RESUMO O objetivo do artigo é descrever e analisar a implementação daEstratégia Nacional de Educação Financeira no Brasil, destacando dois aspectos de seu desenho institucional: a simbiose entre instituições públicas e do mercado financeiro e sua localização no interior de uma rede transnacional promotora da Educação Financeira em diversos países. Defende-se que essas características beneficiam a introdução, no ambiente escolar, de conteúdos e valores cujos objetivos pedagógicos associam-se a um projeto de sociedade pouco nítido e não discutido pelos atores sociais interessados. Recorre-se a documentos, legislação e publicações produzidas pelos órgãos promotores desta experiência, de forma a reconstituir suas bases e caracterizar uma forma nova e recente de incidência sobre a educação no Brasil.
Resumo: Este artigo tem o objetivo de apresentar a rede de organizações que, hoje, atua para implementar a chamada inclusão financeira. Essa cadeia se estrutura internacionalmente e estabelece relações ad hoc com diversos países do globo. Estimula e apoia ações para a criação e circulação de produtos e serviços financeiros para a população pobre com a justificativa de promoção de seu bem-estar e proteção. A análise se baseia em pesquisa documental e dedica-se ao caso brasileiro. Caracteriza a ramificação de atuação e instituições envolvidas na disseminação desse ideário e oferece elementos para reflexão a respeito de seus efeitos sociais.
Desde os anos 1990, as razões estruturais dos problemas e fragilidades da educação pública no Brasil vinham sendo ofuscadas pelo discurso da necessidade de adequá-la às demandas da sociedade moderna e competitiva. As políticas públicas tornavam-se, assim, arena de conflito permanente. De um lado, o discurso modernizador, expressão da racionalidade política do neoliberalismo; do outro, a mobilização de grupos identificados com o horizonte do Estado social. A agenda reacionária do governo Jair Bolsonaro se soma a essa história e se inscreve nos seus diferentes cenários de conflito, dando lugar público e vocalizando iniciativas conservadoras até então isoladas. Este artigo examina quatro frentes de sua política para a educação básica e explora a hipótese de que as ideias e projetos de reforma das décadas anteriores estimularam e sustentaram suas proposições reacionárias, pela disseminação de um ideário contrário à educação pública e como reação a um período de renovação dos saberes escolares por meio da incorporação de novas pautas culturais, ambientais e de identidade.
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