Resumo: Este artigo discute a história das irmandades que congregaram escravos e libertos africanos e seus descendentes em Portugal, no século XVIII. Para tanto, leva em consideração um panorama mais geral da história e da historiografia da escravidão e da presença africana em Portugal. Busca compreender o contexto de surgimento e as singularidades das irmandades de negros no cenário das confrarias leigas portuguesas. E, finalmente, destaca com especial atenção, a importância destas organizações na configuração da vida comunitária e na defesa dos interesses das populações liberta e escrava.
Resumo. Este artigo discute a constituição, no fi nal do século XIX e início do século XX, de um importante paradigma para os estudos afro-brasileiros. Defi nidos a partir do reconhecimento de uma hierarquia entre os povos africanos, os estudos inaugurais da Escola Baiana de Antropologia muito colaboraram para a visibilidade dos africanos ocidentais -nagôs e malês -nos estudos afro-baianos de várias gerações e, como contraponto, para a invisibilidade de outros grupos -angolas e outras "nações" centro-africanas. De outra parte, o texto apresenta um dos mais destacados espaços de visibilidade dos africanos centrais na Bahia: as irmandades, especialmente aquelas dedicadas ao culto do Rosário de Nossa Senhora.Palavras-chave: africanos na Bahia, estudos afro-brasileiros, angolas na Bahia, irmandades.Abstract. Th is article discusses the constitution, at the end of the 19 th century and the beginning of the 20 th century, of an important paradigm for Afro-Brazilian studies. Defi ned on the basis of the acceptance of a hierarchy among diff erent African groups, the fi rst studies of the Bahian School of Anthropology helped to make West Africans -the Nagô and Malê -much more visible in Afro-Brazilian studies than groups from Central Africa, such as the Angolans and other nations. Th e article also presents one of the most important places where groups form Central Africa were present in Bahia, viz. the brotherhoods, mainly those dedicated to the worship of Our Lady's Rosary. -doi: 10.4013/htu.2010.143.03 No ano de 1889, Raimundo Nina Rodrigues, médico maranhense, recém-formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, passou a residir na cidade da Bahia. Coube ao médico legista, fundador e primeiro presidente da Sociedade de Medicina Legal e Criminologia da Bahia (Lima, 1984, p. 4), inaugurar uma área de pesquisa que viria futuramente tornar-se o mais importante fi lão dos estudos afro-brasileiros: as manifestações religiosas de origem africana. História Unisinos14(3):257-265, Setembro/Dezembro 2010 © 2010 by Unisinos 3As peregrinações de Nina Rodrigues pelos candomblés dos arrabaldes de Salvador e seu Recôncavo colocaram o médico maranhense diante de uma questão que se tornaria central em sua obra daí por diante, qual seja, a presença e grande infl uência cultural dos iorubas na Bahia. Publicado postumamente em 1932,
Cores, ClassifiCações e Categorias soCiais: os africanos nos impérios ibéricos, séculos XVI a XIX http://dx. Resumo:No século XVIII não havia nos estatutos da Universidade de Coimbra nenhum impedimento ao ingresso de pessoas de cor em seu corpo discente. Descendentes de africanos -notadamente pardos e mulatos -frequentaram e deixaram registros da sua presença nas faculdades Jurídicas, de Medicina e Teologia. A identificação, entretanto, não é imediata e nem sempre possível. Na verdade, os indicativos e evidências da cor dos estudantes costumavam aparecer nos registros de exames finais dos cursos, provas que também habilitavam para o acesso aos prestigiados cargos de magistratura, no caso das faculdades jurídicas, e ao doutoramento. Mas para alguns estudantes, nenhuma nota foi registrada. Em vez disso, há uma observação, ao lado do nome do aluno, afirmando que "não tem informações". Quando consegui obter informações sobre os estudantes cujo "desempenho" foi descrito dessa maneira, a maioria eram homens de cor. Assim, ao acompanhar a trajetória acadêmica de alguns estudantes, é possível reconhecer os argumentos que avalizam a ascensão acadêmica dos homens de cor e, ao mesmo tempo, identificar os fundamentos que sustentam as restrições impostas a este grupo para o acesso aos graus acadêmicos mais elevados e, por conseguinte, aos cargos e postos mais qualificados nas instituições de prestígio e poder. De modo mais amplo, as mesmas histórias revelam a complexidade e sutileza dos marcadores pautados na origem, cor da pele e características físicas, que em convívio e reinterpretados à luz das hierarquias do Antigo Regime, passaram a pesar cada vez mais na definição de lugares e estatutos sociais. Este artigo pretende contribuir para o debate historiográfico em torno desta problemática.Palavras-chave: mulatos e pardos livres; estudantes de cor; Universidade de Coimbra. Abstract:In the 18th century, the statutes of the University de Coimbra did not include any impediment preventing men of color from becoming students. African descendents -usually pardos and mulatos with mixed racial origins -could and did study there, as is evident in the records of the faculties of Law, Medicine and Theology. Identifying students' color, however, is not always easy, sometimes impossible. In fact, evidence regarding students' color often appears for the first time in records of final examinations prior to receiving the degree. Approval in these examinations opened the doors for careers as magistrates, in the case of law students, or for continuing on to other examinations required for approval for the doctoral degree. But for some students, no grades were recorded. Instead, there is an observation next to the student's name, stating that "there is no information." When I was able to obtain information on students whose "performance" was described in this way, most were men of color. Reconstructing the academic trajectories of these individual students makes it possible to recognize the arguments used in assessing students of color, and th...
O artigo toma como fio condutor a trajetória do príncipe Nicolau de Água Rosada para analisar a conjuntura do tráfico de escravos em Angola e Congo. Em 1845, ele foi como emissário para Lisboa depois de um tratado antitráfico firmado entre Portugal e seu pai, o rei Henrique II. Permaneceu cerca de dois anos em Portugal, e no seu retorno a Angola tornou-se funcionário da administração colonial. Água Rosada alcançou notoriedade ao se manifestar publicamente contra um tratado de vassalagem assinado pelo rei Pedro V em 1859. Paradoxalmente, foi acusado de ser aliado dos portugueses, sendo assassinado em 1860 por africanos contrários ao avanço da presença europeia no baixo Congo. Nicolau nunca se pronunciou contra ou a favor do tráfico de escravos. No entanto, sua trajetória só pode ser entendida a partir de uma perspectiva que situe o tráfico como elemento central da geopolítica da África Centro-Ocidental.
No abstract
ResumoO fio condutor deste texto é a trajetória de um homem de cor livre nascido na vila de Mariana, no ano de 1720, tendo falecido no Reino do Congo, em data desconhecida, provavelmente no último decênio do século XVIII. Entre as Minas Gerais e o Reino do Congo, vários anos vividos em Coimbra e Lisboa demarcaram a trajetória de André do Couto Godinho. A narrativa, aparentemente excepcional, não se restringe entretanto a episódios da vida pessoal de Godinho, ao contrário, trata de coletivos mais amplos, constituindo-se, quiçá, em uma "janela privilegiada" para o mundo dos homens de cor livres em diferentes localidades do Império português, na segunda metade dos Setecentos. Assim, ao seguir os passos de André Godinho, focalizo contextos históricos que dão sentido e podem, ao mesmo tempo, ser reinterpretados à luz das possibilidades, escolhas e limitações que constituíram sua história pessoal. Palavras-chaveHomens livres de cor, século XVIII -Reino do Congo, século XVIII -Império português Contato
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