O objetivo do artigo é apresentar uma pesquisa em andamento sobre as representações sociais da ritalina no Brasil entre 1998 e 2008. Nesse período, houve um incremento considerável do uso da medicação e sua expansão para outros fins além dos terapêuticos. A ritalina tem sido usada tanto para o tratamento de patologias da atenção como para melhoria de funções cognitivas em pessoas saudáveis. A pesquisa se desdobra em dois campos de investigação, com metodologias diferenciadas. O primeiro campo investiga as publicações brasileiras, científicas e em mídia popular, sobre a ritalina, analisando os argumentos que justificam seu uso e a difusão dos resultados científicos para o público leigo nos jornais de grande circulação. O segundo campo de investigação usa a metodologia de grupos focais para explorar as representações sociais de universitários, pais de universitários e profissionais de saúde, acerca do uso da ritalina para o aprimoramento do desempenho cognitivo.
RESUMO. Este artigo analisa a expansão do diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e suas controvérsias. Desde a década de 80 o TDAH tem sido descrito como uma disfunção neuropsiquiátrica que inicia na infância e continua na vida adulta. O TDAH é visto pelas autoridades médicas internacionais como um problema de ordem pública. Não obstante, apesar de sua legitimidade médica e biológica ser defendida pelo discurso neuropsiquiátrico, a polêmica ao seu redor cresce e se fortalece. Dentre os aspectos críticos do diagnóstico, nosso objetivo principal é analisar as fronteiras frágeis que ele estabelece com as funções e disfunções da atenção e sua otimização. Como diferenciar os sintomas do transtorno da atenção das queixas dos indivíduos que buscam sua otimização? Concluímos o artigo sugerindo questionamentos éticos que devem ser incorporados à clínica diagnóstica e terapêutica do TDAH.
Este artigo analisa como a interpretação neurobiológica recente do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) revela o nível mais aparente e superficial da constituição do "fato TDAH". Investigamos a fase mais superficial e harmônica da construção do TDAH e o olhar psiquiátrico que ela perpetua, inspirado na filosofia do risco e na aparente autoevidência das imagens cerebrais. Nosso objetivo é destacar certas contingências morais, sociais e científicas que participam e participaram da construção do diagnóstico do TDAH e dos modelos identitários que ele fortalece. Conclui-se que o TDAH deve ser analisado como um objeto empírico e social, no espaço social e epistêmico no qual ele foi constituído.
Este artigo constrói inicialmente uma cartografia dos discursos históricos do diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Em seguida, dois momentos-chave da história oficial do diagnóstico são analisados: as descrições do médico inglês George Still, de 1902, e a síndrome da encefalite letárgica, na primeira metade do século XX. Em tais análises, é dado relevo aos elementos morais e políticos da história oficial do TDAH - eles fazem parte dos níveis mais profundos da constituição do diagnóstico do TDAH que não são explicitados pelo discurso médico-científico. As diferentes versões históricas destacadas e os elementos revelados e ocultados pela história oficial são vistos como parte da constituição do diagnóstico do TDAH. Juntos, eles formam a história do TDAH com todas as suas polêmicas e controvérsias.
RESUMO. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é visto pelas autoridades médicas internacionais como um problema de ordem pública. O TDAH é envolto em questões que fazem urgir o debate acerca dos efeitos do diagnóstico e sua crescente difusão, entre as quais se destacam a recente expansão do diagnóstico para incluir o adulto e o vertiginoso aumento do consumo do metilfenidato. Como o fornecimento público do metilfenidato é contemplado pela Assistência Farmacêutica do Espírito Santo, a presente pesquisa tem por objetivo analisar os efeitos da Política Estadual de Assistência Farmacêutica referente ao TDAH na produção de subjetividade dos sujeitos que solicitam o metilfenidato. Busca-se abordar as experiências dos usuários no curso de seu tratamento medicamentoso. Foram realizadas entrevistas com solicitantes do metilfenidato maiores de 19 anos residentes em Vitória. Como resultado, percebeu-se que os efeitos advindos do diagnóstico e do uso do medicamento são mais diversos do que os comumente relatados e quase sempre experienciados de forma conflituosa e ambivalente. Ao mesmo tempo, tanto a Ritalina quanto o TDAH parecem funcionar como tecnologias subjetivas que, em sua relação com os sujeitos diagnosticados, transformam suas vidas em graus diversos, indicando a necessidade de acompanhamento dos seus efeitos.
Resumo O metilfenidato, principal substância utilizada no tratamento farmacológico do Transtorno do Défict de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é atualmente o psicoestimulante mais consumido no mundo e assunto constante na mídia e nas produções científicas em Psicologia e Psiquiatria. Neste artigo, discutimos alguns elementos do discurso científico sobre esse medicamento, nos servindo de elementos históricos, ricos em controvérsias, para propor sua emergência como problema, conforme indica Foucault. Assim, analisamos a diversidade de sentidos e práticas que envolvem o tema, desde a síntese das primeiras anfetaminas em laboratório, no início do século XX, até o momento atual, em que o metilfenidato é reconhecido como principal via de tratamento do TDAH, alcançando altíssimas taxas de consumo ao redor do planeta. Por fim, são apontadas algumas questões pertinentes ao contexto brasileiro, principalmente no que se refere às políticas públicas de saúde.
ResumoA ideia de que problemas cotidianos são diagnosticáveis e tratáveis pela medicina é antiga e ao mesmo tempo comum na atualidade, na qual habituou--se entender e explicar a vida psíquica e as condutas éticas pelo conhecimento da materialidade corporal. Este artigo realiza uma análise sobre a relação entre o saber biomédico e pedagógico na construção da concepção de infância normal/ anormal. Nas duas últimas décadas, o investimento em pesquisas que investigam o funcionamento cerebral tem ampliado significativamente o conhecimento científico das interações entre o físico e o psicológico e sustenta fortemente a cultura somática. Nesse processo, diagnósticos psiquiátricos se tornaram dispositivos importantes na explicação e intervenção dos processos de escolarização considerados problemáticos. No percurso teórico investigado, destaca-se como a combinação entre as ciências biomédicas e a educação marcou e tem marcado as práticas de intervenção sobre os problemas enfrentados pelas crianças ao ingressarem na escola.Palavras-chave: medicalização; cultura somática; infância; escola. AbstRActThe idea that everyday problems are diagnosable and treatable by medicine is ancient as well as common today, when we are used to understanding and explaining the psyche and ethical conduct by knowing the materiality of the body. In the last two decades, investment in research investigating brain function-
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.