Este artigo analisa alguns aspectos das relações sociais implicadas na configuração da trama do romance Quincas Borba, de Machado de Assis. Num ambiente de princípios frágeis e valores relativos, cuja ética se molda às conveniências do mais forte, o protagonista Rubião se apresenta sob o signo da crise. Ao sucumbir às armadilhas do casal Palha e às falsas lisonjas de um séquito de parasitas, Rubião vai gradualmente perdendo sua fortuna e, na mesma medida, a razão, de forma que logo chega à miséria e à loucura, retornando à sua Barbacena, onde morrerá como um pobre diabo. Através da trajetória do seu protagonista, Machado de Assis nos mostra que, numa sociedade movida pela cobiça e regida pela "lei do mais forte", a sobrevivência depende da esperteza de quem domina a ética dos vencedores.
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.2016v21n2p193Em Marafa, Marques Rebelo constrói a dinâmica da sociedade carioca trazendo à cena uma grande galeria de personagens que compõem dois universos distintos que não se comunicam e não interagem um com outro: o da ordem ou do trabalho, o qual pertencem os indivíduos que seguem os padrões sociais burgueses, procurando viver de forma digna e honesta; e o da desordem ou malandragem, em que estão inseridos aqueles que vivem trapaça, do ócio, da prostituição e de tudo que está relacionado a uma vida desregrada. Nesse contexto, prevalece a ética daqueles que se sobressaem através da malandragem e da ociosidade, pois em uma sociedade competitiva em que o ativismo é uma característica fundamental, geralmente vence quem não se importa com os meios para conseguir realizar seus objetivos, ao passo que aqueles que permanecem resignados acabam pagando o preço da não-realização.
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