“…Embora a natureza das relações de produção prevalentes no Paraguai antes da Guerra da Tríplice Aliança seja um tema polêmico, no país e no exterior (Pastore, 1972;Rivarola, 2010;White, 1984;Pomer, 1981;Chiavenatto, 1988;Doratiotto, 2002;Maestri, 2009), prevalece entre os estudiosos da questão agrária uma leitura segundo a qual a guerra alterou drasticamente as relações de produção vigentes, assentadas em modos de vida de orientação camponesa, em uma circunstância em que predominava a propriedade estatal da terra e não havia uma oligarquia vinculada ao latifúndio -caso singular no continente. Segundo este enfoque, o desenlace da guerra abortou o percurso relativamente autônomo de formação do Estado paraguaio, que foi então incorporado à esfera de influência de seus vizinhos, principalmente da Argentina, por meio de uma conversão de sentido mercantil do uso da terra, que lastreou a formação de uma classe dirigente análoga à de outros países da região, além da massiva aquisição de terras por estrangeiros (Fogel, 1998;Fogel, 2006;Rojas, 2009;BASE IS, 2010;Alderete & Navarro Ibarra, 2009;Palau, 2012).…”