RESUMO Este artigo apresenta, discute e exemplifica os rumos da pesquisa funcionalista em sua orientação mais recente, no diálogo com os estudos cognitivistas. Fruto dessa interrelação, destaca-se a abordagem construcional da gramática, na ênfase do pareamento função x forma que marca as expressões linguísticas. Além de apontar os ganhos teórico-metodológicos que tal diálogo tem trazido no âmbito do Funcionalismo, o artigo faz referência também às especificidades de ambas as vertentes teóricas e aos ajustes necessários a fim de que possam ser desenvolvidas pesquisas nessa interface. O tratamento da gramática em perspectiva holística e o rigor na detecção de propriedades de sentido e estrutura que marcam os usos linguísticos são considerados vieses positivos e promissores da pesquisa funcionalista de abordagem construcional.
Nas pesquisas funcionalistas mais recentes nota-se uma orientação cada vez mais acentuada para a investigação histórica dos fatos lingüísticos, associada à descrição sincrônica. A interação/interdependência sincronia/diacronia é fundamental na compreensão do processo de gramaticalização. Além do exame sincrônico das formas gramaticais como um fenômeno discursivo-pragmático, primariamente sintático, cabe também investigar a origem dessas formas no discurso e as trajetórias de mudança por que passam. Estudos sobre a trajetória e configuração atual de itens como `onde' e `ir', ou de processos como integração sintática por encaixamento, ou de processos como repetição e negação, atestam as vantagens dessa interação, que resulta na abordagem pancrônica.
Livro resenhado:LONGHIN, Sanderléia Roberta. Tradições discursivas – conceito, história e aquisição. Série Leituras introdutórias em linguística – volume 4. São Paulo: Cortez, 2014. 132
<p>Neste artigo, com base na Linguística Funcional Centrada no Uso, nos termos de Traugott e Trousdale (2013) e Bybee (2010; 2015), entre outros, investigamos o afixoide <em>lá </em>como subparte de três construções instanciadas no português brasileiro: a conectora textual (<em>lá vai, lá está</em>), a marcadora discursiva (<em>vamos lá, olhe lá</em>) e a intensificadora de grau (<em>para lá de bonita, para lá de charmoso</em>)<strong>. </strong>Defendemos que o uso de <em>lá </em>nos três esquemas é motivado por inferências negociadas entre os interlocutores, a partir de propriedades do locativo, atinentes ao tipo de espacialização perspectivizada, no apontamento para lugar mais distante e vago em relação aos interlocutores, e às estratégias de (inter)subjetificação articuladas.</p>
Resumo: Investigação dos padrões de uso das expressões daqui vem e daí vem, entendidas como instanciações da construção LOC+SV. A pesquisa é de caráter qualitativo, baseando-se em corpora referentes ao séc. XX e início do séc. XXI. A pesquisa fundamenta-se na linguística funcional, nos termos de Bybee (2010), Heine & Kuteva (2007) e Traugott & Dasher (2005, entre outros, com base no processo de gramaticalização e nos mecanismos de extensão metafórica e metonímica, bem como na abordagem cognitiva da Gramática de Construção, mormente nos termos de Croft (2001). Examina-se o processo de vinculação de sentido e forma que dá origem às expressões aludidas no português do Brasil, promovendo a análise interpretativa das suas motivações discursivo-pragmáticas. Palavras-chave: Linguística funcional; gramática de construções; gramaticalização; locativos.Abstract: Analysis of patterns of use of the expressions daqui vem ("from here comes") and daí vem ("from there comes") as instantiations of the construction LOC + VP. The research is a qualitative one, based on corpora for the 20th century and early 21st. This research is based on the functional linguistics, according * Universidade Federal Fluminense/CNPq/Faperj. ** Universidade Federal Fluminense.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.