Línguas da pregação LUCIANA VILLAS BÔAS é professora de Literatura Comparada da UERJ. LUCIANA VILLAS BÔASINTRODUÇÃO á nos primeiros escritos produzidos no Brasil quinhentista um personagem cuja presença é constantemente evocada e, ao mesmo tempo, dissimulada. Sabemos que seus conhecimentos são indispensáveis aos eventos narrados, mas não podemos observá-lo diretamente em ação. Anônimos, quase espectrais, os primeiros intérpretes-tradutores do Brasil colonial, os chamados línguas ou Os meninos da terra e as missões jesuíticas no Brasil (1549-1555) 1 Sobre as línguas gerais, ver Altman, 2003.
Este artigo investiga a história de formação do conceito moderno de esfera pública em língua alemã (Öffentlichkeit) e os limites da sua tradução pela expressão ‘esfera pública’. Se adjetivos “öffentlich” e público”, entrelaçados em tradições comuns, são semanticamente afins, a palavra alemã destaca um sentido que não é evidente em outras línguas: a oposição entre o visível e o encoberto, entre aquilo que é de conhecimento geral, öffentlich, aberto, e aquilo que é vedado à apreciação e à discussão geral. Na tradução do conceito alemão através da expressão esfera pública a exigência de ‘abertura’ literalmente se desprende da forma. Com base em pesquisas já realizadas, teço algumas observações sobre a história e a pré-história do moderno conceito, chamando a atenção para o elo entre palavra e conceito, a associação e dissociação do elo entre o que é aberto e comum. As considerações histórico-filológicos sobre, finalmente, iluminam o nexo traçado por Hannah Arendt entre o âmbito do público e do político. O “espaço de aparição” (Erscheinungsraum), conceito-chave de Arendt, associa-se intimamente à semântica do que é visível, evidente e aberto a todos, no termo Öffentlichkeit. Vindicar a expressão daquilo que é ao mesmo tempo comum e aberto leva a pensar a atual opacidade da esfera pública de uma nova perspectiva.
Este artigo explora a produção e transmissão de ilustrações que Candido Portinari fez para uma edição norte-americana do livro de Hans Staden sobre o Brasil no século XVI. Realizados em 1941, os desenhos caíram em esquecimento por quase sessenta anos até a sua publicação póstuma em 1998 no Brasil. Este artigo argumenta que o destino dos desenhos é sintomático da articulação da memória cultural social do passado colonial brasileiro. Com base na análise da recepção crítica e do repertório visual dos desenhos, sugere que as ilustrações de Portinari divergem de representações tradicionais da morte dos povos indígenas por desafiarem a temporalidade subjacente às molduras nacionais da memória colonial.
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