Resumo: Martin Heidegger desenvolveu uma análise da metafísica e da tecnologia que questionava radicalmente seus pressupostos ontológicos. Contudo, para Peter Sloterdijk, autor de uma revisão do motivo da clareira (Lichtung) heideggeriana intitulada Domesticação do ser: clarificando a clareira, Heidegger padece daquilo mesmo que ele critica: uma pendência para a ontologia clássica que, desde pelo menos Platão e Aristóteles, separa o ser e o nada, basila o princípio de bivalência na lógica, excluindo qualquer terceira possibilidade, e permite os dualismos constitutivos da metafísica. Seguindo o antropólogo Bruno Latour, o qual evidenciara que “modernidade” não é senão uma crença na cisão entre os polos de forma e matéria, sujeito e objeto, natureza e cultura, também Sloterdijk vai atribuir a Heidegger a pendência à ontologia clássica, elevada ao nível da cisão entre o ôntico e o ontológico. Diante disso, o que sugere Sloterdijk? Uma alternativa à ontologia clássica na cibernética de Wiener e Günther, reatando os laços, desfeitos por Heidegger, entre ontologia e antropologia. Este trabalho tem por intenção articular a crítica de Sloterdijk, a investigação de Latour e a revisão ontológicológica de Günther, a fim de assentar bases para compreensão do projeto sloterdijkiano de se pensar a antropologia a partir de pressupostos cibernéticos.
, advisor. 4 The consulted source, by being an ebook, epub extension, in which the diagramming is flexible to the user configuration, does not have accurate paging that can serve as reference. The paper, however, is short and easily accessible in the book Blues-Philosophy for Everyone: thinking deep about feeling low (2012). 1 Thematic axis: blues as educator of passions in Aristotle Majithia (2012), who served as the main reference to the production of the workshop, showed the relationship between blues, in the one hand, and Aris-5 Literally, 'Institutional Program of Subsidy for Initiation to Teaching'. 6 One of the workshops was documented on the local newspaper, Folha de Londrina, in the seccion 'Folha Cidadania', in 14 may 2013, along with a news report with the title 'Faces de um Brasil multi-étnico [sic]' or 'The faces of a multiethnic Brazil' (NASCI-MENTO, 2013, p. 4).
Friedrich Nietzsche dizia que a transcendência e a negação da vida, próprias do niilismo reativo que caracteriza a autofagia do Ocidente, eram subprodutos do excesso de memória, plasmado em ressentimento e “espírito de vingança”. Por outro lado, o xamã yanomami Davi Kopenawa, liderança indígena e autor, junto ao antropólogo Bruce Albert, do livro A queda do céu, responsabiliza o esquecimento dos brancos (napë pë) por sua própria derrocada — derrocada que leva todos os povos não-brancos consigo, em um vertiginoso cataclisma ambiental e pandêmico de dimensões planetárias que Kopenawa e os Yanomami chamam de “queda do céu”. Neste artigo, pretendemos lidar com essa equivocidade perspectiva do olvido, vislumbrando nela uma questão filosófica crucial: como compreender esse duplo cruzamento entre olvido e memória, quando saímos do discurso filosófico ocidental e partimos para o discurso de um pensador yanomami? Haveria em jogo, aqui, uma equivocidade do olvido, no sentido em que o esquecimento é outro, a depender de sua direção?
Esta artigo centra-se na relação problemática entre subjetividade e linguagem; mais especificamente, na possibilidade ou impossibilidade de alguma forma de prioridade semântica do sujeito em sua relação com a linguagem quando posta diante dos principais escritos sobre linguagem na filosofia tardia de Martin Heidegger, com enfoque na conferência O caminho para a linguagem, de 1959. Para a modernidade, a linguagem é expressão da atividade interior do espírito. Tal concepção é apontada e criticada por Heidegger sua conferência, na qual afirma, em oposição a ela, que a linguagem, mais do que expressão subjetiva, é o caminho no qual o homem, “ente dizente”, já sempre se encontra de início. Neste trabalho, introduziremos, primeiramente, alguns pressupostos heideggerianos de sua obra posterior à fase de Ser e tempo e conceitos característicos dessa etapa, tais como Ereignis, alétheia e tópos, a fim de articular, ao fim, sua concepção tardia de linguagem e contrapô-la à concepção técnica de linguagem, própria da modernidade.
Com passar do século XX, o conceito de humanismo perdeu forças em virtude das diversas calamidades que evidenciaram seus paradoxos. Diante disso, um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial, Martin Heidegger respondeu uma carta do teórico Jean Beaufret a respeito da necessidade de se manter ou não o termo “humanismo”. Em 1999, Peter Sloterdijk pronunciou uma conferência que consistia em uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Ambos se amparam nos paradoxos que subjazem o conceito, mas suas teses tem implicações diversas. Considerando tal divergência, este artigo tem por objetivo articular as duas respostas, inserindo-as em seus contextos e evidenciando em que pontos elas se confrontam e quais posturas elas implicam. Para isso, nos é necessário primeiro a colocação do texto de Heidegger em seu contexto e, posteriormente, a abordagem da conferência de Sloterdijk, parte em que se evidenciará o aporte crítico desse último frente a algumas das principais teses heideggerianas, como a recusa à noção de pastoreio e a necessidade de se abordar o problema ontológico do humano a partir da perspectiva antropológica da domesticação do homem pelo homem.
Ekstasis: revista de hermenêutica e fenomenologia Introdução O presente trabalho, em sua brevidade, apresenta-se como etapa preparatória para uma pesquisa sobre o conceito de esfera na obra do filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk, explorado, sobretudo, em seu tratado tripartido Esferas (SLOTERDIJK, 2015a; 2015b; 2015c). Propõe-se também a levantar relação de parentesco do projeto sloterdijkiano com a obra filosófica de Martin Heidegger, sobretudo no tocante à sua ontologia fundamental enquanto uma "topologia do ser" 1. Isso deve justificar, de início, sua concisão e seu estilo panorâmico, propositadamente ensaístico, como preparação de um estudo mais aprofundado. Dessa forma, isentamo-nos de abordar pormenorizadamente aspectos específicos dos dois pensamentos filosóficos em voga sem, no entanto, deixarmos de citar referências, em rodapé, para o aprofundamento de estudo de determinados pontos aqui citados.
Buscamos, nesse artigo, apresentar em linhas gerais a maneira como o filósofo alemão Peter Sloterdijk desenvolve a narrativa da humanização ou antropogênese, em vista da lacuna que o pensamento ontológico e topológico de Martin Heidegger apresenta: partir do lugar do humano — clareira ou casa do ser — como já dado, deixando em mistério o mecanismo antropológico por via do qual o humano viria a ser humano — e o mundo humano, a ser mundo. Para Sloterdijk, a antropogênese é, de uma perspectiva especulativa, um processo que deve unir o ontológico (e, portanto, o ponto de vista do humano na clareira) e o antropológico (o ponto de vista do “pré-humano”, animal que, envolvendo-se em processos de retroalimentação paulatinos e circulares, chegou a algum dia a habitar a clareira). Esse processo antropogenético é concebido pelo filósofo como uma história da domesticação (de domus, casa) ou uma arquitetura onto-antropológica da casa do ser heideggeriana, e responderia pela lacuna deixada por Heidegger, bem como pela adequação de seu pensamento a uma era “pós-humanista”.
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