Este artigo tem o objetivo de negar a validade teórica do conceito de neopatrimonialismo, formulado por Simon Schwartzman, para compreender os dilemas de exclusão política do Brasil contemporâneo, pois o conceito é baseado em uma leitura apologética do diagnóstico de Max Weber sobre o Ocidente. A partir da análise bibliográfica, defendemos que o conceito de neopatrimonialismo está preso a uma visão empírica e teoricamente insustentável da modernidade política, que idealiza a dimensão democrática e constitucional do poder político moderno e ignora sua dimensão autocrática e não constitucional. Em seguida, apresentamos como alternativa teórica a sociologia política de Niklas Luhmann, pois descreve a política moderna como dividida nos circuitos de poder formal e constitucional, e informal e não constitucional. Desta forma, podemos analisar os processos de exclusão política no centro e na periferia sem a presença de idealizações sobre os países centrais.
Resumo Este artigo tem como objetivo questionar a ruptura de Jessé Souza com a sociologia da inautenticidade, representada pela obra de Sérgio Buarque de Holanda. O trabalho de Souza foi fundamental para demarcar a insuficiência das grandes interpretações culturalistas e essencialistas do Brasil contemporâneo, que nos interpretam como pré-modernos e completamente inferiores aos países modernos como os Estados Unidos. Com sua teorização, Souza trouxe uma importante contribuição para, a partir da periferia, também produzir teoria sociológica. Mesmo assim, defendo que Souza repete o dualismo rural (tradicional) - urbano (moderno) que é crucial para o autor permanecer à sombra da sociologia da inautenticidade e continuar reproduzindo, assim, a imagem do Brasil como incompletude, desvio e falta quando comparado aos países centrais, como ocorre com a interpretação de Holanda criticada pelo sociólogo.
Este artigo tem como objetivo oferecer uma interpretação alternativa à tese do autoritarismo brasileiro. Para tanto, apresentamos uma crítica de três obstáculos epistemológicos centrais à noção de singularidade política brasileira: nacionalismo metodológico, idealização da modernidade política e teleologia. Em seguida, oferecemos uma interpretação alternativa para o autoritarismo como fenômeno constitutivo da modernidade política global. Nesse sentido, mobilizamos a teoria social sistêmica e esboçamos um diálogo com uma abordagem da ciência política brasileira que também busca romper com estes obstáculos epistemológicos. Argumentamos que as variações do autoritarismo ao longo da história brasileira não são resultantes da singularidade política nacional, mas sim variantes distintas do autoritarismo moderno.
Resumo Nesta resenha, o livro Como o racismo criou o Brasil, de Jessé Souza, que propõe o conceito de racismo multidimensional e defende a centralidade do racismo racial para explicar a formação do Brasil e de seus principais dilemas, é analisado. Para isso, na primeira parte, são expostos os elementos que compõem as três partes do livro. Na segunda, são apresentadas as contribuições para a explicação teórica sobre o racismo, mas também enfatizadas as limitações do livro que, apesar de propor uma interpretação multidimensional, oferece uma leitura unidimensional sobre o racismo e os dilemas brasileiros.
Neste relato de experiência, apresentamos as atividades de Extensão desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal Fluminense, levadas a cabo pelos alunos, bolsista e voluntária, e pelos docentes coordenadores do Núcleo a partir de setembro de 2021. Com a impossibilidade de realização das atividades presenciais, como o projeto NEABI nas Escolas, elaboramos algumas ações virtuais, como postagens sobre as temáticas étnico-racial e indígena e lives sobre as temáticas na página “NEABI IFF Centro” no Instagram, grupo de estudos virtuais e minicurso pelo Google Meet, que foram fundamentais para que o NEABI IFF Campus Campos Centro continuasse a cumprir suas ações de Extensão durante o período pandêmico.
Neste artigo analisamos os grupos focais realizados com os alunos cotistas matriculados no ensino médio integrado do Instituto Federal Fluminense Campus Campos Centro, em 2016, nos cursos de Automação Industrial, Edificações, Eletrotécnica, Informática e Mecânica. Como suporte metodológico utilizamos a Análise do Discurso de matriz francesa pela possibilidade de demarcarmos os elementos implícitos nas respostas dos cotistas. Através da relação entre neoliberalismo, individualismo e meritocracia e da sociologia à escala individual de Lahire (2005), sustentamos que os discursos dos cotistas, como responsáveis por “sucesso” e “fracasso”, são decisivos para naturalizar a profunda desigualdade escolar entre os alunos matriculados pelo sistema de cotas e aqueles oriundos da rede privada. Desta forma, a ideologia neoliberal hegemônica fundamenta e legitima a (re)produção das hierarquias e desigualdades sociais não apenas de origem, mas também de destinos.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.