempo (Israel, 2005 e Charles Daubert, 1990. No final do século XVII, ele foi reproduzido em cópias clandestinas (Weil, 1990). No XVIII, circulou "sous le manteau" nos meios libertinos eruditos (McKenna, 1990), entre os enciclopedistas franceses (Vernière, 1954), tendo causado furor em uma Alemanha que assistiu a uma onda de refutações obrigató-rias de sua filosofia (Bourel, 1990). No séc. XIX, sua recepção nos meios do idealismo e romantismo alemães (Vaysse, 1994; Zac, 1989) antecedeu a multiplicação das traduções e publicação de suas obras (só em língua alemã foram nove traduções e edições) (Steenbakkers, 2007). Em Viena, terra na qual nasceu a psicanálise, sabe-se da existência de uma geração de intelectuais, na maior parte judeus, que, do início do século XX até o advento do nacional-socialismo, incorporaram o pensamento de Spinoza às disciplinas mais diversas (Walther, 2007).
The ideological bases of the peripheral realism in Argentine foreign policy MAURÍCIO SANTORO ROCHA 1 Resumo: Este artigo analisa a formulação ideológica da política externa do realismo periférico adotada pelos governos da Argentina na década de 1990, discutindo suas origens no revisionismo da história do país no século XX e na busca de uma relação privilegiada com os Estados Unidos no contexto de reformas econômicas pró-mercado.
I-Esta coletânea de entrevistas é um guia de leitura dos escritos de um dos mais importantes pensadores em atividade no Brasil. O volume contém 10 entrevistas realizadas entre 1999 e 2007, sendo uma inédita, além da cronologia biobibliográfica do entrevistado. Na Advertência, o entrevistado-autor comunica aos leitores que o que segue são "entre(re)vistas", versões modificadas de conversas anteriores que já resultavam de edições e revisões de encontros transcritos. O tom, entre o coloquial e o rigor expositivo e demonstrativo, é temperado com humor e insights surpreendentes. Na maior parte delas, o leitor é apresentado às teses que situam o autor entre os protagonistas de uma refiguração global da antropologia-através da reavaliação das polaridades conceituais condicionantes da disciplina: as oposições entre Primitivo e Civilizado, Indivíduo e Sociedade, e Natureza e Cultura, com um reexame crítico desses "divisores". Refiguração sob a forma de uma antropologia pós-colonial-ou simétrica: "Fazer antropologia simétrica é antropologizar o centro e não só a periferia da nossa cultura-e o centro dela é o Estado constitucional, a ciência e o cristianismo. Ser capaz disso é conquista recente da antropologia... Seu mérito é mostrar que o periférico e o marginal são parte constitutiva da realidade sociocultural do mundo urbano moderno-desmontando a imagem do Ocidente como império da razão, do Estado, do Direito e do mercado. Fazer com que esses objetos deixem de convencer tanta gente de que são objetos universais, eternos e naturais [p. 45]". Simetrizar significa extrair todas as conseqüências da falência do contraste entre primitivo e civilizado, pois "o processo de simetrização não consiste em anular as diferenças, mas colocar os heterogêneos no mesmo plano rizomático" i-conjeturando modos novos de pensar que multiplicam os possíveis: "o que a etnologia pretende fazer é simplesmente alargar o mundo dos possíveis humanos mostrando que a tradição cultural européia não detém, nem de fato, nem de direito, o monopólio do pensamento" [p. 79]. Como lembra o autor: "a antropologia se coloca questões metafísicas, fundadoras da nossa sensibilidade intelectual-moderna/cristã/capitalista/ocidental-como, por exemplo, a questão da
A fortuna crítica spinozana registra que a partir da proposição27 da Parte iii da Ética1 surge algo completamente original no exame davida afetiva: a imitação dos afetos. A novidade spinozana em comparaçãocom os seus contemporâneos é descrever a produção dos afetos não maisa partir de um objeto externo, mas da conduta de “alguma coisa”, ou“alguém”, a respeito de um objeto – considerando que essa produção seenraíza no fato de imaginarmos que esse “alguém” ou essa “alguma coisa”é semelhante a nós. A proposição encadeia uma longa sequência dedutivaque atravessa o restante da Parte iii, sustenta as proposições cruciais daParte iv sobre a política e o direito e alcança o Tratado Político [i, v].
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