Este artigo analisa os efeitos do processo europeu de modernização no Brasil, em especial no que se refere ao atraso da implantação de uma estrutura de ensino organizada com base em um sistema nacional. De acordo com a nossa hipótese, da mesma forma como faltou no Brasil um movimento social que buscasse a criação de um ethos científico, do qual o sistema universitário europeu seria o grande modelo, segundo a interpretação de Simon Schwartzman, o mesmo ocorreu para a constituição de um sistema de educação pública, de caráter laico e universal.
Há na sociologia de Florestan Fernandes (1920-1995), em seu projeto para o Brasil, uma preocupação premente com a questão educacional, um dos vetores de modernização das relações sociais, considerado por ele como o principal mecanismo de difusão de uma consciência científica da sociedade e, por isso, um importante instrumento de mudança social. Esta é a hipótese que atravessa este texto, que identifica as reflexões sobre o dilema educacional brasileiro na obra de Florestan, com ênfase na investigação de sua participação num dos debates mais relevantes da História da Educação brasileira, quando foi aberta a oportunidade de se organizar o sistema nacional de ensino através dos preparativos para a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB), entre os anos de 1948 e 1961.
Após 20 anos das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, a discussão sobre a participação de estudantes dos anos iniciais da EJA em atividades práticas desenvolvidas no laboratório de Ciências inexiste na literatura. Mas a EJA pode ter atividades práticas em Ciências? Uma vez definida a necessidade, as atividades precisam ser realizadas no laboratório? Quais seriam as contribuições das ações pedagógicas para estes sujeitos no ambiente do laboratório de Ciências? As escolas possuem espaços destinados ao laboratório? São perguntas sem respostas. Neste artigo, apresentamos, inicialmente, dados estatísticos das escolas públicas do ensino fundamental no Brasil que se relacionam com o ambiente de aprendizagem em Ciências. E, de forma complementar, com as expectativas para o desenvolvimento de uma EJA dinamizada e interativa, no sentido de contribuir para uma reflexão sobre como operacionalizar o estabelecido na Resolução CNE/CEB nº 1, de 5 de julho de 2000.
Este estudo debruça-se sobre duas das mais importantes obras da chamada Escola Paulista de Sociologia, promotora de um elenco de indagações teóricas e investigações empíricas fundamentais na ciência social brasileira. Uma escola que se caracterizou pela constituição de uma sociologia enraizada nas singularidades históricas, sociais e culturais brasileiras, buscando o entendimento das condições específicas desta sociedade internamente marcada por ritmos desiguais de desenvolvimento, enfatizando a necessidade de uma compreensão mais efetiva, densa e profunda de seus diversos agentes – com destaque dos contingentes populacionais que mais sofreram com os nossos históricos processos de socialização e conformação ao modo de produção capitalista, ainda hoje hegemônico. Para cumprir este objetivo é que selecionamos, para uma análise sócio-histórica comparativa, as seguintes contribuições: A integração do negro na sociedade de classes, de Florestan Fernandes (2008a; 2008b); e Homens livres na ordem escravocrata, de Maria Sylvia de Carvalho Franco (1997).
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