Objeto de estudo de disciplinas interessadas nas relações humano-ambientais, o apego ao lugar traduz-se pelo vínculo afetivo estabelecido entre pessoas e cenários físicos. Com o objetivo de avaliar as práticas de investigação do apego ao lugar quanto ao modo como se relacionam às características dos estudos da Psicologia Ambiental, fez-se análise da produção de artigos científicos relacionados ao tema, disponibilizados nas bases de dados Science Direct e Sage. Examinaram-se aspectos como a complexidade do objeto de estudo, a multidisciplinaridade, as perspectivas teóricas, os paradigmas de investigação e a abordagem multimetodológica. Os resultados da análise demonstraram que a pesquisa do apego ao lugar parece ainda evitar a triangulação metodológica proposta para os estudos pessoa-ambiente, mas, de modo geral, apontaram proximidades quanto a sua investigação e à produção de conhecimento da Psicologia Ambiental.
A interação do ser humano com seus diversos ambientes vem sendo investigada pela psicologia ambiental, que estuda a influência mútua de fatores ambientais e comportamentais. Este artigo concentra-se na importante e conhecida relação entre a qualidade dos ambientes e a saúde humana. Trata-se de estudo teórico relativo a três temáticas: desenvolvimento de apropriação e apego em ambientes construídos; influência dos fenômenos territorialidade/privacidade na atenção à saúde mental, e aspectos psicofisiológicos da interação pessoa-ambiente virtual. Importantes indicadores relacionaram a redução das opções de apropriação dos ambientes ao adoecimento. Igualmente, identificou-se que a atenção integral à saúde requer um olhar específico sobre as particularidades das relações humano-ambientais aí estabelecidas. Por fim, face à crescente exposição aos ambientes virtuais, viu-se a necessidade de maior compreensão da psicofisiologia própria dessas interações. Procurando ampliar o conhecimento dos fenômenos psicológicos nas interações humano-ambientais, este artigo oportuniza um panorama de contribuições teóricas diversas na literatura científica recente.Palavras-chave: psicologia ambiental; saúde; saúde mental; espaço. ABSTRACTHuman interaction with their environments has been investigated by environmental psychology, which studies the mutual influence of environmental and behavioral factors. This article focuses on important relationship between the quality of environments and human health. It's a theoretical study about three themes: development of ownership and attachment in built environments; influence of the phenomena territoriality/privacy in the care of mental health, and psychophysiology aspects of the person-virtual environment interaction. Important indicators related the reduction of the options of ownership of environments to illness. Also, it was identified that health care requires a specific look on the particularities of human-environmental relationships established. Finally, given the increasing exposure to virtual environments, it was realized the need for greater understanding of the psychophysiology of these interactions. Looking for expanding the knowledge of the psychological phenomena in human-environmental interactions, this article provides an overview of theoretical contributions in several recent scientific literature.Keywords: environmental psychology; health; mental health; space. IntroduçãoMuitos dos avanços na psicologia estão atrelados à sua capacidade de estudar os fenômenos psicológicos sob óticas diversas. O conhecimento sobre esses fenômenos tem auxiliado o desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações em diversos espaços de atuação humana, seja no lazer, no trabalho ou na família. Áreas como a psicologia ambiental têm ganhado espaço na tentativa de ampliar a compreensão acerca dos fenômenos psicológicos.A interação do ser humano com os seus diversos ambientes vem sendo investigada pela psicologia ambiental, que tem como objeto a influência mútua de fatores ambientais e comportamentai...
As mensagens comunicadas pelo ambiente físico são consideradas uma fonte de estresse nos hospitais quando não correspondem às expectativas ambientais dos pacientes. No presente estudo, hipotetiza-se que o ambiente físico hospitalar consinta a recuperação a partir do estresse, caso suscite cognições e afetos de valência positiva. Desse modo, buscou-se identificar atributos físicos visuais de quartos de internação pediátricos que comunicam aos pacientes mensagens ambientais ligadas ao processo de restauração afetiva do estresse. Participaram da investigação 50 pacientes, com idade superior aos 8 anos. A pesquisa se deu em quartos de um hospital pediátrico da Região Sul do Brasil, por meio de entrevistas semiestruturadas a partir de fotografias. Os resultados indicaram que quartos percebidos pelos pacientes como ambientes restauradores foram vistos caracteristicamente como lugares confortáveis, mas também como ambientes alegres, bonitos, tranquilos e reconfortantes. Ao se estabelecer uma correspondência entre esses significados ambientais e os atributos físicos visuais que os geram, este estudo concluiu que as seguintes características do quarto de internação desempenham um papel na comunicação de mensagens ligadas ao processo restaurador: (a) mobiliário adequado; (b) ambiente colorido; (c) acesso visual ao ambiente exterior; (d) acesso a equipamentos que podem oferecer distração positiva; (e) amplitude; e (f) organização da estrutura hospitalar. O estudo de ambientes restauradores através da análise do significado ambiental mostrou-se pertinente, lançando luz sobre alguns dos aspectos que podem promover o bem-estar do paciente pediátrico.
A percepção espacial diz respeito a posturas de diferentes naturezas frente ao entorno: estabelecemos com ele relações utilitárias, relações que evocam características simbólicas do espaço, ou, ainda, que estão fundamentadas em sensações decorrentes do envolvimento direto e atual do indivíduo junto ao ambiente. O presente ensaio reúne impressões que habitam os três universos acima considerados e faz parte de um exercício que busca evidenciar o sentido próprio da arquitetura. Uma vez que a investigação da natureza do objeto arquitetônico, como espaço do habitar que é, passa pelo entendimento das qualidades de ser humano, elegemos temas que fazem supor aspectos dessa condição (desejos, necessidades, metas), entre eles: água, fogo, interior e exterior, luz e sombra, movimento, vazio. E o fizemos através da casa, obra primeira da referência existencial, concebida como extensão do corpo e que carrega, tal qual o corpo, a imagem da totalidade, através da condição natural de microcosmo particular.
RESUMO:O uso da técnica fotográfica tem atraído cada vez mais a atenção de pesquisadores no campo disciplinar da psicologia de modo geral e, especificamente, nos estudos das relações humano-ambientais, tais quais aqueles dedicados à investigação de ambientes restauradores: ambientes que permitem ou promovem a recuperação de recursos psicofisiológicos e sociais alterados pelas condições da vida cotidiana. Face às potencialidades de uso da fotografia nesse âmbito de estudo e à escassez de trabalhos sobre o tema no Brasil, o presente artigo objetiva apresentar a aplicação de técnicas fotográficas em duas investigações executadas em hospitais, acerca da capacidade restauradora de ambientes, e dedicadas ao exame da restauração a partir da condição de estresse. O Estudo 1 percorre o espaço de um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, localizado na Região Sul do Brasil, e discute a aplicação de imagens na função autofotográfica associada a entrevistas com funcionários da instituição. O Estudo 2 envolve pacientes pediátricos em quartos de internação de hospitais gerais no norte da Itália e apresenta a execução de entrevistas a partir da fotografia em sua função modelo. O artigo também introduz algumas modalidades de uso da fotografia em pesquisas psicológicas, possibilidades de análise, revisa aplicações da técnica fotográfica em estudos sobre ambientes restauradores e aponta potencialidades e limitações metodológicas relativas.Palavras-chave: fotografia; ambientes restauradores; restauração; hospital; estresse. ABSTRACT:The use of photographic techniques has increasingly attracted researches' attention in the disciplinary field of Psychology generally and, specifically, in the study of humanenvironmental relationships, such as those dedicated to the research on restorative environments: environments that allow or promote recovery of psychophysiological and social resources altered by the conditions of everyday life. Given the potential use of photography in this area and the lack of studies on the subject in Brazil, this article presents the application of photographic techniques in two investigations about the restorative capacity of environments. Such studies were performed in hospitals and examined the restoration from the stress condition. Study 1 examines the space in a custody and psychiatric treatment hospital, located in Southern Brazil, and discusses the application of images, which were produced by the participants, associated with interviews with staff of the institution. Study 2 involves pediatric
ResumoConsiderando que cognições positivamente valorizadas acerca de um ambiente podem conduzir à formação de laços afetivos com o lugar, este estudo objetivou conhecer como estudantes gostariam que certos espaços escolares fossem constituídos. A pesquisa ocorreu em uma escola pública de Florianópolis (Brasil). Participaram do estudo, respondendo a um questionário de perguntas abertas, 508 estudantes dos 12 aos 20 anos de idade, que cursavam da sétima série do ensino fundamental à terceira série do ensino médio. Aspectos a serem considerados na concepção do melhor ambiente escolar, segundo as declarações fornecidas, submetidas à análise de conteúdo temático-categorial, foram: conservação dos ambientes e provimento de artigos para consumo; móveis e equipamentos apropriados às necessidades dos usuários; elementos naturais e construídos desejáveis; conforto termo lumí-nico e acústico; identificação com o lugar; sensações ambientais agradáveis; bons professores, alunos interessados e propostas didático-pedagógicas interessantes; bom atendimento, bom relacionamento interpessoal e vigilância não restritiva à liberdade dos alunos. Palavras-chave: psicologia ambiental, escola, arquitetura escolar, análise de conteúdo
Este trabalho debateu a técnica do Mapeamento Comportamental (MC), tecendo uma refl exão acerca dos objetivos de sua aplicação em função da nomenclatura que recebem. Para tal, apresenta uma revisão de estudos empíricos realizados entre 2005 e 2015. Por meio de análise de juízes, os 14 estudos que compuseram a revisão foram examinados de acordo com os seguintes quesitos: departamentos de origem do estudo, referenciais teóricos utilizados, pergunta ou tema de pesquisa, conteúdo da discussão e conteúdo das considerações fi nais. A partir disso, os juízes defi niram a ênfase dos artigos, se na pessoa ou no ambiente, bem como avaliaram o desenho de MC desenvolvido face aos objetivos. Discutiu-se o tipo da nomenclatura empregada, tendo em vista que os estudos internacionais fazem uso da expressão "mapeamento comportamental" e não utilizam os complementos "centrado no lugar" ou "centrado na pessoa" encontrados na literatura nacional. Os estudos internacionais preocupam-se em delinear o problema de pesquisa, e o instrumento é construído a partir das hipóteses ou objetivos, assumindo variados desenhos e modos de aplicação. Finalmente, propôs-se a adoção da nomenclatura "mapeamento comportamental" já que esta demonstra-se sufi ciente e ampla, de modo que permite a criação de desenhos de instrumento adaptados às demandas da pesquisa.
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