Os principais estudos socioantropológicos produzidos no (ou sobre o) contexto brasileiro acerca de lésbicas, gays, travestis e transexuais tiveram como locus paisagens urbanas, metropolitanas, de modo que pouco sabemos sobre como pessoas vivenciam sexualidades e identidades de gênero que divergem da “matriz heterossexual” em espaços outros, como o mundo rural, as pequenas cidades do interior brasileiro ou territórios indígenas. Além disso, no caso específico dos trabalhos realizados sobre a temática travesti, observamos a recorrência da associação entre travestilidade e prostituição. Assim, este artigo objetiva – a partir das histórias de vida de cinco travestis indígenas, habitantes de cidades do interior do estado da Paraíba – fornecer uma contribuição no sentido de agregar outros elementos para os(as) estudiosos(as) da questão travesti, bem como matizar o problema da prostituição através de seus discursos e de suas peculiaridades biográficas.
Resumo Este artigo foi elaborado a partir da história de vida e da narrativa de Joana, uma jovem mulher lésbica, natural de Catolé do Rocha (Sertão da Paraíba), ativista pelos direitos da população LGBTQIA+. Para além deste eixo temático - por meio do qual foi possível apreender aspectos importantes não apenas da vida de Joana no que diz respeito a sexualidade e gênero, mas também de outros sujeitos “dissidentes” no interior da região Nordeste do Brasil -, o presente texto apresenta como pano de fundo ou problemática associada a questão da invisibilidade lésbica nos trabalhos socioantropológicos, nos movimentos sociais e no espaço público. Onde estão as pessoas que representam (e/ou são representadas pelo) o L do LGBTQIA+? Eis a pergunta que perpassa este trabalho.
Resumo Fruto de uma pesquisa sobre identidades, relações e políticas LGBT no Sertão da Paraíba, o presente artigo, partindo da história de vida de Jonas, um dos interlocutores do autor, consiste, num primeiro momento, em apresentar informações a respeito do Grupo Fórum LGBT Catolé (uma organização não governamental) e das vidas de pessoas gays, lésbicas, travestis e transexuais em uma localidade do Brasil profundo. Num segundo momento, explorando as vicissitudes e o sofrimento do protagonista do texto, lanço mão das noções de interseccionalidade e diferença no intuito de problematizar não apenas a história e a trajetória de um sujeito específico, mas o cenário da geografia político-moral que caracteriza o atual momento da vida brasileira.
O presente artigo tem por objetivo refletir teórica e etnograficamente sobre os possíveis cruzamentos entre etnicidade e homossexualidade, tomando como contexto empírico o município paraibano de Baía da Traição, no estado da Paraíba, onde está localizada uma das Terras Indígenas Potiguara. Tendo as interseccionalidades como mote inspirador, busco aqui problematizar também um outro tipo de cruzamento, desta vez envolvendo diferenças culturais e desigualdades sociais.
Na prática da "mais antiga profissão do mundo" não há espaço para o amor, nem para qualquer tipo de afeto. Tal sentença, tão sedimentada no senso comum, não se sustenta, contudo, depois que lemos Prostituição e outras formas de amor, preciosa coletânea organizada por Soraya Silveira Simões, Hélio R. S. Silva e Aparecida Fonseca Moraes. Na verdade, já no início do volume os autores chamam nossa atenção para que apreendamos a prostituição em toda sua complexidade, pois esta envolve práticas, relações, desejos e valores.O livro é subdividido em quatro partes, intituladas "Políticas: a construção dos discursos" (Parte I); "Prazeres: a construção dos sujeitos" (Parte II); "Fronteiras: prostituição e outras formas de amor" (Parte III) e "Lugares: contextos, ações e práticas situadas" (Parte IV).No artigo que abre o livro, "O estado da saúde e a 'doença' das prostitutas: uma análise das representações da prostituição nos discursos do SUS e do terceiro setor" (CESAR, 2014, p. 29-56), Flavio Cesar contrapõe os discursos (re)produzidos pelos agentes do Sistema Único de Saúde (SUS) com as autorrepresentações das próprias prostitutas engajadas no movimento social, autorrepresentações essas que se chocam com discursos e representações, respaldados pelo saber biomédico, que terminam por engendrar um panorama no qual a prostituição não sobrevive a uma leitura estigmatizante, que a confinam numa moldura cujos contornos são traça-dos a partir de noções patologizantes.O segundo capítulo da obra, assinado por Veronica Munk, recebeu o provocativo título de "Em breve uma Europa livre de prostituição?" (MUNK, 2014, p. 57-71). Aqui, a autora problematiza uma antiga querela entre "moralistas" e "abolicionistas", isto é, entre aqueles favoráveis ao reconhecimento da prostituição como profissão regulamentada e aqueles cadernos de campo, São Paulo, n. 24, p. 575-580, 2015
Este artigo, construído a partir de fragmentos registrados durante pesquisas realizadas em pequenos municípios localizados no Litoral Norte do estado da Paraíba, trata de questões de sexo e gênero envolvendo crianças e adolescentes sexualmente “exploradas”, jovens mulheres engajadas na prática prostitutiva e “meninas danadas”, isto é, mulheres igualmente jovens, não diretamente inseridas no mercado de sexo comercial, mas que ainda assim são suscetíveis aos mesmos processos de rotulação aos quais são submetidas as “verdadeiras” profissionais do sexo. Embora cada uma dessas situações guarde particularidades que as distinguem, em todas elas está em jogo uma tensão entre as vulnerabilidades implicadas nas identidades de gênero e a autonomia feminina. Ou seja, os discursos e as representações “vitimistas” muitas vezes esquecem-se dos desejos e da capacidade a que os sujeitos mulheres, mesmo neste contexto específico, têm de obedecer ou resistir.
RESUMO:A partir da descrição e análise de uma sauna frequentada por homens em Campina Grande, interior do estado da Paraíba, procuro neste artigo discutir as possíveis conjugações e disjunções envolvendo sexo e identidade sexual em sua articulação com outros marcadores sociais como idade e classe, atentando tanto para os perfis de seus frequentadores e os tipos de interação estabelecidos entre eles, quanto para os discursos de outros interlocutores sobre a sauna. Busco igualmente aqui problematizar as noções de local, espaço e paisagem e o lugar do pesquisador inserido num contexto propício à prática sexual. Na parte final do texto, destaco a tensão que permeia a experimentação do sexo, tensão esta traduzida em um idioma moralizante e numa retórica onde se privilegia o ideal do amor romântico e da parceria pautada no afeto, na estabilidade e monogamia. PALAVRAS-CHAVES:sexualidade; homoerotismo; gênero; masculinidades; moralidades. Abstract:From the description and analysis of a sauna frequented by men in Campina Grande, Paraíba (Brazil), I seek in this article discuss the possible conjugations and disjunctions involving sex and sexual identity in its relationship with other social markers such as age and class, paying attention both to the profiles of their regulars and types of interaction established between them, as to the speeches of other parties on the sauna. I seek here also discuss notions of local, space and landscape and the place of the researcher inserted in a context conducive to sexual practice. In the final part of the text, highlight the tension that permeates the trial of sex, strain this translated into a language and a moralizing rhetoric where it favors the ideal of romantic love and partnership guided affection, stability and monogamy. Keywords: sexuality; homoeroticism; gender; masculinities; moralities.Resumén: A partir de la descripción y análisis de un sauna frecuentado por hombres en Campina Grande, estado de Paraiba (Brasil), pruebe este artículo discutir las posibles conjugaciones y disyunciones que implican el sexo y la identidad sexual en su relación con otros marcadores sociales tales como la edad y la clase, teniendo en cuenta tanto para los perfiles de sus visitantes y los tipos de interacción que se establecen entre ellos, en cuanto a los discursos de otros partidos en la sauna. Busco aquí también discutir nociones locales de espacio y el paisaje y el lugar del investigador se inserta en un contexto propicio para la práctica sexual. En la parte final del texto, resalte la tensión que se respira en el juicio de sexo, colar esta traducido a un idioma y una retórica moralizante donde se favorece el ideal del amor romántico y la asociación guiada afecto, la estabilidad y la monogamia.
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