Nota do tradutorAo texto intitulado "Sobre virtudes e vícios" apõe-se o duplo asterisco que, na edição das obras completas de Aristóteles, é sinal de autoria espúria. Segundo um de seus tradutores, H. Rackham -que se baseia nas lições de Susemihl e Zeller -, ele teria sido composto entre o primeiro século a.C e o primeiro d.C, por autor que, sem muita profundidade e argúcia (haud magni ingeni), segue as tendências do período eclético (a philosopho ecletico) e tenta resumir e conciliar (conciliare studebat) a ética aristotélica com elementos de filosofia platônica (tripartição da alma) e alguns rasgos de estoicismo, como se percebe pela antítese entre louvar/censurar. Assim, a primeira data tornaria possível atribuí-lo a alguém do círculo de Andrônico de Rodes -que editou e comentou algumas obras de Aristóteles -, e para tal hipótese contribui o fato de que uma cópia do manuscrito tenha sido conservada junto de outro tratado, "Sobre os afetos", que costuma ser atribuído a esse escoliarca. Contudo, outros eruditos discordam dessa solução e conferem ao texto data posterior, dado que tenha sido igualmente conservado nos "Florilégios" de Estobeu (V d.C) e numa versão dos manuscritos de Aristóteles, recebendo títulos diversos, como, por exemplo, "Sobre virtude" ou "De Aristóteles sobre virtudes". O tratamento descritivo das virtudes e vícios também demonstra que o trabalho se conecta aos "Caracteres" de Teofrasto. Segundo Ernst Schmidt, tradutor alemão, a mais antiga edição moderna do texto data de 1529, estando assim ausente na primeira edição Aldina. No entanto, com a publicação das obras de Estobeu (1535), bem como por seu cariz didático e sua curta extensão, o pequeno tratado recebeu várias edições acompanhadas da tradução latina, tornando-se popular entre os círculos letrados.