Resumo A primeira medida tomada por Sampaio Doria quando assumiu a Direção Geral de Instrução Pública de São Paulo, em 1920, foi promover o recenseamento escolar das crianças entre 6 e 12 anos, com o objetivo de saber quantas crianças eram analfabetas, onde elas moravam e quais as condições da região em que moravam. Tomando o recenseamento escolar de 1920 como objeto, este artigo tem como objetivo analisar o papel que a imprensa paulista desempenhou ao promover uma campanha cívica do recenseamento, interferindo na produção do fato. Analisa-se o modo como a imprensa divulgou o recenseamento entre junho e setembro, entendendo-a como sujeito da história, que agenda, seleciona, registra e comenta assuntos da esfera pública. Tem-se a hipótese de que o efeito social promovido pela cobertura da imprensa auxiliou a alavancar a Reforma de 1920, ao agendar o analfabetismo e inflar sua visibilidade. Constituem o corpus documental deste artigo publicações nos jornais Correio Paulistano, O Estado de S. Paulo e Jornal do Commercio. Para análise dos documentos, utiliza-se como referencial teórico-metodológico a teoria do agendamento, segundo a qual o efeito mais decisivo que os meios de comunicação geram no debate é a própria pauta. Conclui-se que a divulgação do recenseamento escolar pela imprensa amplificou a denúncia do analfabetismo. Ao acompanhar a ação governamental do recenseamento escolar, a imprensa agendou o tema do analfabetismo, alardeando-o com imagens, em concordância com as atividades executadas pelo governo.
ResumoEste artigo tem por objetivo analisar o debate pedagógico referente à alfabetização veiculado na Revista de Ensino, publicada pela Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo. A periodização abrange os anos de 1902 a 1910. Procurou-se identificar elementos que possibilitassem a reconstituição da atmosfera mental da época, naquilo que se refere ao debate sobre alfabetização e métodos de ensino, isto é, sobre a cultura escolar. Assim, por meio da análise do discurso pedagógico, procurou-se examinar, também, os sentidos sociais dessa alfabetização, à luz das implicações da utilização da escola como instrumento político republicano para formação do povo. Palavras-chave: imprensa periódica educacional, cultura escolar, alfabetização, civilidade.
EDUCATION DURING THE FIRST REPUBLIC: LITERACY AND SCHOOL CULTURE IN THE JOURNAL OF EDUCATION (1902-1910)
AbstractThis article aims to analyze the pedagogical debate on literacy that was ran by the Journal of Education, published by the São Paulo Public School Teachers Beneficent Association. The timeline covers the years from 1902 to 1910. We sought to identify elements that allow the reconstruction of the intellectual atmosphere of the time -in the debate about literacy and teaching methods, in other words, about the school culture. Thus, through the analysis of pedagogic discourse, we tried to also examine the social meanings of literacy in light of the implications of using the school as a Republican political tool for the forming of the people.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.