O presente artigo busca debater a construção de narrativas queer em outras formas de linguagem, como os quadrinhos, através do levantamento de bibliografias dentro dos escopos teóricos dos Estudos de Gênero, História da Arte e Quadrinhos. Uma autobiografia em quadrinhos pode apresentar inúmeras possibilidades de reflexão por se tratar de uma obra que permite que a imagem também seja parte da construção narrativa, pois, quando se trata de uma ilustração autobiográfica, temos a oportunidade de vislumbrar a imagem que o artista tem de si e se propõe a expor. Com o intuito de investigar as possibilidades de interpretação e análise de uma obra autobiográfica queer em quadrinhos, tal debate será construído por meio da análise do romance gráfico Monstrans: Experimentando Horrormônios, de Lino Arruda (2021), que traz, em sua publicação, traços disformes e aquarelados que constroem a narrativa das memórias do autor em seu processo de compreensão de sua identidade de gênero. Propõe-se refletir sobre a temática da monstruosidade presente nesta obra e como ela pode funcionar como recurso estilístico e crítica da autorrepresentação de corpos dissidentes, focando, especificamente, na relação do artista com o espelho, instrumento frequentemente visto em outras obras em quadrinhos de autoria travesti/trans também aqui mencionadas.