O objetivo deste texto é analisar as políticas de saúde para os povos indígenas no Brasil, tendo como marco a Constituição Federal de 1988 e os seus desdobramentos para o atendimento médico-assistencial destas populações. Destacam-se três eixos norteadores para esta análise: o projeto gestor, balizado pelas noções de “autonomia” e “controle social”, mas que traduz certo modo de organização das formas de representação e participação indígenas no plano das políticas públicas estatais; o pressuposto da noção da “atenção diferenciada” para a construção de um modelo assistencial inclusivo, mas operacionalmente normativo; e, por fim, a relação entre o modelo gestor de atenção à saúde indígena e as próprias práticas terapêuticas indígenas.
Este artigo investiga algumas relações entre xamanismo, poder político e feitiçaria no Alto Xingu, a partir da descrição da trajetória de um xamã daquela região. Trata-se de um homem que passou por uma experiência atípica de transformação em xamã, marcada por uma aliança com “espíritos” muito poderosos e pela incorporação de elementos do cristianismo. Em seu período de ascensão, ele foi considerado “mestre” dos xamãs em muitas aldeias da região, introduziu novas práticas de cura e ensaiou, em sua aldeia de origem, o exercício de um tipo ambíguo de influência marcada ao mesmo tempo pelo respeito e pela coerção. O objetivo deste trabalho é reunir elementos que permitam compreender esta trajetória que, apesar de peculiar, reúne e esclarece aspectos importantes das dinâmicas políticas alto-xinguanas.
Resumo Durante a última década assistimos ao retrocesso paulatino das políticas públicas de atenção à saúde indígena no Brasil, principalmente no que concerne aos pilares básicos da sua formulação, construídos a partir da década de 1980: atenção específica e diferenciada, participação e controle social. Este texto, apesar de citar alguns momentos críticos desse processo, dá ensejo a algumas reflexões sobre os modos como as políticas e as práticas, essencialmente biomédicas, podem ser compreendidas no contexto mais geral das sociedades indígenas no país.
O livro organizado por Bruna Franchetto e Michael Heckenberger vem suprir e atualizar uma importante lacuna na etnologia brasileira contemporânea: os povos do Alto Xingu, objetos de estudos realizados desde as expedições de Karl Von de Steinem, em 1884, até as etnografias acumuladas, particularmente, nas décadas de 1960 e 1970, logo após a criação, em 1961, do Parque Nacional do Xingu. Esses povos têm, entretanto, estado ausentes de uma discussão etnográfica e de políticas indigenistas atuais, principalmente, tendo em vista o importante processo de transformações que tem ocorrido no Parque durante a última década, com a retirada progressiva da Funai da prestação de serviços assistenciais às suas comunidades, que vêm se reorganizando para fazer face às novas formas de relação com a sociedade nacional que hoje se lhes apresentam.Três são os principais aspectos que norteiam a organização do livro como um todo.O primeiro deles está presente na própria concepção interdisciplinar da coletânea, enriquecida com a discussão de matérias e argumentos distintos (antropologia, ecologia cultural, arqueologia, etnohistória, linguística), os quais procuram dar conta dos vários temas que a diversidade cultural alto-xinguana oferece. Temos, assim, na primeira parte do livro: os estudos arqueológicos e etnohistóricos mais recentes de Heckenberger ou linguísticos de Franchetto; um panorama da bioantropologia local, feito por Ricardo Santos e Carlos Coimbra; a geografia política realizada por Maria Lúcia Pires Menezes; os dados preliminares para uma iconografia no Xingu por Aristóteles Neto; Dole e a difusão de práticas culturais; Gregor fundamentando a "paz intertribal" tomando o casamento como artifício de pacificação do inimigo. Na segunda parte, textos etnográficos, referentes a alguns dos grupos altos xinguanos (Waurá, Kuikuro,
N ão é tarefa simples apresentar um dossiê originalmente concebido por um colega e amigo que se foi tem tão pouco tempo, cujas lembranças vivamente nos acompanham. Apesar da dificuldade, trata-se exatamente disso: o dossiê Amazônia: sociedade e natureza foi originalmente idealizado pelo colega e amigo João Valentin Wawzyniak, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entre os anos de 2001 e 2011, quando faleceu sem que pudesse nem mesmo ter dado início ao projeto. Quando seus colegas de departamento convidaram-nos a dar seguimento à ideia, imediatamente aceitamos, e o dossiê acabou se convertendo em uma homenagem. Se na concepção original estava prevista a chamada pública para contribuições, os artigos que agora compõem o dossiê foram escritos por nossos convidados, pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa, que, tendo ou não contato com os trabalhos de Valentin, dispuseram-se a nos acompanhar nessa homenagem, dado o vértice amazônico que os aproximam ao saudoso amigo: todos eles, por diferentes temáticas e a partir de diferentes lugares, pesquisam na Amazônia.
N ão é tarefa simples apresentar um dossiê originalmente concebido por um colega e amigo que se foi tem tão pouco tempo, cujas lembranças vivamente nos acompanham. Apesar da dificuldade, trata-se exatamente disso: o dossiê Amazônia: sociedade e natureza foi originalmente idealizado pelo colega e amigo João Valentin Wawzyniak, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entre os anos de 2001 e 2011, quando faleceu sem que pudesse nem mesmo ter dado início ao projeto. Quando seus colegas de departamento convidaram-nos a dar seguimento à ideia, imediatamente aceitamos, e o dossiê acabou se convertendo em uma homenagem. Se na concepção original estava prevista a chamada pública para contribuições, os artigos que agora compõem o dossiê foram escritos por nossos convidados, pesquisadores de diferentes instituições de ensino e pesquisa, que, tendo ou não contato com os trabalhos de Valentin, dispuseram-se a nos acompanhar nessa homenagem, dado o vértice amazônico que os aproximam ao saudoso amigo: todos eles, por diferentes temáticas e a partir de diferentes lugares, pesquisam na Amazônia.
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