O artigo analisa o desenvolvimento do republicanismo na capital do Império brasileiro, em fins do Primeiro Reinado e durante o período das regências trinas. Argumenta que este movimento era parte importante do projeto político produzido pelo grupo conhecido como liberais exaltados. Estes empregaram vários artifícios para driblar as disposições legais que proibiam a defesa do governo republicano, denotando, assim, maneiras diversas de apoiar a república. Todavia, mais do que a apologia de uma forma específica de governo, a linguagem republicana da época articulava, em um sistema de ideias, um vasto conjunto de mudanças políticas, sociais e econômicas radicais destinadas a depurar os resíduos "absolutistas" do Estado e os traços "aristocráticos" da sociedade brasileira. Estas chamadas reformas republicanas poderiam tanto acompanhar como preparar o advento do novo regime. Imprensa, Parlamento e revoltas foram os principais canais de manifestação do republicanismo na Corte.
Este artigo analisa a revolta ocorrida no teatro São Pedro de Alcantara, no Rio de Janeiro, em setembro de 1831. Trata-se de um movimento político promovido pela facção dos liberais exaltados, com participação de camadas sociais diversas. Situada no conjunto de outras ações semelhantes, verificadas no início do período regencial, é compreendida como um dos eixos de desenvolvimento de uma cidadania informal e de uma incipiente nacionalidade, construídas de baixo para cima, no âmbito de um emergente espaço público de ação política.
Resumo O artigo realiza uma síntese da produção historiográfica acerca do período regencial (1831-1840), abordando os principais eixos temáticos que a configuram, com ênfase nas obras que têm a imprensa como objeto de estudo.
Momento mais conturbado da história do Brasil, e também um dos mais ricos e singulares em termos de organização, discussão e participação políticas, o período regencial (1831-1840) foi igualmente marcado por intensas festividades cívicas. Tais manifestações - como o 25 de Março (juramento da Constituição), o 7 de Abril (abdicação de Pedro I), o 7 de Setembro (Independência) e o 2 de Dezembro (nascimento de Pedro II) - constituem o objeto deste trabalho. São analisados, assim, os rituais observados nessas festas, reveladores das intenções dos organizadores, bem como as tensões e os conflitos que evidenciavam os desvios de seus ideais. Ressalte-se ainda o papel que tiveram na mobilização dos mais diversos segmentos sociais, na afirmação dos valores nacionais e na legitimação do poder monárquico. Jornais, panfletos e documentos da Câmara Municipal constituem as principais fontes de pesquisa.
Uma das fases mais ricas e singulares em termos de organização, discussão e participação políticas, o Período Regencial (1831-1840), é também o mais agitado e conturbado da história do Brasil. Este artigo analisa uma das principais revoltas então ocorridas no Rio de Janeiro: a que, em 17 de abril de 1832, sacudiu a capital do Império, capitaneada pelos caramurus. Estes constituíam uma facção política surgida logo após a abdicação de Pedro I, essencialmente formada por políticos e cortesãos ligados ao ex-imperador, por antigos funcionários públicos civis e militares e por comerciantes e caixeiros portugueses. Opunham-se eles a qualquer reforma na Constituição de 1824 e defendiam uma monarquia constitucional fortemente centralizada, nos moldes do Primeiro Reinado, chegando, em casos excepcionais, a nutrir anseios restauradores. O movimento, no qual estava envolvido José Bonifacio, pretendia derrubar o ministério ou a Regência e, quiçá, reivindicar a volta de Pedro I. Jornais, panfletos, manifestos e processos judiciais constituem as principais fontes de pesquisa.
Resumo Este artigo aborda a trajetória política do padre Marcelino Duarte, natural do Espírito Santo, então uma província periférica, que adquiriu notoriedade na vida política da Corte no período regencial. O padre teve diversas posições políticas ao longo de sua vida: de governista tornou-se liberal exaltado e, finalmente, aproximou-se dos caramurus. A partir de um conjunto diversificado de fontes, pesquisamos suas relações familiares, o vocabulário empregado, sua rede de contatos e alianças políticas. O objetivo da investigação consistiu em compreender a personalidade complexa e capacidade de adaptação de Marcelino às intensas transformações políticas da época. Os resultados da pesquisa, cuja principal contribuição é compreender os desafios e caminhos trilhados por essa primeira geração de homens da política no Brasil, sugerem que Marcelino foi tanto uma pessoa que ascendeu na política pelos seus méritos quanto um indivíduo pertencente ao establishment.
RESUMO O artigo analisa diversos panfletos produzidos no contexto do movimento vintista luso-brasileiro, que tinham como tema central a rede de polêmicas formada em torno da denominada praga periodiqueira. A expressão aludia à notável proliferação de publicações políticas observada em meio ao processo de Independência. A abordagem enfatiza as diferentes visões referentes a questões como liberdade e limites da imprensa, função pública dos redatores, protocolos de escrita e mobilização política; em particular, os significados acerca da emergência de um conjunto de fórmulas discursivas que se tornaram referências de escrita pública e de debate político, no Brasil e em Portugal, ao longo do século XIX.
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