Este artigo discute a gênese da historiografia brasileira sobre a guerra do Paraguai em três momentos: primeiro, a instauração inicial de historiografia nacional-patriótica, inicialmente escrita sobretudo por oficiais brasileiros que participaram do conflito. Segundo, revisão da historiografia liberal-patriótica sobre a guerra, no Paraguai, Argentina e, finalmente, Brasil, com destaque para o trabalho de J.J. Chiavenatto. Terceiro, no contexto da maré neoliberal dos anos 1980, o processo de restauração das interpretações nacional-patrióticas brasileiras, apoiada sobretudo nos lapsos da obra de Chiavenatto.
Em memória do mestre José Capela "A idealização da escravidão, a idéia romântica da suavidade da escravidão no Brasil, o retrato do escravo fiel e do senhor benevolente e amigo do escravo, que acabaram por prevalecer na literatura e na história, foram alguns dos mitos forjados pelas sociedade escravista na defesa do sistema de que não julgava prescindir." Emília Votti da Costa Da senzala à colônia, p. 270. Resumo: Traduzido ao português, em 1982, Ser escravo no Brasil, de Kátia de Queirós Mattoso, apresentou síntese da escravidão no Brasil, do aprisionamento do cativo na África até sua eventual libertação, no Brasil, pela alforria e pela Abolição. Seguindo as grandes teses de Gilberto Freyre, de 1933-36, o livro restringiu a resistência ao cativo incapaz de adaptar-se à sociedade brasileira paternalista, que lhe prometia mesa farta, pouco trabalho e raramente castigo. O trabalho deslocava a resistência-oposição pela integração consensual entre exploradores e explorados que teria garantido a paz social no país. O presente artigo ensaia crítica geral sumária a esse trabalho clássico, de ampla influência em nossa historiografia especializada. Palavras-chave: Escravidão; Resistência servil; Historiografia 1 Agradecemos as leituras da linguista Florence Carboni, do PPGL da UFRGS, e do historiador Théo L. Piñeiro. 2 Mário Maestri, 67, doutor pela UCL, Bélgica, é professor titular do PPGH da UPF.
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