Esta pesquisa visou compreender o contexto habitacional de estudantes universitários residentes na cidade de Viçosa, em Minas Gerais, tendo em vista características de seus espaços de moradia e modos de morar. Tal desígnio direcionou uma investigação qualitativa de caráter exploratório e descritivo, desenvolvida a partir de objetivos específicos que conduziram a estruturação da tese ao formato de quatro artigos científicos. O primeiro artigo propôs o levantamento do estado da arte sobre a temática de habitação estudantil em contextos universitários, utilizando como metodologia a revisão sistemática de literatura. A revisão identificou perspectivas de estudo relevantes para a pesquisa, dentre elas: estudantificação, satisfação residencial, preferências habitacionais e mudanças nas configurações de moradia estudantil. O segundo artigo elucidou aspectos sócio-históricos, por meio de revisão de literatura, visando compreender as mudanças nas formas de habitação estudantil, destacando-se o processo de individualização social na modernidade e suas consequências para os modos de morar dos universitários e sua constituição enquanto categoria social. O terceiro artigo propôs identificar mudanças na configuração espacial de unidades habitacionais produzidas pelo mercado imobiliário visando a população de estudantes universitários em Viçosa em um período de três décadas. A pesquisa documental coletou projetos arquitetônicos de edifícios construídos nas imediações de instituições de ensino superior da cidade, cuja morfologia espacial das unidades habitacionais foi analisada de forma comparativa. Entrevistas com agentes do mercado imobiliário permitiram compreender suas percepções sobre as mudanças nas formas de moradia dos estudantes e nas configurações de habitação específicas deste público. A ascensão de tipologias habitacionais com área reduzida, de modelos de habitação vinculados a serviços de hospedagem e um processo de individualização de formas de moradia estudantil fornecidas pelo mercado foram os principais resultados obtidos nesta etapa. Por fim, o quarto artigo abordou as percepções dos universitários sobre as condições de seus espaços habitacionais e seus modos de morar em Viçosa, por meio da aplicação de questionários e realização de entrevistas semiestruturadas com estudantes residentes na cidade. Os modos de morar foram analisados em termos de aspectos sociodemográficos, características das formas de moradia, características físicas e de uso dos espaços, percursos habitacionais, fatores de escolha, preferências e satisfação residencial. A investigação apontou o compartilhamento de moradias e configuração de repúblicas estudantis como formas predominantes de habitação entre os estudantes, também evidenciou a preferência por espaços individuais e percursos habitacionais que se direcionam para o compartilhamento de moradias com menos pessoas ou mesmo o anseio pela moradia individual. Os resultados indicaram restrições de acesso à habitação em áreas próximas às instituições de ensino, devido ao alto custo, assim como percepções sobre a qualidade das moradias ofertadas nestas regiões devido às áreas reduzidas e espaços restritos. Como principais contribuições da pesquisa se destacam a originalidade na abordagem sobre a temática da habitação estudantil no Brasil, a perspectiva da estudantificação e forte atuação do mercado imobiliário na configuração da oferta de habitação para estudantes na cidade de Viçosa, bem como a abordagem feita diretamente aos estudantes visando compreender seus contextos habitacionais. Palavras-chave: Habitação estudantil. Estudantificação. Mercado imobiliário. Modos de morar.
O ensino superior envolve dimensões que ultrapassam a transmissão de conhecimentos, abrangendo a habitação destinada aos estudantes, entre outros aspectos relacionados à subsistência discente. No Brasil, são escassas as investigações científicas que avaliam as implicações espaciais dessa moradia em contextos universitários. Neste artigo, objetiva-se explorar o estado da arte sobre o referido tema, realizando uma revisão sistemática de literatura que abrange estudos nacionais e internacionais. Desse modo, foram selecionados 37 artigos científicos, publicados entre 2016 a 2020, sendo identificadas 13 perspectivas de estudo distintas. Como discussão de maior interesse, destacam-se as temáticas sobre estudantificação, as tipologias habitacionais, a satisfação residencial e o desempenho acadêmico, confirmando, assim, que as moradias estudantis constituem espaços fundamentais nas trajetórias de vida dos universitários.
Proponho aqui uma reflexão sobre os conceitos de arquitetura vernacular e de arquitetura popular, partindo de uma perspectiva de análise sobre os espaços domésticos. Discuto as mudanças sociais e suas consequências sobre os modos de morar em cenários caracterizados como tradicionais e modernos, compreendendo a arquitetura vernacular como manifestação de processos associados a modos de vida pré-modernos, enquanto a arquitetura popular é entendida a partir de uma hibridização entre tradição e modernidade. Proponho uma análise morfológica das configurações espaciais de exemplos emblemáticos na historiografia da arquitetura doméstica colonial brasileira e os comparo com edifícios autoconstruídos em um contexto específico no estado de Minas Gerais, visando identificar características que se colocam entre o vernacular e o popular nestas produções.
Pretende-se refletir sobre a autoconstrução residencial realizada pela população de baixa renda a partir da análise das relações entre a conformação dos espaços domésticos e os modos de vida e modos de habitar dos moradores. O estudo apresentado aponta uma continuidade de referências rurais nas residências avaliadas e a presença de modos de vida e modos de habitar híbridos, constatando-se a relevante influência das condições socioeconômicas. Observou-se o elevado número de intervenções, o desenvolvimento de atividades produtivas, coabitação nos terrenos, importância conferida à dimensão temporal no processo de apropriação espacial e dificuldades técnicas no planejamento e no processo construtivo.
O artigo tem o objetivo de refletir sobre a presença da assistência técnica em habitações de interesse social (ATHIS) como diretriz em planos diretores municipais, sendo a ATHIS entendida como um instrumento da política urbana para democratização da gestão urbana e do direito à moradia. Tomou-se cinco municípios em que a ATHIS foi incorporada em diretrizes propostas nos respectivos planos; a partir da análise das disposições, acredita-se que não há um consenso sobre as atribuições a que se refere a assistência técnica nos planos diretores analisados. Em municípios em que os planos diretores propuseram a criação de programas de ATHIS, verificou-se que foram aprovadas leis municipais para a criação dos mesmos. Contudo, em outros casos, foram observados entraves à consolidação da ATHIS, o que leva ao questionamento se há ausência de recursos financeiros ou de vontade política para efetivar as ações.
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