Resumo O território para os povos originários é fundamental para a saúde e reelaboração cultural de seus modos de ser, na relação entre natureza, cultura e relações de poder/resistência. O direito a viver ou morrer se liga à territorialidade na luta pela terra. O objetivo deste trabalho consistiu em analisar onde e como ocorrem os suicídios de Guarani e Kaiowá na contemporaneidade. Realizou-se uma pesquisa qualitativa de análise documental de reportagens veiculadas em jornais de maior circulação no estado de Mato Grosso do Sul. A busca foi realizada em 23 jornais, mas apenas 12 deles apresentaram notícias com a temática a partir da combinação dos descritores: Suicídio, Guarani, Kaiowá, Índio e Indígena. Constituiu-se uma amostra com 100 reportagens que informaram 105 ocorrências de suicídio no período entre 2002 a 2018. Os dados revelam que a violência é frequente nas reservas indígenas em que os Guarani e Kaiowá foram confinados no sul do estado. Os casos se concentram em aldeias dos municípios de Dourados e Amambai, a maioria entre jovens adultos com idade entre 12 e 22 anos, do sexo masculino. A eminente maioria (95%) cometeu suicídio pela prática do enforcamento (jejuvy). As causas para o suicídio variam desde explicações orientadas pela cosmologia, o feitiço, formas culturais de morrer, desterritorialização de seus tekoha e a inserção econômica marginal. Considerando os dados alarmantes, sugere-se a criação e implementação do CAPS indígena, com o envolvimento de atores institucionais, como a Sesai e a Secretaria Municipal de Saúde, além de lideranças religiosas, Ñhanderu e Nhandecy.
Este trabalho tem por objetivo analisar a produção do espaço urbano no modo de produção capitalista. A partir de três elementos, consideramos aqui, metaforicamente, os meandros na produção do espaço urbano, ou seja, a mobilidade, a acessibilidade e a exclusão social buscamos compreender as diferenças na espacialização das relações. Nesse contexto, a produção do espaço urbano ocorre através de objetos e de ações, do trabalho, de idéias e de representações, de modos de vida etc. O espaço urbano é produzido, desse modo, através da mobilidade de pessoas e de objetos, de pessoas que levam objetos, de objetos que transformam a mobilidade das pessoas. São relações que interagem no espaço urbano, criando e re-criando através da mobilidade a acessibilidade e propiciando o acesso rápido e eficiente para determinados lugares. Através da produção do espaço diferenciado, a acessibilidade é desigual para as diferentes classes e/ou frações de classes que se movem, que trabalham, que sobrevivem. Essa desigualdade cria exclusão social (ou inclusão precária), em função desses meandros na produção do espaço como a mobilidade, que pode permitir, melhorar e potencializar a acessibilidade. São meandros, são relações sociais que produzem o espaço urbano de maneira diferenciada.
Num mundo globalizado como o nosso a construção identitária e territorial se torna cada vez mais complexa, mesclando multiplicidade territorial, transculturação e hibridismo com fechamentos culturais “essencializadores”. Os processos de territorialização marcados pela multiterritorialidade podem ser associados, no caso latino-americano e, especialmente, brasileiro, àquilo que propomos denominar de uma transterritorialidade “antropofágica", capaz de assimilar e transformar a territorialidade do Outro. Todos esses processos têm profundas implicações políticas, não se tratando, a priori, de uma “boa” abertura ou de um “mau” fechamento cultural e territorial.
Resumo: Este artigo investiga gra� tes e pichações enquanto demarcadores de territórios de resistência nas cidades. Parte de uma discussão conceitual sobre o que signi� ca gra� te e pichação e, em especial, sua inter-relação com a geogra� a através do conceito de território e seu desdobramento em manifestações simbólicas/culturais e de resistência. Metodologicamente, analisamos algumas fotos tiradas em cidades do Brasil e do Paraguai, buscando pensá-las como gra� as da contra-o� cialidade, da contraformalidade, da contra-padronização em muros e linhas retas, e da contra-hegemonia. Nessa direção, sugerimos o gra� te e a pichação enquanto marcas e expressões culturais político-simbólicas que podem também ser de contra-poder, de resistência à ordem estabelecida pelos governos e/ou atores hegemônicos da cidade. É imprescindível compreender nos discursos grafados na cidade, que o território também pode ser construído como parte da cena simbólica e de contra-poder de sujeitos e/ou grupos que se opõem a sociedade dos muros brancos e das cercas de choque.
Analisamos e discutimos aqui, a questão das identidades territoriais em curso no período da globalização a partir da década de 1970. Apontamos que no período de aceleração das trocas materiais e imateriais através da mundialização da mercadoria, ocorre, concomitantemente, a afirmação, reconstrução, reinvenção e acionamentos de identidades territoriais através da relação imbricada entre espaço, política e cultura que configura entre os diferentes sujeitos, grupos e/ou classes sociais através da mobilidade espacial e do processo de de-re-territorialização das relações sociais.
No Mato Grosso do Sul os Guarani e Kaiowá vêm lutando contra a intoxicação por agrotóxicos que se manifesta na forma de ataques químicos, pulverização de pesticidas e envenenamento das águas. O objetivo deste texto é compreender os conflitos territoriais na luta dos povos indígenas pelo retorno aos territórios tradicionalmente ocupados, os tekoha. Parte-se de levantamento bibliográfico e documental, de observação, descrição e entrevistas em aldeias e áreas de retomadas. Os resultados e discussões deste texto se estruturam a partir de três categorias criadas: 1) Ecologia política numa perspectiva indígena: os territórios de vida; 2) Governo bio/necropolítico do agronegócio contra os povos indígenas; e, 3) Ataques químicos, pulverização de pesticidas e envenenamento das águas. As comunidades mais vulneráveis e afetadas por agrotóxicos são aquelas situadas em acampamentos de áreas de retomadas de antigos tekoha, espremidas entre fazendas e às margens de importantes rodovias. A existência dos indígenas é atacada por agrotóxicos, águas de rios e córregos são contaminados por pesticidas usados por tratores nas plantações e/ou pulverizações feitas por aviões transpassaram os limites das fazendas e são jogados sobre as terras e os corpos indígenas, além dos ataques químicos que tentam exterminar os povos em luta pela demarcação dos territórios.
Considerando que, de maneira geral, as teorias clássicas que tratam das migrações apoiaram-se, principalmente, em análises macroeconômicas dando ênfase, sobretudo, às determinações econômicas em detrimento dos fatores políticos e culturais, fez-se necessário, nos últimos anos, estudar e tentar elaborar uma concepção mais ampla e multifacetada dos processos migratórios. Para tanto, o debate sobre o território foi e permanece bastante fecundo, evidenciando-se as determinações econômicas, políticas e culturais e, substantivando uma abordagem multidimensional do território e da migração que reconhece e destaca o papel exercido pelas redes de relações sociais. Assim, entendemos o fenômeno migratório como produto e produtor de uma complexa trama territorial entre os territórios de origem e de destino dos migrantes. Tramas que objetivam interações em rede em virtude das relações sociais que se estabelecem na mobilidade, através dos vínculos, dos contatos e das ajudas tecidas no cotidiano entre migrantes e não-migrantes.
Sobre os Estados-nação se assentam as territorialidades hegemônicas no mundo moderno. Com as migrações o “choque de territorialidades” é inevitável. No Brasil, as migrações têm definido aproximações e tensões, explícitas e veladas. Nas margens da identidade nacional, vicejam processos de identificação/diferenciação como territorialidades em choque: as “transterritorialidades”. Em “Paradoxos do ‘Brasil migrante’: o Trabalho e o Outro, identidade e identidades”, apontamos momentos da migração brasileira e como neles se desenvolveram encontros/desencontros na produção simbólica do Eu e do Outro, como fator e condição de produção material de dominação e exploração. Em “Migrações e transterritorialidades: transpondo nossas fronteiras cotidianas”, aprofundamos a discussão sobre a condição de transterritorialidade como relação entre territorialidades permeadas por tensões, conflitos, antagonismos, contradições, mediações e negociações, predominando relações de poder por imposições, restrições, constrangimentos, preconceitos, vergonhas, discriminações, hierarquias e violências, em “transterritorialidades fechadas”, e o predomínio de relações de mediação e de negociação, para as “transterritorialidades abertas”.
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