Estratégias alternativas de negação sentencial na região sul do Brasil: aná-lise da influência de fatores pragmáti-cos a partir de dados do projeto VARSUL Alternative sentential negation strategies in the South Region of Brazil: an analysis of the influence of pragmatic factors based on data from the VARSUL Project.Marcos Goldnadel Palavras-chaveDupla negação. ciclo de Jespersen; negação sentencial. AbstractBrazilian Portuguese has three forms of sentential negation seman- Ling., Belo Horizonte, v. 21, n 2, p. 35-74, jul./dez. 2013 37 plausibility of a current hypothesis for the emergence of double negative sentences, some data from Florianópolis were analyzed.
O português brasileiro conta com formas alternativas para a expressão da negação sentencial. Entre elas, está a dupla negação, uma forma inovadora cujo uso tem aumentado de modo diverso em cada região do Brasil. Este estudo investiga as possíveis funções pragmáticas de enunciados com dupla negação encontrados em 12 entrevistas sociolinguísticas realizadas com falantes nativos da cidade de Curitiba no início da década de 90. O levantamento realizado revela que os enunciados de dupla negação foram usados para instanciar duas funções pragmáticas: denegação e retorno a tópico quantitativo.
Há um consenso na literatura linguística de que enunciados negativos são marcados em relação às suas contrapartes afirmativas, por veicular conteúdo de algum modo ativo na troca discursiva. Esse estatuto especial é evidente em enunciados claramente marcados, como os que envolvem negação metalinguística, mas parece estender-se mesmo a enunciados neutros. Além disso, em algumas línguas, como o português, soma-se o fato de que a negação sentencial apresenta realizações alternantes, dispondo de formas canônicas de negação (Não vou) e de formas não canônicas (Não vou não; Vou não), estratégias diferentes para as quais supõem-se funções pragmáticas distintas. Este artigo procura apreciar criticamente algumas hipóteses sobre a pragmática de enunciados negativos e, com base em dados do projeto VARSUL, avaliar sua validade. Dessa forma, pretende-se contribuir para a compreensão pragmática da negação em PFB.
O português brasileiro conta com formas alternativas para a expressão da negação sentencial. Entre elas está a dupla negação, uma estrutura não canônica, que se manifesta de modo diverso em cada região do Brasil. Este estudo investiga as possíveis funções pragmáticas de enunciados com dupla negação encontrados em 12 entrevistas sociolinguísticas realizadas com falantes nativos da cidade de Florianópolis, Santa Catarina, no início da década de 90. O levantamento realizado revela que os enunciados de dupla negação foram usados para instanciar duas funções pragmáticas: denegação e retorno a tópico quantitativo.
Neste artigo, investigamos omissão e a expressão de sujeitos expressos pronominais e nulos em construções de dupla negação em português brasileiro. Para isso, analisamos um corpus de língua falada da região Sul do Brasil, o corpus VARSUL. Apesar de a literatura apontar para o fato de que o PB tem privilegiado orações com sujeito pronominal expresso em detrimento de sujeito nulo (cf. Duarte 2012, entre outros), percebemos que as construções de dupla negação, ao contrário da expectativa, favorecem o sujeito nulo. Acreditamos que tal construção favoreça o sujeito nulo porque veicula conteúdos ativados (que, por princípio, podem ser ocultados da superfície da frase). Além desse fator pragmático, investigamos também a relação desses efeitos com um fator semântico que favorece a retomada por sujeito pronominal expresso: o traço de gênero semântico do referente. Analisamos cenários de confluência e conflito entre esses princípios de natureza gramatical distinta distintos e o que encontramos na análise do corpus corrobora empiricamente nossas previsões teóricas.
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada. http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR O estudo da aquisição de inferências pragmáticas como elemento na escolha entre modelos teóricos em disputa Resumo: Fenômeno de comportamento ambivalente, pressuposição tem desafiado algumas gerações de linguistas em relação a dois problemas complementares: o problema da projeção de pressuposições e o problema da origem das pressuposições. Embora o problema descritivo da projeção tenha recebido maior atenção, não se pode lidar com ele sem assumir algum posicionamento quanto ao problema explanatório, relativo à origem das inferências consideradas pressuposicionais. O desacordo que se observa quanto à descrição da projeção de pressuposições contrasta, no entanto, com um relativo consenso, historicamente construído, sobre a natureza das pressuposições. Segundo esse consenso, pressuposição é fenômeno de natureza convencional, sujeito, apenas em sua projeção, a injunções de ordem conversacional. Mais recentemente, esse consenso tem sido abalado por uma nova onda de trabalhos, que, de diversos modos, passaram a defender a ideia de que pressuposição é fenômeno de natureza fundamentalmente conversacional. Entre essas propostas, uma que merece atenção pela plausibilidade é a que identifica pressuposição com implicatura de quantidade escalar. As duas formas de encarar a origem de pressuposições, no entanto, permitem realizar predições distintas quanto ao seu processamento. Interessados na comprovação de uma das duas hipóteses, estudos experimentais foram conduzidos recentemente com a finalidade de avaliar o modo como pressuposições e implicaturas escalares são processadas. Os resultados desses estudos têm sido importante elemento no debate sobre o problema explanatório da origem de pressuposições. Este artigo revisita alguns experimentos que avaliam o modo como ocorre o processamento de implicaturas escalares e pressuposições e procura avaliar a importância, no quadro mais geral desse debate, de trabalhos que investiguem o modo como sujeitos em fase de aquisição processam inferências pragmáticas. Mostra, nesse percurso, que as evidências obtidas podem ser vistas como elementos de apoio a certos modelos ou, alternativamente, como pistas para o aprimoramento das suposições dos modelos que, inicialmente, parecem problematizar. Palavras-chave: Pressuposição; Implicatura de quantidade escalar; Processamento de inferências pragmáticas; Aquisição de inferências pragmáticasAbstract: Phenomenon known for its ambivalent behavior, presupposition has been challenging some generations of linguists regarding two complementary problems: the presupposition projection problem and the problem about the source of presuppositions. Although the descriptive problem has received more attention, it is impossible to cope with it without assuming some position regardi...
O português brasileiro apresenta formas semanticamente equivalentes de negação sentencial: negação pré-verbal, dupla negação e negação em fim de sentença. Essa variação não se manifesta de forma homogênea nas diversas regiões do país. Dados coletados ao longo da segunda metade do século XX mostram que, enquanto a região Nordeste apresentava índices elevados dos três tipos de negação, outras regiões ostentavam números mais modestos das formas inovadoras: a dupla negação e a negação pós-verbal em fim de sentença. Este artigo analisa 26 enunciados de dupla negação encontrados em entrevistas sociolinguísticas realizadas entre o final da década de oitenta e o início da década de noventa com doze informantes da cidade de Porto Alegre. O objetivo foi verificar se as ocorrências identificadas instanciam funções pragmáticas supostas na literatura especializada como motivação para o surgimento de enunciados com dupla negação. O corpus investigado, por apresentar número reduzido de ocorrências de enunciados com dupla negação e ausência de enunciados com negação final, permite supor uma região conservadora, imune, portanto, ao desbotamento de sentido pragmático que pode ter ocorrido em áreas nas quais o uso de enunciados não canônicos de negação tenha se amplificado. Dos vinte e seis enunciados analisados, um não pode ser enquadrado nas funções supostas e vinte e quatro realizam funções discursivas favorecidas pela associação, reconhecida em grande parte da literatura sobre enunciados com negação reforçada, entre enunciados de dupla negação e conteúdos discursivamente ativados: denegação, retorno a tópico quantitativo e preservação da face. Identificou-se apenas uma ocorrência de dupla negação instanciando função não associada à ativação: pausa temática. São evidências a favor das hipóteses pragmáticas para as motivações da variação na negação sentencial que lançam luz sobre o papel da associação entre estruturas da língua e funções de ordem conversacional
O artigo realiza o cotejo de duas propostas para lidar com a projeção de pressuposições associadas ao gatilho ganhar em enunciados de sentenças negativas e condicionais. Apresenta-se inicialmente o modelo de análise presente em Romoli (2015), que considera implicaturas escalares obrigatórias as pressuposições decorrentes do uso de gatilhos leves. Em seguida, apresenta-se um modelo de análise alternativo, de acordo com o qual pressuposições disparadas por gatilhos leves são inferências conversacionais decorrentes da consideração de estados epistêmicos motivados pela consideração da semântica dos gatilhos leves e pela consideração de inferências conversacionais associadas à forma de enunciados negativos e condicionais.
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