Resumo: O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura internacional em Psicologia na última década e encontra seus primeiros passos no Brasil. O objetivo deste texto é descrever os múltiplos sentidos do convite construcionista, apresentando as histórias da origem deste movimento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos aí produzidos. Partindo de um conjunto de críticas ao fazer científico, as propostas construcionistas buscam ressaltar a especificidade cultural e histórica das formas de conhecermos o mundo, a primazia dos relacionamentos humanos na produção e sustentação do conhecimento, a interligação entre conhecimento e ação e a valorização de uma postura crítica e reflexiva. Estas propostas convidam assim a uma prática científica que se implique culturalmente e que promova a ampliação dos vocabulários relacionais.Palavras-chave: construcionismo social; ciência; Psicologia; teoria. THE MEANINGS OF SOCIAL CONSTRUCTION: THE CONSTRUCTIONIST INVITATION TO PSYCHOLOGYAbstract: The social constructionist movement has been in prominence in the international psychological literature in the last decade and it is now rising in Brazil. The objective of this text is to describe the multiple meanings of the constructionist invitation through the histories of its origin, its contributions and the main tensions and debates produced. Considering a set of critics to scientific practice, constructionist's proposals emphasize the historical and cultural specificities of our ways of knowing the world, the primacy of human relationships in the production and maintenance of knowledge, the link betweeen knowledge and activity and the valorization of a reflexive and critical stance. These proposals invite a culturally sensitive scientific practice that promotes the enhancement of our relational vocabularies. Key-words: social constructionism; science; Psychology; theory.O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura internacional em Psicologia na última década e encontra seus primeiros passos no Brasil (Spink, 1999;Grandesso, 2000;Rasera & Japur, 2001, 2003. Buscando contribuir com a difusão da perspectiva construcionista no Brasil, o objetivo deste texto é descrever os múltiplos sentidos do convite construcionista, apresentando as histórias da origem deste movimento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos relativos às propostas construcionistas. Histórias da origemA tentativa de definir o que vem a ser o construcionismo social tal como presente na literatura em Psicologia é uma tarefa difícil, seja pelas questões envolvidas, seja pela crescente produção que tem ocorrido. É possível tentar iniciar esta tarefa afirmando que não há uma definição única, amplamente
Open support groups for persons living with HIV/AIDS: the construction of its homogeneity. There is a debate in the literature regarding the homogeneity in the composition of the groups for persons with HIV/AIDS, according to stages of the disease, infection forms, and the participants' sex. This study, based on a constructionist conception of the therapy and of the production of the knowledge, sought analyzing how the senses on the seropositivity and the support were negotiated in a session of a support group oriented to this population. We observed that the homogeneity and the support, before being a priori categories used to organize the group, are actively built in and through the group setting by its participants. Ethical and methodological implications of this analysis point to the recognition of the social-historical conditions for the construction of the senses of the seropositivity and of the hegemony of some of its descriptions.
Novos discursos no contexto do Sistema Único de Saúde têm demandado um olhar crítico sobre o autocuidado. Este é um estudo de caráter qualitativo baseado teórico-metodologicamente no construcionismo social. O objetivo foi descrever sentidos de autocuidado produzidos em grupos comunitários num contexto da Estratégia de Saúde da Família. A coleta de dados se deu durante o ano de 2001, totalizando 28 participantes na faixa etária de 50 anos, aproximadamente. As conversas foram gravadas, transcritas e analisadas dando visibilidade às versões de autocuidado. A análise dos dados, utilizando o referencial do construcionismo social, permitiu ampliar os sentidos de autocuidado em referência à adesão ao tratamento, favorecendo uma reflexão sobre sua complexidade e as necessidades mais amplas que vão além da adesão a um medicamento prescrito. Diálogo e foco na relação são apresentados como recursos transformativos das práticas de cuidado e autocuidado, possibilitando a construção de ações numa perspectiva mais integral e co-responsável.
O conceito de self tem sido central nas teorias da psicologia clínica, sendo difícil encontrar, neste campo, estudos que prescindam desta noção. Contudo, alguns teóricos têm questionado concepções mais conhecidas de self, apontando seu caráter construído e situado. Neste artigo, apresentamos o modo como o self tem sido descrito em algumas propostas psicanalíticas e construcionistas sociais, visando a construção de algumas diferenças entre elas. Buscamos, assim, favorecer uma aproximação de estudiosos da área clínica com o construcionismo social, entendendo que esta abordagem favorece uma reflexão sobre o próprio processo de produção de conhecimento sobre o mundo e sobre o self.
Nos últimos anos, o construcionismo social influenciou a construção de diferentes propostas terapêuticas. Buscando compreender de que forma as proposições construcionistas se encontram presentes no campo da terapia e como dão sustentação teórica a determinadas práticas psicoterápicas, este estudo analisou as propostas da terapia narrativa de White e Epston, da abordagem colaborativa de Harlene Anderson e dos processos reflexivos de Tom Andersen. Esta análise apontou para como estão presentes, de diferentes formas: a) a ênfase nos significados trazidos pelos clientes, b) a análise dos relacionamentos, c) o foco na potencialidade dos clientes e d) na terapia como co-construção, em consonância com as proposições construcionistas. Ao mesmo tempo, ressaltou a necessidade de reflexão sobre o caráter restrito da concepção de "social" e a sustentação de vocabulários modernos sobre o self. Esta análise convida a considerarmos tais propostas para além de uma perspectiva técnica, redimensionando-as como uma opção discursiva.
Resumo O construcionismo social tem sido proposto como um conjunto de elaborações da crise paradigmática que tem sofrido as ciências nas últimas décadas. A complexidade e riqueza de tais elaborações dificultam uma descrição única e consensualmente aceita sobre o construcionismo social. Neste artigo temos como objetivo explorar as propostas de Kenneth J. Gergen e Rom Harré acerca do construcionismo social, seus pressupostos, a visão de ciência promovida por cada uma delas, buscando compreender as implicações para a construção de suas descrições de self. Se é possível identificarmos diversas semelhanças nas propostas destes autores, algumas diferenças significativas marcam a distinção de suas posturas, e servem para mapear o campo de tensões no qual outros autores construcionistas buscam ativamente se posicionar.
ResumoEsse artigo tem por objetivo apresentar algumas contribuições do construcionismo social e da poética social ao entendimento da psicoterapia de grupo e de sua investigação científica. O construcionismo social se define como uma forma alternativa de inteligibilidade em ciência, que privilegia a compreensão do modo como as pessoas constroem sentidos sobre o mundo e sobre si mesmas em suas práticas discursivas. Coerente com essa perspectiva, a poética social caracteriza uma prática de pesquisa útil à investigação dos processos conversacionais, enfatizando a centralidade do pesquisador na construção de sentidos sobre seu objeto de estudo. Nesse artigo, buscamos demonstrar como estas perspectivas podem sustentar uma prática sistemática de pesquisa sobre a psicoterapia de grupo. Para tanto, apresenta os passos metodológicos desenvolvidos em um estudo acerca de um grupo em saúde mental, demonstrando como esses permitiram compreender o processo conversacional por meio do qual o próprio grupo se constituiu como um recurso terapêutico. Palavras-chave: construcionismo social; psicoterapia de grupo; metodologia AbstractContributions of social poesis to group psychotherapy research. The objective of this article is to describe some contributions of social constructionism and social poesis in the description of group psychotherapy and its scientific investigation. Social constructionism is an alternative form of intelligibility in science, which focuses on the comprehension of the way people make sense of the world and of themselves in their discursive practices. Concurrent with this perspective, social poesis can be described as a research practice that is useful in investigating the conversational processes, emphasizing the centrality of the researcher in the construction of meanings about its object of study. In this article, we aim to describe how these perspectives can sustain a systematic research practice of group psychotherapy. Thus, we describe some methodological steps developed in a study about a group in a mental health setting, showing how they helped us to comprehend the conversational process through which the group was constructed as a therapeutic resource.Keywords: social constructionism; group psychotherapy; methodology E mbora a psicoterapia de grupo tenha sido proposta como uma alternativa às práticas tradicionais de atendimento (terapias individuais e de longa duração), enfatizando os processos interativos e favorecendo práticas mais abrangentes e inclusivas em Saúde Mental, as teorizações que sustentam sua prática são, em grande medida, marcadas por descrições universalizantes sobre seu processo (Bion, 1975;Mailhiot, 1991;Pichón-Rivière, 1982), seus fatores terapêuticos (Vinogradov & Yalom, 1992) e suas formas de composição e classificação (Dies, 1992;Klein, 1996;Salvendy, 1996; Zimmerman, 1997). Desse modo, a terapia de grupo vem sendo pensada mais em função de seus aspectos universais, do que pela especificidade dos relacionamentos e trocas conversacionais que nela ocorrem.Apesar das críticas já p...
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.