ResumoO conceito de Promoção da Saúde vem sendo trabalhado por diferentes atores sociais ao longo dos últimos vinte anos e publicações teóricas e pesquisas têm contribuído para proceder à delimitação dos conceitos e práticas nesta área; em alguns casos, partindo de um ponto de vista crítico com relação ao seu arcabouço teórico-conceitual. Este artigo analisa o discurso sanitário contemporâneo no contexto das políticas de promoção da saúde; identificando essas políticas como estratégias reguladas, sobretudo, pela manutenção do projeto biopolítico de controle social dos corpos. Reconhecemos, então, o atual discurso da Promoção da Saúde como um dispositivo de regulação da vida que se define, de certo modo, pela continuidade do projeto biopolítico moderno tal como descrito por Foucault. Porém, mais do que isso, a promoção da saúde apresenta-se como uma forma de controle e regulação dos corpos através de uma inflexão sobre a responsabilidade individual na administração da vida. Desta forma, o discurso da promoção da saúde ajusta-se à perspectiva das doutrinas do fim do Estado de Bem-Estar Social; constituindo-se como um projeto de autonomização dos indivíduos através da atribuição de responsabilidade sobre seus próprios cuidados. Nosso olhar sobre o quadro conceitual da promoção da saúde busca, assim, inserir-se no atual debate travado no campo da saúde coletiva, sublinhando as transformações nas concepções de saúde e doença, seu compromisso com o fim do Estado de proteção e seus efeitos nas sociabilidades.
This article analyses the National Health Promotion Policy discourse and the conception of autonomy in this document, raising questions about its social effects, especially in what concerns the individual responsibility towards health care. The official document was examined and three main ideas were defined for its analysis: individual responsibility; focus on personal choices and everyday habits; subjectification processes. We consider that the discourse of promotional health determines a standardization of life styles that are considered to be healthy, highlighting the responsibility of each individual of preserving their personal health. Such object is justified because it is essential to reflect on how the health care models are formulated, that power relations they are at the service and what are the discursive production processes that allow the enunciation of a given model of public health policy. We intend to contribute with this research to the debate within the public health field, regarding the conceptual formulations under the Health Promotion, to propose reflections aimed to transform the way they think and intervene in Brazilian population's health.
Este estudo teórico tem como objetivo interrogar sobre os deslocamentos no lugar do mal estar no contexto das transformações em curso na pós-modernidade. Pretendemos, deste modo, explorar as nuances que marcam novos arranjos no cenário pós-moderno, que correspondem à hegemonia da técnica sobre a ciência, ao avanço do paradigma cibernético e à ênfase no pragmatismo e no utilitarismo como horizontes filosóficos atuais. Perguntar sobre o lugar do mal estar se justifica na medida em que parece ser um bom indicativo da subjetividade de uma época. Voltamo-nos para a análise dos discursos que enaltecem a ideia de superação de todos os limites que se apresentem como obstáculos ao alcance de um estado de felicidade plena, atribuindo consequentemente à experiência de mal estar um sentido de negatividade. Afinal, numa cultura cujos valores giram em torno da velocidade, do desempenho, da produtividade, da eficiência, da utilidade, qual seria o lugar do sofrimento?
Resumo Este estudo teórico pretende analisar o lugar do sofrimento no discurso da medicina biotecnológica contemporânea. Para isso, recuperamos historicamente o processo de construção dos diferentes modos de compreender o sofrimento, analisando o olhar sobre o sofrimento inaugurado pelo discurso médico. Em seguida buscamos compreender as transformações operadas no discurso da medicina anatomopatológica moderna em direção ao que denominamos de medicina biotecnológica. Nessa passagem observamos mudanças no modo de compreender o sofrimento, que devem ser examinadas tomando como referência o contexto de transformações mais amplas em curso na pós-modernidade. É neste contexto que exalta valores ligados à eficiência, produtividade efelicidade que o sofrimento passa a ser visto como uma patologia a ser corrigida. Com efeito, um processo de contínua expansão dos diagnósticos vem trazendo para o campo da psicopatologia comportamentos comuns e estados subjetivos quenão eram concebidos como doença.
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