RESUMO:Este texto apresenta uma discussão quanto à "centralidade da cultura" e sua importância nas problematizações cotidianas de grupos culturais na busca do reconhecimento de suas diferenças. Nesse sentido, pretendemos abordar a constituição da "essencialidade" de uma cultura surda com a tentativa de apresentarmos um deslocamento dessa "pureza cultural" para um território híbrido e de fronteira. Para a construção deste texto vamos nos valer de autores que se aproximam do campo dos estudos culturais e de uma perspectiva pós-estruturalista. Quando nos propomos a trabalhar a surdez a partir desta perspectiva, é necessário rompermos com a busca de uma "pureza cultural", da "essência cultural". Propomos um distanciamento da indagação: "o que é mesmo a cultura surda?" nos interessando, sim, pelas condições de possibilidade de diferentes nuances de culturas surdas. Procuramos trazer à discussão os discursos dos movimentos das comunidades surdas em favor do reconhecimento das suas diferenças e especificidades culturais, considerando importante problematizá-los e localizá-los em "territórios contestados", em que as culturas e as identidades não são fixas, mas sim móveis, fragmentadas e híbridas. Propomos pensar a problematização de uma identidade surda, de um essencialismo ou mesmo de uma autenticidade a ser definida, para então pensarmos em cenários onde os discursos da surdez são levados a cena, e onde à constituição de ser surdo deve ser entendido como uma contingência histórica e cultural. PALAVRAS-CHAVE:Identidades culturais; Culturas surdas; Discursos; Movimentos surdos DEAFNESS: A TERRITORY OF BOUNDARIESABSTRACT This paper presents a discussion about the "centrality of culture" and its importance on the quotidian problems found by cultural groups searching for the acknowledgement of their differences. Therefore, we intend to approach the "essentiality" constitution of a deaf culture, as an attempt to move that "cultural purity" towards a hybrid territory, a territory of boundaries. For writing this paper we have made use of the work by authors who approach the field of cultural studies and of a post-structural perspective. When we set out to perceive deafness from that perspective, it is necessary to stop seeking a "cultural purity", the "cultural essence". We propose taking a step back from asking "what is deaf culture anyway?", and look for possible conditions for the different shades of the deaf culture. We want to discuss the discourse of the movements of deaf communities for the acknowledgment of their differences and cultural specificities, as we consider it important to discuss them and localize them in "contested territories", where cultures and identities are not fixed but mobile, fragmented and hybrid. We propose thinking about the issue of a deaf identity, of an essentialism or even an authenticity to be defined, so that we can think of scenarios where the deaf discourses can be carried out, and where the constitution of being deaf must be understood as a historical and cultural contingency.
ResumoO artigo analisa como a inserção da disciplina de Libras -Língua Brasileira de Sinais -no Realizamos a busca em diferentes sites de pesquisa, como o Scielo e o Google, encontrando dissertações e teses, bem como artigos disponibilizados em livros, revistas ou anais de eventos.Verificamos que essas produções analisam: a legislação enquanto política que obriga a inserção da disciplina no Ensino Superior; os currículos a partir de planos de ensino das disciplinas; as implicações da disciplina na formação de professores para atuarem com alunos surdos na inclusão; a formação do professor de Libras no Ensino Superior; os materiais didáticos para a disciplina de Libras. São efervescentes os discursos em torno da disciplina de Libras, produzindo 1Doutoranda em Educação pelo Programa
Este artigo apresenta resultados de uma investigação que teve o objetivo de analisar como são produzidos jeitos de ver e jeitos de ser por meio das representações sobre o ''outro'' nos livros de literatura infantil e como essas representações vêm sendo re/produzidas nos espaços escolares por professores e alunos. A investigação desenvolveu-se em duas etapas distintas, articulando metodologias a partir de referencial teórico inscrito no campo dos Estudos Culturais em Educação, sendo elas a análise de discurso e o estudo de recepção. Percebe-se nos enredos uma demarcação da diferença como desvio, como alguém que se distingue/difere da maioria; descrevem-se situações de estranhamento que a presença do ''outro'' provoca; a esses personagens são atribuídos, em geral, o papel de vítima, herói ou vilão. Há a predominância da abordagem da boa e necessária convivência entre os diferentes e da aceitação e da tolerância, fazendo parte da lógica que perpassa as narrativas construídas por professoras e alunos.
1Utilizo o termo dispositivo a partir do sentido dado por Foucault (1990a), quando tenta " demarcar, em primeiro lugar, um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não-dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre estes elementos" (p. 244).
Este artigo analisa as políticas de educação de surdos produzidas no Brasil e em Portugal, nos últimos anos, no que se refere ao reconhecimento das línguas gestuais/de sinais, às proposições para a educação para surdos, bem como à formação de professores para atuarem com alunos surdos. Nesse sentido, realiza-se uma análise dos processos de produção dos textos legais e das suas relações com outros documentos, bem como dos processos da sua implementação/ interpretação. Destacam-se nesta análise o Decreto Federal brasileiro nº 5.626/2005 e o Decreto-Lei português nº 3 de 7 de janeiro de 2008. Em muitos aspectos Portugal e Brasil se assemelham, como, por exemplo, no reconhecimento, sem a oficialização, das suas línguas gestuais/de sinais (LGP e Libras, respectivamente). No entanto, há outros aspectos em que se distinguem, como por exemplo o fato de em Portugal estar mais explícita a influência da União Europeia nas suas decisões políticas, bem como nas decisões e ações do movimento associativo surdo. Conclui-se que as políticas de educação de surdos em ambos os países são resultado das negociações entre, por um lado, as lutas travadas pelos movimentos surdos, e, por outro, a emergência de políticas inclusivas. Torna-se evidente que a luta dos movimentos surdos precisou negociar os seus significados para ser assumida como política pública, e isso ocorreu em um contexto de implementação da política inclusiva. Palavras-chaveEducação de surdos -Políticas educativas -Inclusão -Formação de professores -Línguas gestuais/de sinais.
Este artigo tem como objetivo analisar as representações sociais que as Mulheres Surdas fazem de si e os efeitos dessas representações na construção de suas identidades e, de maneira específica, ilustrar a concepção de feminismo que as mulheres surdas possuem. A pesquisa é de cunho qualitativo entrelaçada com a Teoria das Representações Sociais, com o foco nas representações que as Mulheres Surdas fazem de si; isto é, na maneira como elaboram e partilham simbologias significantes e construtivas de suas identidades. Por sua vez, as bases teóricas desta pesquisa provêm do campo epistêmico: feminismo, surdez e das representações sociais. As considerações finais ilustram as concepções de Mulheres Surdas sobre o feminismo e as representações sociais sobre suas identidades. Identidade pressuposta, a partir da invisibilidade, exclusão e preconceito que os outros lhes narravam, e identidade metamorfose, com empoderamento, no reconhecimento de suas diferenças e na valorização delas.
No abstract
O artigo apresenta reflexões sobre o ensino e a aprendizagem da alfabetização cartográfica nos anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo como eixo o Estágio Obrigatório do curso de Pedagogia, realizado em uma escola pública estadual do município de Pelotas/RS, com turma de 3o ano do Ensino Fundamental. O objetivo é registrar e discutir algumas atividades pedagógicas que foram realizadas nos espaços de sala de aula durante o estágio, tendo como foco os desafios que emergiram para a aprendiz de professora e as aprendizagens adquiridas pelos alunos enquanto aprendizes das noções espaciais. A escrita inspira-se em uma perspectiva defendida por Shulmann (2014) de que o registro de situações de ensino, nas quais ações e raciocínios pedagógicos sejam explicitados, tem um bom potencial formativo. Através desse registro escrito e da sua socialização com os pares, situações e decisões pedagógicas podem ser fortalecidas, bem como construídas aprendizagens para a docência e elos entre a teoria e a prática dos professores que contribuem tanto em processos de formação inicial quanto de formação continuada de docentes. O texto mostra um processo de ressignificação teórico-metodológica ocorrido no estágio que proporcionou o ensino e a aprendizagem de elementos da cartografia, bem como uma etapa da formação docente. PALAVRAS-CHAVE Estágio curricular. Ensino da Geografia nos anos iniciais. Alfabetização cartográfica. CARTOGRAPHIC LITERACY IN INITIAL YEARS AS A CHALLENGE OF A PEDAGOGUE ABSTRACT The article presents reflections on the teaching and learning of cartographic literacy in the early years of elementary school, based on the Mandatory Internship of Pedagogy course realized at a state public school in the city of Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil. The objective is to register and discuss some pedagogical activities that were implemented in the classroom during the internship, focusing on the challenges that emerged for the apprentice teacher and the learning acquired by the students while apprentices of the spatial notions. The writing is inspired by a perspective defended by Shulmann (2014) that the educational situations records in which actions and pedagogical reasoning are explicit has a good formative potential. Through this written record and their socialization with the peers, pedagogical situations and decisions can be strengthened, as well as constructed learning for teaching and links between the theory and practice of teachers that contribute both to processes of initial formation as well as to continuous formation of teachers. The article shows a theoretical-methodological re-signification process that took place at the internship that provided the teaching and learning of cartography elements, as well as a stage of teacher formation. KEYWORDS Curricular internship. Geography teaching in the initial years. Cartographic literacy. ISSN: 2236-3904REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO EM GEOGRAFIA - RBEGwww.revistaedugeo.com.br - revistaedugeo@revistaedugeo.com.br
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