Resumo: Este artigo investiga gra� tes e pichações enquanto demarcadores de territórios de resistência nas cidades. Parte de uma discussão conceitual sobre o que signi� ca gra� te e pichação e, em especial, sua inter-relação com a geogra� a através do conceito de território e seu desdobramento em manifestações simbólicas/culturais e de resistência. Metodologicamente, analisamos algumas fotos tiradas em cidades do Brasil e do Paraguai, buscando pensá-las como gra� as da contra-o� cialidade, da contraformalidade, da contra-padronização em muros e linhas retas, e da contra-hegemonia. Nessa direção, sugerimos o gra� te e a pichação enquanto marcas e expressões culturais político-simbólicas que podem também ser de contra-poder, de resistência à ordem estabelecida pelos governos e/ou atores hegemônicos da cidade. É imprescindível compreender nos discursos grafados na cidade, que o território também pode ser construído como parte da cena simbólica e de contra-poder de sujeitos e/ou grupos que se opõem a sociedade dos muros brancos e das cercas de choque.
Sobre os Estados-nação se assentam as territorialidades hegemônicas no mundo moderno. Com as migrações o “choque de territorialidades” é inevitável. No Brasil, as migrações têm definido aproximações e tensões, explícitas e veladas. Nas margens da identidade nacional, vicejam processos de identificação/diferenciação como territorialidades em choque: as “transterritorialidades”. Em “Paradoxos do ‘Brasil migrante’: o Trabalho e o Outro, identidade e identidades”, apontamos momentos da migração brasileira e como neles se desenvolveram encontros/desencontros na produção simbólica do Eu e do Outro, como fator e condição de produção material de dominação e exploração. Em “Migrações e transterritorialidades: transpondo nossas fronteiras cotidianas”, aprofundamos a discussão sobre a condição de transterritorialidade como relação entre territorialidades permeadas por tensões, conflitos, antagonismos, contradições, mediações e negociações, predominando relações de poder por imposições, restrições, constrangimentos, preconceitos, vergonhas, discriminações, hierarquias e violências, em “transterritorialidades fechadas”, e o predomínio de relações de mediação e de negociação, para as “transterritorialidades abertas”.
A fronteira é um objeto de pesquisa, tendo em vista que nela diferentes relações são estabelecidas. Além disso, a fronteira se torna ainda mais interessante por ser possíveis observa-la a partir de diferentes perspectivas, que podem se complementar ou mesmo se contrapor. Desta forma, o objetivo do estudo é apresentar observações e reflexões realizadas a partir da aula de campo no curso de Mestrado e Doutorado em Geografia, ocorrida em Julho de 2019, na tríplice fronteira, Brasil, Paraguai e Argentina. Para isso, foi elaborado um percurso e um roteiro para as observações em lugares específicos, i- assentamento Pedro Ramalho, ii- comunidade Maká e iii- comunidade Guarani. A diversidade cultural e a relação de interação entre as etnias foram ser observadas, nos relatos realizados pelos moradores locais, que se dispusera a contar suas histórias. Também se observou a diversidade de características que os espaços de fronteira podem oferecer quando há comportamentos distintos nas relações étnicas desenvolvidas.
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