RESUMO: Este artigo analisa os processos de socialização política e politização vivenciados por famílias engajadas no MTST com ênfase sobre o papel da família na aquisição de valores; a ressignificação de valores e atitudes em função de determinadas experiências individuais e/ou conjunturas econômicas e políticas, e os processos de ressocialização vivenciados no engajamento político. Os dados foram coletados por meio de entrevistas de caráter biográfico, observações e conversas informais, e indicam que os entrevistados realizaram, ao longo de suas trajetórias, "negociações" e "acomodações" entre os valores familiares e aqueles adquiridos na militância, o que resulta em um quadro que integra valores das classes populares e alguns princípios do ideário socialista.Palavras-chave: Socialização. Socialização política. Politização. Classes populares. Movimento dos Trabalhadores sem Teto. Political socialization and politicization between families of the Homeless Workers Movement (MTST)ABSTRACT: This paper analyzes the political processes of socialization and politicization experienced by families engaged in MTST (Homeless Workers Movement, in English) with emphasis on the family's role in the acquisition of values; the re-signification of values and attitudes according to certain individual experiences and/or economic and political circumstances; the re-socialization processes experienced in political engagement. The data were collected through biographical interviews, observations and informal conversations, and indicate that the respondents held over their careers *O artigo se baseia em dados coletados na pesquisa de doutoramento de Hamilton H. de Carvalho-Silva, intitulada Educação e práticas políticas entre mulheres militantes: o caso do MTST (CAPES), sob orientação da Prof.a Kimi Tomizaki, e no âmbito do projeto de extensão "A dimensão educativa da luta pela moradia", coordenado pela Prof.ª Kimi Tomizaki e sediado no Condomínio João Cân-dido/Taboão da Serra/SP (financiamento Pró-reitorias de Extensão e Graduação da USP).
Este artigo, que se insere no campo da Sociologia da Educação e das Gerações, tem por objetivo discutir a experiência juvenil em um bairro popular de São Bernardo do Campo, fortemente afetado pelas transformações ocorridas no mercado de trabalho na região do ABC Paulista. A metodologia utilizada foi essencialmente qualitativa, desenvolvida por meio de observações de campo e entrevistas de caráter biográfico, realizadas com membros das famílias (pais e filhos) e diferentes lideranças do bairro. Concluímos que a socialização desses jovens foi fortemente voltada para o trabalho, sobretudo o “ideal do trabalho metalúrgico”, o que influenciou seus investimentos educacionais e o modo como eles e suas famílias concebem seus projetos de futuro.
RESUMO Apresentamos, neste artigo, uma discussão de caráter eminentemente teórico, com implicações metodológicas, a respeito da formação e da transformação de opiniões, comportamentos e atitudes políticas a partir dos processos de transmissão e herança de posições sociais, ao longo do curso da vida. Assim, os comportamentos políticos, constituídos em função de múltiplas variáveis, seriam também determinados pela realização ou frustração de projetos intergeracionais de transmissão e herança de posições sociais, o que é vivenciado de modo diverso nas diferentes etapas da vida. Para tanto, apoiamos-nos em uma discussão com autores(as) franceses(as), em especial, Pierre Bourdieu, Annick Percheron e Anne Muxel, bem como no diálogo com a produção bibliográfica brasileira da última década sobre o tema.
Educação e Comportamento PolíticoO debate em torno da formação e da transformação dos comportamentos políticos de indivíduos e grupos na última década, no Brasil e no mundo, passa necessariamente pela consideração de dois fenômenos centrais: o aprofundamento das desigualdades sociais e econômicas, que distanciou ainda mais os ricos e os mais pobres e miseráveis; e a ampliação dos ataques aos regimes democráticos, materializados no crescimento de grupos, organizações e partidos ultraconservadores e de extrema direita. Em alguma medida, esses dois fenômenos se relacionam, sobretudo no que diz respeito à capacidade e/ou às limitações de os governos democráticos oferecerem soluções eficientes para diferentes demandas da sociedade, como a criação de emprego e a diminuição da pobreza, a oferta de educação e saúde, o acesso a moradia e qualidade de vida, a proteção do meio ambiente, o combate à violência e ao crime organizado e a garantia dos direitos das minorias e da liberdade religiosa. No entanto, é importante destacar que, embora a avaliação dos cidadãos sobre a qualidade do funcionamento das instituições democráticas tenha grande relevância, não é possível explicar a adesão ou a rejeição aos valores e ritos democráticos somente por essa dimensão, visto que variáveis como escolaridade, posição social, renda, sexo, categoria profissional, assim como acontecimentos políticos e econômicos nacionais ou locais também constituem dimensões imprescindíveis para a compreensão do modo como as pessoas percebem e reagem aos acontecimentos políticos.Nesse sentido, em primeiro lugar, vale a pena destacar as diferentes dimensões desse fenômeno que, de acordo com Bréchon (2006), poderiam ser assim divididas: 1) opiniões políticas estão relacionadas às ideias, como afirmações ou comentários sobre um dado assunto ou uma tomada de posição sobre um debate em curso na sociedade; 2) comportamentos políticos, por sua vez, referem-se a atos relacionados à política, como o voto ou a participação em determinados movimentos; e, finalmente, 3) atitudes políticas referem-se a uma disposição mais geral, perene e profunda do que as duas dimensões anteriores, constituindo um conjunto de orientações e disposições interiorizadas pelos indivíduos ao longo de suas trajetórias, que sustentam ou embasam suas opiniões e comportamentos. O desafio para a compreensão dessas distintas dimensões dos modos como as pessoas se relacionam com a política se expressa, sobretudo, pela necessidade de estudos que considerem, de um lado, os processos de formação e as características dos sistemas de crenças interiorizados ao longo das etapas da vida em diferentes instâncias socializadoras; e, de outro, os efeitos produzidos por horizontes de expectativas (mais ou menos alargados ou estreitados) em períodos históricos específicos, em função de uma dada organização econômica, política e social.Contudo, que mecanismos concretos (e passíveis de serem observados e analisados) poderiam, enfim, explicar o complexo processo de formação das opiniões, comportamentos e atitudes p...
RESUMO Apresentamos, neste artigo, uma discussão de caráter eminentemente teórico, com implicações metodológicas, a respeito da formação e da transformação de opiniões, comportamentos e atitudes políticas a partir dos processos de transmissão e herança de posições sociais, ao longo do curso da vida. Assim, os comportamentos políticos, constituídos em função de múltiplas variáveis, seriam também determinados pela realização ou frustração de projetos intergeracionais de transmissão e herança de posições sociais, o que é vivenciado de modo diverso nas diferentes etapas da vida. Para tanto, apoiamos-nos em uma discussão com autores(as) franceses(as), em especial, Pierre Bourdieu, Annick Percheron e Anne Muxel, bem como no diálogo com a produção bibliográfica brasileira da última década sobre o tema.
Keeping and telling secrets are acts of intimacy. This article explores secret-telling-friendly methodologies, capable of encouraging individuals to share their life stories in their own terms, with particular episodes, emotional connections, protagonists, and also secrets. The openness of our research design played an important part in the identification of the role of secret-storytelling in the understanding of life. This was enhanced by methodological tools mobilized during the biographical interviews with individuals of families (the life calendar and the socio-genealogical tree). It testifies the importance of the research design, and method lato sensu, in the sociological analysis of secrets. Each secret connects to the person’s biography, social positioning, historical context, and generational anchor, contributing to understand more about wider social, gender, family, interpersonal, and normative values of given time-space coordinates. Secrets are narrative and emotional devices to build biographical narratives and chronologize life stories, bridging biography and society, exemplarily.
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