Resumo Neste ensaio, apresentamos contribuições dos Estudos sobre Deficiência para a construção de práticas psicossociais voltadas à garantia dos direitos humanos na Política de Assistência Social. Ao abordar a deficiência de forma crítica, dentre as contribuições desse campo de estudo para a prática dos psicólogos, destacam-se: a) a crítica ao modelo biomédico e a desconstrução de lógicas que produzem exclusão das pessoas que divergem do padrão normativo; b) a compreensão da deficiência como uma categoria de análise, com base em uma perspectiva interseccional e política; c) a crítica ao capacitismo e seus efeitos na marginalização das pessoas desviantes do ideal de normalidade; d) a ética do cuidado e as noções de dependência e interdependência como princípios norteadores da Política de Assistência Social. Consideramos a relevância de promover práticas psicossociais voltadas a uma perspectiva contra a patologização e discriminação tanto das pessoas com deficiência quanto das demais expressões da desigualdade social.
ResumoA heterogeneidade das formas de ativismo e resistência tem inscrito na esfera pública uma multiplicidade de cenas políticas que nos direciona a problematizar a polifonia e polimorfose dos sujeitos políticos contemporâneos. Nesta seara, este artigo tem como objetivo problematizar o próprio conceito de política, a partir da análise de algumas ações da Organização não-Governamental (ONG) Greenpeace, com intuito de propiciar reflexões em torno da emergência do sujeito político no contexto atual. A partir da tese de Jacques Rancière de que a base da política é estética, este texto discute algumas intervenções realizadas pelo Greenpeace, atrelando o debate político à esfera da reconfiguração sensível na vida coletiva. A partir de nossas análises, temos compreendido que o Greenpeace tem criado novas formas de inserção e transformação do espaço público em político, reinventando formas de militância mais fluidas, criativas e irreverentes que, em alguma medida, desestabilizam a gramática discursiva hegemônica da ordem vigente. Palavras-chave: política; estética; movimentos sociais. AbstractBodies displaced: Politics, aesthetics and environmental activism. The heterogeneity of forms of activism and resistance have inscribed in the public sphere a multiplicity of political scenes that make us to problematize the polyphony and polymorphism of contemporary political subjects. This paper aims to problematize the concept of politics, inspired by the analysis of Nongovernmental Organization (NGO) Greenpeace's actions, producing some reflections about the emergence of the political subject in the current context. From Jacques Rancière's thesis that the basis of politics is an aesthetic, we discuss Greenpeace's actions, linking the political debate to the sphere of sensible in a contemporary collective life. From our analysis, Greenpeace has created new forms of insertion and transformation of public space into political, reinventing more fluid, creative and irreverent forms of militancy that can destabilize the hegemonic discursive grammar of the hegemonic order. ResumenCuerpos fuero de lugar: Las relaciones entre politica, estetica y activismo ambiental. La heterogeneidad del activismo y la resistencia ha generado en la esfera pública una multiplicidad de escenarios políticos que nos llevan a cuestionar la polifonía y polimorfosis de los sujetos políticos contemporáneos. En este sentido, este artículo trata de problematizar el concepto mismo de política, a partir del análisis de algunas de las acciones de la organización no gubernamental (ONG) Greenpeace, con el objetivo de proporcionar reflexiones sobre la emergencia del sujeto político en el contexto actual. A partir de la afirmación de Jacques Rancière de que la base de la política es estética, este texto analiza algunas intervenciones realizadas por el Greenpeace, llevando el debate político a la esfera de la reconfiguración de lo sensible en la vida colectiva. De nuestro análisis, se deriva que Greenpeace ha creado nuevas formas de intervención y transformación del esp...
Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla, cujo objetivo geral foi identificar os discursos sobre as práticas de trabalho das equipes nos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) em diferentes municípios do Brasil, buscando problematizar os avanços no que se refere à promoção de experiências coletivas naquele contexto. Neste artigo, focamos no material de dois municípios da região sul do país, no que diz respeito a quem é o usuário na perspectiva dos trabalhadores da assistência social, por meio de entrevistas coletivas com cada equipe, em cada equipamento. A partir da psicologia sócio-histórica e das ideias de Jacques Rancière, analisamos os discursos, construímos cenas como material de pesquisa e com elas dialogamos categorias analíticas. Os resultados trouxeram duas categorias: a experiência da subjetivação política e a potência dos usuários da assistência social, apontando possibilidades para promoção da cidadania nos fazeres psicossociais. Palavras-chave: subjetivação política; usuários da assistência social; identidade
Este estudo teve por objetivo investigar o processo de vinculação junto ao Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), por parte dos usuários, de modo a compreender os sentidos atribuídos acerca de sua inserção e participação nesse serviço. A pesquisa, de cunho qualitativo, levantou informações através de entrevistas semiestruturadas junto a nove pessoas atendidas no PAEFI de uma cidade da região sul do Brasil. A perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural norteou a construção metodológica e analítica da pesquisa. Os núcleos de significação atrelados ao processo de vinculação junto ao PAEFI na percepção dos entrevistados foram: a) Contexto e movimentos no acesso ao serviço; b) Motivações e afetos relacionados à participação no serviço. O estudo apontou indicadores para pensar o contexto, a intersubjetividade e as contradições que envolvem as práticas psicossociais, vislumbrando o PAEFI como espaço potente da construção de vinculação com os usuários. Ressalta-se a importância de uma perspectiva ético-política voltada à participação e ao envolvimento dos usuários junto à política de assistência social brasileira.
Este artigo tem como objetivo identificar os sentidos atribuídos pelos usuários de um Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) acerca da articulação intersetorial realizada por este serviço, tal como é preconizada pela Política de Assistência Social Brasileira. As informações foram obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas junto a nove usuários do PAEFI de uma cidade da região Sul do Brasil e analisadas a partir dos núcleos de significação. O referencial teórico foi baseado na Psicologia Histórico-Cultural e autores da Psicologia Social Crítica. Os resultados indicam que a articulação intersetorial realizada por este serviço foi significada pelos usuários tanto como um trabalho integrado voltado à garantia dos direitos humanos, como também a um lugar de vigilância e disciplinarização. Propõe-se que as ações intersetoriais sejam pautadas no cuidado dialógico e em práticas emancipatórias junto aos sujeitos e contextos.
Por meio de um método ensaístico, sustentado pela teoria psicanalítica e seus enlaces com as teorias decoloniais e sociais críticas, este artigo reflete sobre as disputas pela memória e as possibilidades de elaboração de traumas coloniais, analisando os simbolismos de duas experiências ocorridas na cena pública brasileira: a quebra da placa em homenagem à memória de Marielle Franco e a queima da estátua em homenagem à Borba Gato. Apontamos que a aparição destas duas figuras no espaço público, bem como o atentado a elas, instauram diferentes possibilidades de compreensão da história e de elaboração de traumas psicossociais. Concluímos que o atentado à placa de Marielle se trata de uma tentativa de apagar sua memória, bem como dos diversos grupos oprimidos (mulheres, LGBTQIA+, pessoas negras) simbolizados por ela, mantendo, assim, as repetições mórbidas oriundas dos traumas coloniais. Já o atentado à estátua de Borba, simbolismo da expansão bandeirante no país, tensiona uma história oficial que oblitera as violentas ações perpetradas pelo Estado e segmentos da sociedade civil.
Resumo: Este estudo se caracteriza por reflexões tecidas a partir de uma prática psicossocial em um contexto escolar de Florianópolis. A escola Sarapiquá foi constituída por um grupo de pais que buscavam uma escola alternativa aos modelos tradicionais existentes na capital de Santa Catarina no início da década de 80. Inicialmente, o trabalho pedagógico voltou-se para o ensino infantil e há cinco anos inaugurou o ensino fundamental II (5ª a 8ª série). Desde então, vem buscando estratégias para aprimorar a proposta político-pedagógica, e suas respectivas práticas, para um melhor atendimento das novas demandas emergidas a partir da inserção do público jovem neste contexto. Neste processo, os profissionais da escola vêm enfrentando desafios, incertezas e reflexões. Ao mesmo tempo em que novos projetos e idéias são elaborados, busca-se também conservar as marcas alternativas, marcando um movimento de permanências e transformações, na identidade do projeto político-pedagógico. Pretende-se investigar quais os sentidos que os jovens da 7ª série atribuem a este espaço, buscando analisar a relação psicossocial entre os sujeitos e o contexto escolar. Ao refletir sobre as formas de subjetivação e objetivação destes jovens em relação ao local onde estudam, pode-se propiciar mediações entre os interesses e motivações dos estudantes e da coordenadoria, participando na construção de sujeitos críticos e de práticas educacionais mais satisfatórias para ambas as partes, sem comprometer a identidade alternativa da escola.Palavras-chave: Psicologia Social. Escola alternativa. Jovens. INTRODUÇÃOEste artigo visa refletir sobre uma prática psicossocial realizada em uma escola de Florianópolis a partir de teóricos da psicologia social, e de uma concepção sócio-histórica de sujeito e mundo. O projeto da escola Sarapiquá foi criado por um grupo de pais, em sua maioria, professores universitários e militantes de movimentos de esquerda, que buscavam construir um novo modelo de escola para seus filhos, diferente daqueles oferecidos pelas escolas tradicionais da cidade. A escola foi fundada em 1982 para atender crianças em idade pré-escolar. Diversas discus-*
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.