Resumo: Este artigo pretende explorar o sentido duplo da narrativa que vende. Por um lado, parte da pergunta sobre o que faz o sucesso de certas narrativas ficcionais que se vendem bem enquanto produtos, os best sellers; por outro, pergunta-se sobre a natureza das narrativas que são construídas para vender algo, a narrativa publicitária, também conhecida pelo termo storytelling. A partir disso, busca-se a verificação de uma possível confluência entre os dois tipos de narrativas. Para a construção de hipóteses para tais questões, parte-se do modelo teórico e metodológico da narratologia.Palavras-chave: narratologia; best seller; storytelling; literatura; mercadoria.Abstract: This paper will explore the double sense of the narrative that sells. On the one hand, the text assumes the question about what makes the success of some fictional narratives that are sold well as products: the best sellers; on the other hand, this text asks about the kind of the narratives that are built to sell something, the advertising narrative, also known by the term storytelling. From this, is sought a possible confluency between the two types of narratives. For the construction of hypotheses for such issues, the paper uses the theoretical and methodological model of narratology.Keywords: narratology; best seller; storytelling; literature; merchandise.
A narratologia como modelo críticoNão é recente o debate no âmbito dos estudos literários que coloca a exegese do texto e a própria hermenêutica numa encruzilhada que apresenta caminhos aparentemente opostos: de um lado, a análise imanente, preocupada com a depreensão de formas, padrões, esquemas, categorizações e conceitos descritores do que se entende pelo fenôme-no linguístico-discursivo tido como literário; de outro, a análise que se utiliza do assim chamado objeto literário para atingir algo que se coloca fora dele, seja enfatizando o que lhe é anterior e, portanto, motivador Letras, Santa Maria, v. 26, n. 53, p. 13-43, jul./dez. 2016 14
Luís Fernando Prado Telles(aquilo que representa do mundo) ou aquilo que faz revelar e que, por conseguinte, pode ser entendido, grosso modo, como um seu efeito ou consequência. O perigo, no primeiro caso, é a análise literária ser conduzida, e ficar restrita, a uma espécie de gramática do literário, vindo esta a se perder no emaranhado conceitual descritivo, resolvendo-se numa tautologia formalista e estrutural que pouco pode acrescentar à construção dos sentidos do texto literário, à sua hermenêutica, enfim.No segundo caso, o que pode ser problemático é justamente o contrá-