RESUMO A comunicação trata do livro de 1991 de Albert O. Hirschman, Retórica da reação: perversidade, futilidade, risco, mostrando sua importância em relação ao debate contemporâneo sobre as possibilidades do estado de bem-estar social. A tese de Hirschman é que a crítica conservadora contemporânea ao estado de bem-estar é um renascimento da tese que já havia sido discutida antes de se opor à expansão dos direitos civis e políticos. Do mesmo modo que esses direitos, os direitos sociais contemporâneos: (i) produzem o contrário do que é o desejo dos formuladores de políticas; (ii) não produzem efeito algum; (iii) custam muito, comprometendo a democracia ou o crescimento econômico. Perversidade, futilidade e risco são os principais atributos da ação, segundo a visão conservadora; é por isso que sua proposta é tão reacionária. Por isso, considerando também o perigo da ação, seu sucesso repousa na sua competência de persuadir a história de não permitir que nada seja feito ou criado. A política é apenas um caso de habilidades administrativas.
Em 1923, Monteiro Lobato escreveu uma novela intitulada O presidente negro, na qual contava a história de um cientista que havia desenvolvido uma máquina do tempo. Isso lhe permitiu conhecer detalhadamente a vida política norte-americana nas três décadas iniciais do século XXI, culminando na eleição, em 2223, do 87º presidente dos EUA. Eram então irreconciliáveis as posições de brancos e negros diante da política eugenista do Ministério da Seleção Natural. Formaram os negros um partido político que advogava à sua raça o Sul do país, dando aos brancos o Norte. A questão em 2223, todavia, era a difusão, entre as mulheres brancas, de uma crença que as levara a formar seu próprio partido. Elas * Agradeço a Elisa Reis, Isabel R. de Oliveira, José Tavares de Araújo Ir., Maria Lúcia Wemeck, Ricardo Tolipan e Sergio Góes de Paula, o tempo que dedicaram a conversar sobre as questões aqui abordadas.
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