ResumoO objetivo deste artigo é o de seguir a história de Ambriz entre as décadas de 1840 e 1870, a fim de iluminar as questões de ordem política e econômica que mediavam as relações com o poder colonial baseado em Luanda, bem como revelar as características do comércio feito pelas sociedades africanas, especialmente por aquelas articuladas ao porto e ao Baixo Congo. Para além de uma abordagem puramente economicista, procura-se entender as atividades comerciais numa relação dialógica em que os setores africanos impõem regras e normas e estas, por sua vez, revelam concepções e formas de associação cuja lógica extrapola uma perspectiva essencialmente eurocêntrica.
Em meados dos anos 50, em seu artigo "Do Escravo ao Cidadão", Florestan Fernandes enunciava as bases de sua teoria acerca do processo de integração ou marginalização dos negros brasileiros à sociedade de classes. Nesta ocasião, avaliando a presença do elemento negro -cativo ou forro -na cidade de São Paulo e nos processos históricos que marcaram os finais do período escravista, o autor ressaltava a situação periférica em que se encontravam tais camadas sociais (1). Localizando-as como um corpo estranho à sociedade da época, afirmava, posteriormente, que o universo negro se colocava "como se estivesse dentro dos muros da cidade, mas não participasse coletivamente de sua vida econômica, social e política" (2). Ao formular sua obra clássica, Florestan Fernandes man-(1) -FERNANDES, Florestan. "Do escravo ao cidadão". Relações Raciais entre Brancos e Negros em São Paulo. Ensaio sociológico sobre as origens, as menifestações e os efeitos do preconceito de cor no município de São Paulo. Direção de Roger Bastide e Florestan Fernandes. São Paulo, UNESCO/Anhembi, 1955.(2) -FERNANDES, Florestan. "A persistência do passado".
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