Resumo: A mobilidade tem importante papel sobre o mecanismo de mudança linguística no português brasileiro (BORTONI- RICARDO, 1985RICARDO, , 2011OUSHIRO, 2016). Em função da mobilidade, falantes entram em contato com variáveis linguísticas que não são de sua comunidade, levando-os a incorporá-las em seu repertório e a difundi-las em outras comunidades. Neste trabalho, objetivamos discutir o controle da mobilidade em variáveis linguísticas, de modo a compreender como, a partir do deslocamento e do contato, falantes podem mudar seu comportamento linguístico. O enfoque são estudos feitos com a amostra Deslocamentos (2019), do banco Falares Sergipanos (FREITAG, 2013), que considera a fala de universitários da Universidade Federal de Sergipe quanto a sua região de origem e sua inserção na comunidade acadêmica por tempo, tais quais os de Corrêa (2019), Ribeiro (2019) e Siqueira (2020). Os resultados obtidos demonstram que os falantes da amostra apresentam padrões linguísticos diferentes a depender de sua comunidade de origem.
No presente estudo, interessamo-nos em estudar a implementação de a gente nas funções de não sujeito na fala de sertanejos alagoanos. Assim, observamos a alternância entre nós e a gente pronomes, levando em consideração as funções de acusativo, dativo, (oblíquo) complemento e (oblíquo) adjunto. Ainda, procuramos saber qual a frequência de uso de cada forma, quais fatores sociais e/ou linguísticos condicionam o uso da variável e, por fim, questionar se estamos diante de uma variação estável ou uma mudança em curso. Baseado nisso, o presente trabalho leva em consideração o que é proposto pela Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008), associados aos estudos de Lopes (2002, 2004), Ramos, Bezerra & Rocha (2009), Vianna & Lopes (2012, 2013), Vitório (2017). Os dados analisados foram extraídos a partir do banco de dados do Projeto A Língua Usada no Sertão Alagoano (LUSA) e rodados no programa computacional GoldVarb X. Após a análise dos dados, concluímos que, embora haja a variação pronominal nas funções estudadas, o pronome conservador encontra-se com um maior índice de realização, havendo pouca realização do a gente e que essa variação é condicionada apenas por fatores internos, além de apresentar uma variação estável.
Neste trabalho, resenhamos a conferência proferida pelo professor Francisco Eduardo Vieira (UFPB) cujo foco foi a historiografia da Gramática Tradicional (GT), sua epistemologia e aplicação ao ensino. Vieira (2020) defendeu que a GT não deve ser compreendida somente como um livro, conteúdo, disciplina ou doutrina em um sentido oposto de ciência, pois se trata de uma Teoria Linguística. Para justificar seu posicionamento, o professor pauta-se nos postulados de Laudan (1978) e apresenta o percurso histórico da GT em diferentes abordagens até chegar à proposta geral de abordagem no ensino. O ponto-chave de sua apresentação pauta-se no posicionamento de que a oração, enquanto unidade máxima de análise, é uma categoria linguística que precisa ser estudada não somente em pesquisas linguísticas, mas, e sobretudo, nas aulas de língua portuguesa.
Neste texto, resenhamos a conferência proferida pela professora doutora Mary Kato, intitulada Determinantes prosódicos em mudança sintática. Na conferência, Profa. Kato traça uma trajetória em relação aos estudos sobre o Parâmetro do Sujeito Nulo no português brasileiro (PB), explanando as principais descobertas quanto ao assunto, como forma de apresentar os novos desdobramentos sobre: a mudança sintática que há no PB quanto ao preenchimento do sujeito; e a inserção de fatores prosódicos e estilísticos com efeitos sobre a mudança. A conferência oferece importantes contribuições para o estudo sobre o parâmetro do sujeito nulo no português brasileiro, sintetizando o que já foi discutido, à medida que aponta novos caminhos a serem percorridos.
Neste trabalho, comparamos resultados de três conjunto de dados sobre a estrutura de sintagmas nominais possessivizados no português brasileiro falado, com especial atenção para os possessivos antepostos a nomes, como em sua casa, e possessivos pospostos a nomes, como em uma casa sua, de modo a observar se é possível apresentar uma generalização para o comportamento dessa estrutura na língua. Usamos como base para a comparação as descrições feitas por Neves (1993) e Franchi (1996), que trabalham com dados de fala do NURC, e dados de fala do banco Falares Sergipanos. Como método, adotamos o descritivo/inferencial, de modo a observar a distribuição e a associação entre os dados. Os testes de associação apontam que, em ambos tipos de possessivos, há mais diferenças entre as três amostras e seus resultados do que semelhanças, o que não nos permite desenvolver uma generalização do comportamento desses SN para o português.
In this paper, a study about the presence of the definite article before possessed NP (D-presence) in Brazilian Portuguese is carried out with a sample constituted by sociolinguistic interviews with students from the Federal University of Sergipe (UFS), Brazil, to observe whether the distribution pattern of the variable suggests an effect of mobility in the students’ speech. An analysis is carried out with a sample from the Deslocamentos 2020 dataset, composed of sociolinguistic interviews with college students from Universidade Federal de Sergipe (UFS), balanced for degree of mobility (students from Sergipe, Alagoas, and Bahia), time in the undergraduate program, and sex (n = 60). Results show that D-presence is sensitive to dialectal factor, with D-absence predominating in data from Sergipe and Alagoas, and D-presence predominating in data from Bahia, but it is not sensitive to the integration into the new community considering speakers’ time in the undergraduate program. This result contributes to revealing how mobility affects grammar at the morphosyntactic level.
Um dos desafios do ensino de português como língua materna é o de articular as práticas de linguagem preconizadas nos documentos oficiais (leitura, produção de texto, oralidade e análise linguística/semiótica) de modo contextualizado e significativo para o aluno. Neste texto, apresentamos uma proposta de sequência didática baseada nos pressupostos teórico-metodológicos de Dolz, Noverraz e Shneuwly (2004), na perspectiva da pedagogia culturalmente sensível (ERICKSON, 1987; BORTONI-RICARDO, 2003) e nas orientações da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017). Propomos uma sequência didática relacionada aos impactos da pandemia de Covid-19 no mundo do trabalho à medida em que são desenvolvidas habilidades relativas ao componente curricular Língua Portuguesa, especificamente a relação entre oralidade e escrita, a partir da retextualização de entrevistas orais para a modalidade escrita. Apresentamos, detalhadamente, a sequência didática e analisamos sua aplicação em uma turma de 7° ano do Ensino Fundamental da rede municipal de Água Branca, no interior do estado de Alagoas, durante a pandemia de Covid-19. A partir disso, evidenciamos a produtividade da proposta e apontamos para a possibilidade de replicação em outros contextos educacionais.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.