O livro A Família em Desordem, da historiadora e psicanalista Elizabeth Roudinesco, constitui uma das mais positivas contribuições para o estudo das famílias no mundo contemporâneo. A tese da autora é de que não obstante todas as "desordens", que vão da perda do poder paterno aos casais homossexuais, a instituição familiar vem sobrevivendo mais bem do que mal. Segundo ela, a família é atualmente reivindicada como o "único valor seguro ao qual ninguém quer renunciar", independentemente da idade, sexo, orientações sexuais ou classe social. Esse anseio pela família leva com que os rearranjos, frutos da "família em desordem" demandem por novos direitos que alteram os pressupostos tradicionais sobre o tema.
ResumoMariza Côrrea, como a seleção de textos com os quais apresento algumas das dimensões de seus feminismos pretende comprovar, alargou as perspectivas de análise da antropologia e do próprio feminismo. A profundidade de sua visão e abrangência de seus temas de interesse, sua incrível perspicácia e capacidade de aprofundamento das questões fazem dela uma leitura obrigatória. Extremamente sensível às complexas estruturas dos sistemas de dominação e suas estratégias, Mariza sempre foi alerta com respeito a quaisquer formas de biologização das diferenças sociais em nome do racismo, do machismo e da homofobia. Sua compreensão de que o feminismo deveria ser uma ação militante e não a cristalização das mulheres no papel de vítima indefesa; sua enorme capacidade de leitura e sua criatividade fizeram dela uma interlocutora privilegiada.Palavras-chave: Feminismos, Militância, Estudos de Gênero. Recebido em 28 de abril de 2018, aceito em 25 de outubro de 2018. AbstractMariza Côrrea broadened the perspectives of anthropological analysis and of feminism itself, as the selection of articles with which I present some of the dimensions of her feminisms intends to reveal. The depth of her vision and scope of her themes of interest, her incredible insight and capacity to deepen issues, have made her work required reading. Extremely sensitive to the complex structures of the systems of domination and their strategies, Mariza was always alert towards any forms of biologicalization of social differences in the name of racism, machismo and homophobia. Her understanding that feminism should be a militant action and not the crystallization of women in the role of helpless victims; her enormous capacity for reading and her creativity made her a special interlocutor.
Em minhas pesquisas sobre o tema da memória política privilegiando os participantes da resistência armada no Brasil, foi possível detectar diferenças marcantes nas narrativas autobiográficas sobre os anos de militância política. Não obstante as dificuldades das generalizações para experiências tão extremas, três questões se mostraram decisivas. A primeira delas refere-se às diferenças de gênero; a segunda ao grau de violência sofrida a terceira e, talvez mais importante, à posição subjetiva de sujeito ativo versus a posição da vítima. Portanto, o que é possível lembrar depende muito das condições e posições subjetivas do sujeito.¹
<span>A atual proliferação de grupos e ativistas feministas em vários países da América do Sul demonstra o vigor das reivindicações das mulheres na cena política, quer seja em manifestações de rua; nos movimentos estudantis, LGBTs; na luta antirracista.<strong> </strong>Este artigo parte da hipótese de que, não obstante a importância indiscutível das reivindicações e lutas do século XIX, a verdade é que somente no século XX que o feminismo colocou-se como movimento social com um projeto de transformações da sociedade. É na segunda metade do século XX, no período da pós guerra mundial, que as feministas elaboraram suas teorias contra o biologismo das ciências sociais e contra o androcentrismo acadêmico.<strong> </strong>Nos países do Cone Sul, que sofreram anos de ditaduras militares, os movimentos de mulheres tiveram uma importância crucial na denúncia dos crimes das ditaduras e no processo de reconstrução da democracia. Não obstante sua concordância em temas fundamentais, as feministas podem ser agrupadas em dois blocos no que concerne à questão do capitalismo. O feminismo político privilegia uma perspectiva da contradição de classes e da necessária superação do capitalismo. Ao mesmo tempo enfatizam a tese de que é a partir das suas lutas, enquanto trabalhadoras exploradas; enquanto vítimas da violência sexual; enquanto oprimidas por duas ou mais jornadas de trabalho que as mulheres conseguiram sua emancipação.</span>
In the early twentieth century, Brazil depended on coffee exports, its slave regime had just been abolished, and most of its inhabitants lived in the countryside. The Catholic Church exercised the moral direction of society, and White landowners virtually established the rules of sociability and controlled economic and political life. A woman’s social position was fundamentally determined according to their social class. Wealthy and White middle-class women had access to some form of education, and when they left the family home, it was to marry and raise a family, being completely dependent on their husbands, with no political rights, and only allowed to work upon marital authorization. With rapid urbanization, wretched working conditions, as either a domestic servant or a textile worker (the two female labor niches), worsened the lives of poor women in the city. Access to education, the struggle for labor rights, and the right to vote were the pillars of the long women’s emancipation process that was in progress. In 1964 a military coup plunged Brazil into a long dictatorship that only ended in 1985 with the return of democratic institutions and the election of a civil president. The conquest of democracy was made with the broad participation of the various women’s groups and movements, especially the feminist movements.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.