A tradução de histórias em quadrinhos implica uma revisão da página inteira em que se insere o texto traduzido, e demanda um novo serviço gráfico muitas vezes desnecessário na tradução de escritas: o letreirista, considerado por Assis como um outro tradutor das obras em quadrinhos (Assis, 2018). Analisando algumas traduções e a dificuldade de traduzir-se a letra, verifica-se a como esse tipo de tradução aponta para o caráter predominantemente imagético das histórias em quadrinhos, bem como lembram o caráter visual da escrita. A partir dessas relações entre a tradução da letra e da imagem (Christin, 2013), apresento alguns exemplos de nós tradutórios, entre a tradução linguística e o releitreiramento, em uma tentativa de contribuir para uma teoria dos quadrinhos.
Paulo Freire tinha razão ao afirmar que somos seres condicionados, mas não determinados, seres inacabados, inconclusos, incompletos. Por isso mesmo, somos seres em constante aprendizado. É o que me proporcionou a leitura deste livro precioso.Como ser condicionado, não determinado, inicio este prefácio afirmando minha satisfação na leitura dessas Letras para a Liberdade, em tempo de ameaças à democracia e aos direitos humanos, o que me leva a realçar a atualidade e a vigência da escrita dos autores e autoras desta obra.Este livro é apresentado com uma citação de Theodor Adorno para, desde as primeiras palavras, nos apontar qual será a senda a seguir daí para a frente, nas trilhas da emancipação, orientados e orientadas pelo pensar crítico.Assim como estes escritos foram produzidos num certo contexto e a partir de uma certa leitura do mundo, este prefácio não poderia estar descolado do momento presente, de tempos obscuros, de tempos de "barbárie", diria Adorno. No final de seu livro Educação e emancipação ele se pergunta sobre o que é a barbárie. E responde, em seguida, que é "algo muito simples". A barbárie não está só no genocídio, na tortura, nas guerras, mas, em outras formas de opressão, no preconceito, no ódio, na intolerância, na fome, na reprodução das desigualdades e toda forma de violência. Para ele, a educação emancipadora é aquela que reorienta todos os objetivos educacionais a esta prioridade: superar esse "ódio primitivo" que põe em xeque "a própria civilização". Em outras palavras: emancipar é desbarbarizar.O capítulo 17, por fim, de autoria de Joselma Maria Noal e Wellington Freire Machado, aborda a intersecção do ensino, da pesquisa e da extensão como caminho para superar as dificuldades no ensino de língua espanhola na modalidade remota, no ensino superior público devido à pandemia do covid-19. Este capítulo demonstra a importância do papel do professor na implementação da referida modalidade e na construção de um espaço de formação crítica.Esta é a obra. Ela foi produzida por professores que lutam por uma educação cujos pilares fundamentais são, fazendo eco a Paulo Freire, o diálogo e a ação. Sendo essa obra uma proposta tanto de diálogo quanto de ação, desde já entendemos você, nosso leitor, como companheiro nessa luta pela educação crítica e libertadora.Boa leitura!
Em seus cursos e textos, Roland Barthes descortinava a “cena da escritura”: a partir de uma seleção de textos apresentava a forma como determinadas figuras, palavras e vocabulários se atualizavam a cada texto, a cada contexto. Conhecido como o crítico que matou o Autor, Barthes também se inscreve como personagem de uma narrativa intelectual fascinante: nos últimos anos de vida, seu luto público pela morte da mãe e a disseminação de elementos de si em textos e aulas reverberaram como a escrita de um romance real, um romance perdido ou escondido que se confunde com seu pensamento crítico da literatura.
RESUMO Laerte Coutinho preparava o lançamento de seu livro Muchacha (COUTINHO, 2010) quando concedeu uma entrevista à Revista Bravo! declarando-se, naquele momento, crossdresser. Desde então, seu trabalho e sua vida foram objeto de muita discussão dentro e fora da academia quanto a sua transgeneralidade. Hoje assumidamente uma pessoa transgênero, Coutinho tem aproximadamente 50 anos de carreira e uma obra vasta no formato fragmentário de tiras e histórias curtas em quadrinhos, em que vimos seu corpo representado esporadicamente. O processo de autodescoberta de seus próprios desejos permeou também seu trabalho, em que personagens encenavam-se travestis enquanto a autora experimentava roupas e adereços “de mulher”. Neste trabalho, pretendo observar alguns dos quadrinhos de Laerte em que o corpo aparece encenado, sobretudo tiras e livros publicados a partir de 2005.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC-BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. RESUMO O presente artigo aborda as disputas políticas e estéticas nas histórias em quadrinhos francesas que atravessaram e moldaram modelos editoriais nos últimos trinta anos no país, influenciando autores e habilitando novos leitores pelo mundo, ainda que um microcósmico mundo das histórias em quadrinhos. Foram vários fatores de ordem estética acompanhados de uma nova vontade editorial e política, que permitiu e acompanhou, também, o nascimento de uma nova crítica em quadrinhos. Primeiramente, apresento o debate sobre o modelo editorial que se solidificou ao longo dos anos de 1980 e o desenvolvimento da crítica e da teoria sobre quadrinhos contemporâneo a esse modelo, para, posteriormente, apresentar de que forma a geração de autores que cresceu nesse tempo buscou se afastar desse modelo, fundando uma nova forma de fazer quadrinhos, a chamada nouvelle bande dessinée. Esses autores desmontam os critérios até então considerados pela tradição como basilares das histórias em quadrinhos: o fato de ser uma arte sequencial, de ser puramente narrativo, de ser uma mídia de massa.Palavras-chave: quadrinhos franceses contemporâneos, bande dessinée, crítica, edição, estética dos quadrinhos. ABSTRACTThe present article addresses the political feuds and aesthetics in French comic books (bande dessinées) that have passed through and molded editorial models in the last thirty years in the country, influencing authors and capacitating a new base of readership around the world, even if it is the microscopic world of comic books. Many factors of aesthetic order and a new political and editorial desire caused the birth of a new way of comic book criticism. First, I present the debate about the editorial model that was set during the 1980s and the development of the criticism and theory about contemporary comic books to that model in order. Later, I present the way in which a generation of authors that grew up during the said period attempted to deviate from that model, founding a new way of making comic books, the so-called nouvelle bande dessinée. These authors deconstruct the criteria until then considered by tradition as essential in the making of a comic book: the fact that it is sequential art, purely narrative, a mass media.
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