Resumo Neste trabalho utilizamos a literatura de avaliação de projetos de policiamento comunitário e modelos de regressão logística para identificar quais variáveis explicam o desejo de continuidade das UPPs após as Olimpíadas. Neste sentido, apresentamos a análise de um survey domiciliar e probabilístico realizado com 2 mil residentes. Na primeira rodada, aplicamos o survey em 10 favelas que receberam UPPs na fase inicial de implementação do programa e, na rodada seguinte, em outras 10 favelas quando o processo de “pacificação” já indicava sinais de crise. Os resultados indicam que jovens pretos e pardos apresentam elevado grau de rechaço a essa modalidade de policiamento e, por outro lado, que a capacidade da polícia em reconstruir a legitimidade de sua ação nas comunidades faz com que os indivíduos endossem a continuidade da UPP, desejando-a para além do projeto de cidade olímpica.
Desde os anos 1990, a Rocinha veio se consolidando como paradigma de favela turística, valendo-se de um modelo centrado na atuação das empresas privadas externas à favela e na indiferença permissiva do poder público. Este artigo analisa as inflexões práticas e discursivas que permitiram a quebra desse paradigma e a emergência de um modelo baseado tanto em parcerias entre poder público e mercado, quanto na mobilização de moradores como empreendedores. A partir de trabalho de campo e entrevistas, examinam-se as percepções e justificações desses vários atores -poder público, operadoras de turismo, moradores -envolvidos na conversão do Santa Marta em atração turística. A hipótese defendida é que o Santa Marta, primeira favela a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora, oferece um ponto privilegiado de observação do novo campo de forças que define o lugar a ser ocupado pelas favelas em um projeto que toma o Rio de Janeiro como cidade-cartão-postal.
In this article we analyze the determinants of confidence in the Police Pacification Units ( Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs). During their existence (2008-2018), “pacification” was represented by the media as an institutional hybrid which moved between two extremes. The police were either presented as heroes, whom people wanted to guarantee the end of shootings and ensure security in areas previously marked by violence, or as villains, rejected because of the lethality of their actions and the arbitrariness of how they dealt with people. Taking these representations as ideal types, we sought to identify the determinants of confidence in the police, with the counterpoint being a domiciliary survey carried out between 2014 and 2016 with 2000 residents distributed among twenty “pacified” favelas in the city of Rio de Janeiro. The results indicated that the respondents had ambiguous sentiments towards the UPP police, mediated by the perception that shootings were part of daily life in these communities and that the “pacification” had improved security, making the police neither heroes nor villains.
O objetivo deste estudo é documentar o processo de criação e implementação do Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis, OICS, vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, com a formulação de um desenho institucional para sua manutenção e continuidade, como uma plataforma do conhecimento de acesso gratuito. No intuito de auxiliar os gestores públicos no enfretamento dos desafios advindos da acelerada expansão do processo de urbanização no Brasil, a partir do final do século XX, o OICS vem pesquisando e promovendo soluções sustentáveis e inovadoras contextualizadas no território nacional por meio de tipologias e indicadores de cidades.
Desenvolve-se uma reflexão histórico-antropológica sobre a relação entre a nacionalização do samba, a institucionalização dos Grêmios Recreativos Escolas de Samba, e a constituição política da identidade nacional mestiça na Era Vargas (1930-1945). Conceituamos o samba como “prática heterotópica”, argumentando que, em sua nacionalização, as agremiações de sambistas cariocas operaram como agentes ressignificadores do conflito racial brasileiro, dotando a mestiçagem do projeto identitário varguista de um caráter dialético.
Desde os anos 1990, a Rocinha veio se consolidando como paradigma de favela turística, valendo-se de um modelo centrado na atuação das empresas privadas externas à favela e na indiferença permissiva do poder público. Este artigo analisa as inflexões práticas e discursivas que permitiram a quebra desse paradigma e a emergência de um modelo baseado tanto em parcerias entre poder público e mercado, quanto na mobilização de moradores como empreendedores. A partir de trabalho de campo e entrevistas, examinam-se as percepções e justificações desses vários atores – poder público, operadoras de turismo, moradores – envolvidos na conversão do Santa Marta em atração turística. A hipótese defendida é que o Santa Marta, primeira favela a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora, oferece um ponto privilegiado de observação do novo campo de forças que define o lugar a ser ocupado pelas favelas em um projeto que toma o Rio de Janeiro como cidade-cartão-postal.Palavras-Chave: SLUM TOURISM IN THE PACIFICATION MARKET: reflections based on the experience of Favela Santa MartaABSTRACTSince the 1990’s, Rocinha has been securing itself as a paradigm of touristic favela based on a model centered in the action of private companies outside the favela and in the indifference of the government. This article analyzes the practical and the discursive inflections which permitted the end of this paradigm and the emergence of a model based on public and private partnerships as well as in the organization of the local residents as entrepreneurs. Through field research and interviews, the perceptions and the justifications of these agents involved in the transformation of Santa Marta in a tourist attraction (the public sphere, tourism agencies, local residents) were examined. The hypothesis advocated here is that the Santa Marta, the first favela with a Pacifying Police Unit, offers a privileged point to observe the new power networks that defines the place to be occupied by the favelas in a project which makes Rio de Janeiro a postcard city.Key words: Tourism; Favela; Rio de Janeiro; Poverty; PacificationLE TOURISME DE LA PAUVRETÉ AU SEIN DU MARCHÉ DE PACIFICATION: réflexions issues de l’expérience dans la Favela Santa MartaABSTRACTDepuis les années 1990, la “Rocinha” s’est consolidée comme un paradigme de favela touristique. Elle est présentée comme un modèle centré sur l’action d’entreprises privées n’appartenant pas à la favela et sur l’indifférence permissive des pouvoirs publics. Cet article analyse les inflexions pratiques et discursives qui ont permis de rompre avec ce paradigme et de permettre l’apparition d’un modèle basé autant sur un partenariat des pouvoirs publics et des marchés que sur la mobilisation des habitants en tant qu’entrepreneurs. Grâce à un travail sur le terrain et à des interviews, il a été possible d’analyser les perceptions et les justifications de ces différents acteurs – pouvoirs publics, voyagistes, habitants – impliqués dans la conversion de Santa Marta en attraction touristique. L’hypothèse avancée est que Santa Marta est la première favela qui a été dotée d’une Police Pacificatrice, qu’elle offre un point de vue privilégié pour l’observation de nouvelles forces qui définissent l’endroit destiné à l’occupation de favelas comme un projet qui donne à Rio sa caractéristique de carte postale.Key words: Tourisme; Favela; Rio de Janeiro; Pauvreté; Pacification
Resumo A política de segurança pública no Rio de Janeiro tende a ser representada pela alegoria do pêndulo, que se inclinaria predominantemente para a lógica do confronto, mas também, em curtos interregnos, para a lógica da aproximação. Embora as esporádicas tentativas de reversão da lógica repressiva produzam mudanças conjunturais significativas, verificamos, através de entrevistas com policiais das UPPs, que o ethos militarizado permanecia estruturando o discurso e orientando a prática cotidiana - produzindo uma condição de “crise permanente”. Procuramos, então, identificar quais fatores e percepções impactavam (negativamente) nos diversos graus de adesão e ressonância dos policiais aos princípios do “policiamento de proximidade”.
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