Pretendemos discutir as duas principais formas de teorização do conceito de angústia desenvolvidas por Freud em suas relações com o conceito de recalque. Em um primeiro momento, situamos a angústia como afeto decorrente do recalcamento e, em virtude disso, sua condição de produto do mesmo. Nesta abordagem, ela não figura como algo originário, e ainda é passível de uma abordagem psicológica que a enderece a outro afeto. Em virtude da releitura de um caso de fobia e da noção de perigo, Freud retoma suas considerações e a situa como primordial e causadora do recalque e do próprio processo de constituição da subjetividade. Abordar a angústia na radicalidade do pensamento freudiano é algo necessário na consideração de seu manejo na clínica contemporânea. Para tanto, interpolamos alguns autores da psicanálise, incluindo o próprio Lacan, a fim de ampliar a discussão da função e do lugar da angústia na psicanálise.
ResumoPretende-se, com este artigo, discutir a especificidade do objeto da angústia, declarado como inexistente por Freud. Com a formulação teórica estabelecida por Lacan em 1962/1963 de um objeto conceitual que escapa a toda significação e apreensão imaginária, essa discussão tomou novos contornos. Trata-se do conceito de objeto a, um objeto constituído de pura falta, decorrente de uma insatisfação. Este texto desenvolveu-se a partir da concepção da perda do objeto de satisfação, citada por Freud como mítica. Intenta-se também aproximar o conceito de objeto a dos conceitos de "estranho" e "familiar", relacionados por Freud em 1919 ao conceito da angústia, considerando-se a declaração lacaniana da proximidade do que é familiar na vivência deste conceito.Unitermos: Ansiedade. Freud. Psicanálise. AbstractIn this paper we intend to discuss the specific nature of the object of anguish, stated by Freud as something that does not exist. With the theoretical formulation established by Lacan (in 1962Lacan (in -1963, of a conceptual object that escapes every significance and imaginary apprehension, this discussion has adopted new outlines. It is all about the concept of "object a", an object composed of pure lack, arising from dissatisfaction. We will start with the idea of the loss of the object of satisfaction, quoted by Freud as a myth. We also intend to approximate the concept of the" object a" of the concepts of "strange " and "familiar", espoused by Freud in 1919, (Freud, 1926 nosso).Esse objeto a, é sempre dele que se trata quando Freud fala de objeto a propósito da angústia (Lacan, 1962(Lacan, /2005.A angústia apresenta-se como um imperativo na clínica e convoca à análise. Não apenas sua definição como, acima de tudo, seu manejo, apresentam-se a partir de impasses que demandam sempre análise e aprofundamento. Lacan (1962Lacan ( /200513) não deixa de sublinhar que retomar o estatuto privilegiado da angústia junto aos conceitos da psicanálise demarca que os analistas são colocados à prova a todo momento na identificação do quanto de angústia os pacientes podem suportar. Para articular essas questões; pretende-se discutir os conceitos de angústia e objeto a, a partir da interlocução com os textos de Freud sobre o conceito de angústia.
Como fenômeno clínico, a transferência sempre é acompanhada por seu caráter antinômico. Ela é abertura à interpretação e ao encontro com o analista, em contrapartida se apresenta também como um obstáculo, exibindo sua face de resistência. Freud se mostra atento às duas vertentes clínicas, teorizando-as em diferentes momentos, em especial quando se refere à estereotipia do inconsciente que a transferência convoca. Também ressalta sua abertura, quando a situa como condição de interpretação. Como conduzi-la, levando em conta sua contradição interna? É a partir dessas questões que abordaremos a proposição lacaniana de que a transferência demarca um fechamento do inconsciente, articulada que está a ele numa pulsação temporal.
RESUMO As mudanças no laço social contemporâneo propõem uma grande oportunidade de repensar o lugar e os fundamentos da psicanálise. Com uma multiplicidade sintomática, os fenômenos relativos ao corpo se apresentam fomentando a ampliação das discussões sobre o tema do gozo, articulado ao discurso. Abordaremos aqui esta questão recorrendo a uma breve contextualização histórica dos modos de contemplação do corpo, até a atualidade, quando podemos perceber mudanças substanciais no gozo relativo ao corpo. Exploraremos ainda as conceituações freudianas e lacanianas procurando debater as mudanças necessárias que a psicanálise é convocada a fazer ante as mutações do laço social.
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