A presente pesquisa teve por objetivo analisar criticamente a produção científica sobre trabalho e turismo dos principais periódicos brasileiros de Turismo, a partir dos títulos, resumos e palavras-chave dos textos selecionados. Se por um lado observa-se uma desarticulação histórica da academia para consolidação de conceitos, categorias e espaços de discussão para esse tema, por outro, ele aparece com urgência na realidade e vem sendo abordado com destaque nos últimos tempos. A metodologia utilizada consistiu de uma revisão sistemática da literatura sobre os temas “trabalho no turismo” e “trabalhadores do turismo”, tendo como parâmetros pesquisas publicadas, entre 2016 e 2020, em periódicos científicos brasileiros da área do Turismo classificados pelo Qualis Capes 2013-2016 entre as categorias A1 e B5. Foi realizada a leitura interpretativa e crítica de 2388 resumos no total. Como resultados, 117 abordavam turismo e trabalho, o que representa 5% da produção total – e esse número inclui toda pesquisa que tenha abordado alguma questão sobre trabalho e turismo, ainda que não como objetivo principal. Os textos analisados demonstraram que muitas pesquisas ignoram os temas “trabalho” e “trabalhadores”, mesmo quando se propõem a analisar diferentes agentes sociais (stakeholders, instâncias de governança, redes) ou aspectos fundamentalmente ligados aos trabalhadores (como serviços, hospitalidade, produtos). Entretanto, as pesquisas que abordam “trabalho” e “trabalhadores” apresentam ampla diversidade de temas de pesquisa e de categorias profissionais contempladas – confirmando a complexidade e relevância dessa subárea de pesquisa. Assim, esperamos que a presente pesquisa seja um primeiro passo para caracterizar e consolidar a subárea Turismo e Trabalho.
A pandemia da Covid-19 agravou as condições precárias de trabalho, já em curso, e acentuou a exploração dos trabalhadores a partir de novas configurações do labor, como o home office, a transformação do lar em ambiente de trabalho, a intensificação e flexibilização das jornadas e a perda de direitos sociais. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo analisar as condições de trabalho em casa durante a pandemia da Covid-19 a partir do discurso do sujeito coletivo dos trabalhadores do setor de agenciamento de viagens. Para tanto, o percurso teórico-metodológico foi norteado pelo método da complexidade, contemplando pesquisa bibliográfica, entrevistas virtuais para coleta de dados e aplicação do Discurso do Sujeito Coletivo e da Análise de Discurso. Como resultados, observou-se percepções contraditórias e complementares dos trabalhadores quanto às suas condições de trabalho durante a pandemia, destacando-se: redução salarial significativa; desproteção à saúde do trabalhador; e migração ao modelo de trabalho em casa sem garantia dos recursos adequados. Dessa forma, torna-se evidente a precarização das condições de trabalho e o esfacelamento dos direitos sociais trabalhistas.
A imposição de isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19 desencadeou a suspensão das aulas presenciais em toda rede pública e privada de ensino no Brasil. Com isso, docentes de instituições privadas de cursos superiores presenciais de turismo se depararam com a realidade de lecionar longe da convencional sala de aula, tendo que transpor o planejamento pedagógico pautado no ensino presencial para o ensino remoto. Perante essa conjuntura, o objetivo geral desta pesquisa foi investigar as experiências desses docentes devido à implementação do ensino remoto. Quanto aos procedimentos metodológicos, adotou-se a abordagem qualitativa, tendo como instrumento de coleta de dados entrevistas semiestruturadas online com docentes de cursos presenciais de bacharelado em turismo de instituições privadas no estado do Rio de Janeiro, no período de 21 a 28 de maio de 2020. A sistematização e análise de dados ocorreu baseada na pesquisa de Estrada-Villa (2014), concomitantemente ao uso dos pressupostos de análise categorial-temática de Bardin (2011). Como resultados, identificou-se oito categorias: (1) atitude e interesse; (2) características dos estudantes; (3) política da Instituição de Ensino Superior; (4) ferramentas e recursos tecnológicos; (5) treinamento; (6) capacitação docente; (7) ambiente de trabalho e trabalho de reprodução social; (8) condições físicas e psicológicas. Logo, o ensino remoto não apenas expôs o problema da desigualdade ao acesso à tecnologia digital, mas também vários outros problemas que atingem tanto docentes quanto discentes: ambiência para estudos; saúde mental-psicológica; e falta de políticas públicas direcionadas à primeira infância para auxiliar mães e pais docentes. Palavras-chave: Covid-19. Trabalho Docente. Ensino Remoto. Turismo.
A cidade do Rio de Janeiro passou por processos de reestruturação urbana em recortes espaciais específicos devido aos Jogos Olímpicos de 2016. Dentre eles, destaca-se, por sua centralidade e pelas questões socioespaciais envolvidas, a Operação Urbana Porto Maravilha, que teve entre suas finalidades o fomento à prática do turismo na Zona Portuária, especificamente nos bairros da Gamboa e da Saúde. Esta pesquisa teve como objetivo investigar as percepções dos moradores dos referidos bairros a respeito das alterações ocorridas no seu espaço vivido em decorrência daquele recente processo de turistificação. Para tal propósito, realizou-se: (1) levantamento bibliográfico; (2) pesquisa exploratória; (3) pesquisa documental em mapas e guias turísticos da cidade do Rio de Janeiro; (4) aplicação do Discurso do Sujeito Coletivo; (5) análise e discussão dos resultados obtidos. Foram entrevistados 41 moradores com tempo de moradia de pelo menos 20 anos nesses bairros. Como resultados, identificou-se que os moradores têm percepções distintas sobre o seu espaço de vida, a Operação Urbana Porto Maravilha e a prática do turismo. As contribuições desta pesquisa colaboram para a discussão sobre os grandes projetos urbanos e a prática do turismo, a partir das vozes dos moradores.
econômica e a hospitalidade relacionada à hospedagem e demais atividades alimentares e culturais do espaço Raízes do Brasil expressam premissas próprias das economias populares desenvolvidas pelos movimentos sociais, como estratégias de reciprocidade, solidariedade e trabalho coletivo. Além disso, há uma flexibilização na relação hóspede e empreendimento, uma vez que a dinâmica da hospedagem incorpora práticas de autogestão, para o funcionamento do espaço. Em relação a prática da hospitalidade observou-se que não ocorre a partir de uma hospitalidade encenada e comercial. Nesse sentido, considera-se as atividades propostas pelo Espaço Raízes do Brasil para além de um mero equipamento extra hoteleiro, pois a hospitalidade e o acolhimento nos serviços de alimentação e hospedagem fazem deste um espaço um lugar de compartilhamento e troca de vivências e experiências entre o anfitrião e o "hóspede".Palavras-chave: Espaço Raízes do Brasil, economia popular, hospitalidade, turismo de experiência.
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