Pretendemos convidar a refletir sobre influências e oportunidades entre currículo escolar, educação e cultura política a partir de nossas percepções formativas na perspectiva discente e docente, pessoais, bem como da cidadania brasileira na atualidade. Entendemos que as tendências neoliberais e conservadoras têm se acentuado utilizando do discurso sobre o crescimento da economia como forma de democracia, inclusão e melhoria da qualidade de vida da população. Tais interesses têm se distanciado da justiça e dos avanços sociais igualitários, da educação e da cultura política. Vemos o autoritarismo se utilizar de ardis para garantir o crescimento e o acúmulo de capital sob a posse de uma elite internacional e de prepostos coloniais. Na relação mercado-Estado, tomamos os processos de construção da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) como exemplo de política enfraquecedora da educação e da cultura política que precisa ser problematizada ou revertida. Como forma de contrapor este rumo histórico seguimos a conscientização sobre a importância da educação política e do incremento da politicidade da educação, por meio da compreensão da realidade concreta conjuntamente com o fortalecimento da participação da maioria das pessoas que são afetadas, no ensino e na política. Aduzimos a noção de justiça curricular às dimensões cotidianas e próximas, em dialeticidade com os macrocontextos políticos. Referenciamos o estudo na práxis pedagógica e no diálogo compreensivo-problematizador, fundamentados na Educação Popular em sua ênfase decolonial. No rumo do Estado mínimo, a educação competitiva e tecnicista tornada um fim em si tem agido contra a educação como meio de conscientização e politização. De acordo com a Educação Popular radicalmente politizadora entendemos que a cultura da participação, significa fazer parte ativa da totalidade social, não podendo conceder para a adaptação e reprodução dos interesses conservadores que se apresentam como novos. Participação não é adesão ou concessão, mas componente fundamental da práxis pedagógica socializante.
Este trabalho analisou as transformações do espaço escolar a partir das ocupações secundaristas ocorridas no ano de 2016, tendo como referência o movimento do Instituto Federal Sul-rio-grandense - Campus Pelotas. Os/as estudantes produziram durante a ocupação diários e publicações em uma rede social, a fim de informar a sociedade sobre a organização do movimento e, é com base nestes materiais que desenvolvemos esta análise. Neste sentido, compreendemos o movimento de ocupação como questionador e tensionador do cotidiano e das relações estruturantes da escola que possibilitaram uma transformação deste espaço. Os/as jovens demostram, ao organizarem os movimentos de ocupação uma resposta a ideia de que a juventude é despolitizada e sem capacidade de articulação. Apontamos para as permanências do movimento, uma vez que os sujeitos envolvidos desenvolveram uma consciência de participação política e que questiona e mobiliza outras esferas sociais e atores políticos para ações que geram mudanças nas estruturas dominantes da sociedade. Por fim, consideramos relevante a articulação política do movimento na disputa do pensamento social, através de um rompimento com cristalizações do cotidiano da ordem do capital, reproduzido nas instituições formativas do pensamento.
O presente artigo procura refletir sobre as representações sociais de internautas, a partir dos seus comentários em uma reportagem de um jornal local, sobre a ocupação estudantil secundarista no Instituto Federal Sul-rio-grandense (Campus Pelotas). Foram analisados os 271 comentários realizados na matéria sobre a ocupação, publicada no dia 16 de outubro de 2016, na página do jornal no Facebook. Os dados foram submetidos a uma análise de conteúdo do tipo temática, o que gerou um mapa representacional. O tema de maior prevalência e que perpassa todos os demais, sendo caracterizador da representação social de juventude, está relacionado a desqualificação juvenil. Dele derivam outros dois grupos de pensamentos acerca do jovem: o primeiro refere-se à imaturidade, incapacidade e improdutividade, já o segundo à fácil manipulação frente aos modismos e suposta doutrinação da esquerda. Diante disso, cabe à sociedade a condução da construção social do jovem enquanto “homem de bem”. O desvio dessa formação caracterizaria uma inversão da ordem, uma contravenção, a qual necessita de controle, punição e ódio.
O presente trabalho, de caráter ensaístico, objetiva refletir sobre algumas contradições dos movimentos feministas branco a partir da perspectiva teórica de intelectuais afro-latinas-americanas e afro-estadunidenses. Começamos o texto com um manifesto em primeira pessoa e reivindicamos uma pesquisa que precisa ser escrita, feita e pensada para e, realizada, com as/os próprias/os protagonistas. Para isso, abordamos dois aspectos: o primeiro, de “opressão comum” que generaliza experiências de mulheres, problematizado especialmente por bell hooks (2015). O segundo, o conceito de interseccionalidade, desenvolvido por Kimberlé Crenshaw (1989) e revisitado por Patrícia Hill Collins (2019). Concluímos que, a partir da compreensão de que não se pode pensar em uma opressão comum em relação às experiências de mulheres, o conceito de interseccionalidade se torna importante para a reflexão. Os marcadores gênero, raça, classe e sexualidade, relacionados entre si, contribuem para que exista uma luta contra essas opressões e que o feminismo negro como teoria crítica, avance em direção à libertação de todas as mulheres e, consequentemente, de todas as pessoas.
Neste artigo propusemos uma reflexão acerca da categoria teórica práxis, a partir do seguinte questionamento: como é possível pensar a construção de uma práxis emancipatória no atual contexto brasileiro? Para examinar essa questão, situamos o conceito de fatalismo histórico como possibilidade de compreender como as relações de forças se constituem no atual momento, diante da ameaça social advinda de dois agentes: o atual governo neoconservador brasileiro e o vírus da covid-19, gerador de uma pandemia. Compreendemos que esses agentes contribuem à intensificação da ofensiva neoliberal, que evidencia as contradições estruturais da ordem do capital. Estabelecemos a categoria práxis como expressão do processo de consciência crítica de sujeitos, o qual institui um movimento necessário à mudança social, a partir de uma concepção histórica da realidade. PALAVRAS-CHAVE: Práxis. Fatalismo Histórico. Processo de Consciência. Transformação.
O artigo, construído em formato de carta, se inspira na realidade de muitas mulheres de nosso país. Aborda a experiência de abandono paterno de uma filha que, a partir do seu contato com teorias feministas, percebe e questiona as consequências da falta de paternagem ao longo de sua vida. Em busca da construção e da ampliação de uma consciência feminista, a carta apresenta um conjunto de reflexões direcionadas ao pai, morto recentemente vítima da COVID-19, e a outros homens. A reflexão perpassa às diferenças de classe, raça e gênero de forma interseccionada, aborda o cotidiano da reprodução da vida e ressalta a importância dos feminismos, enquanto posicionamento político, para a construção de relações mais igualitárias e justas. Conclui-se ressaltando, entre outros aspectos, a urgência de que homens assumam e compartilhem as responsabilidades no que se refere ao cuidado das crianças e do lar. Palavras-chave: paternagem, reprodução da vida; patriarcado; consciência feminista.
Este texto tem por objetivo fazer uma breve análise da conjuntura política brasileira e seu reflexo na educação especialmente 2020 e 2021, agravados pela pandemia do COVID-19. Além disso, o avanço neoliberal tomou proporções arrebatadoras, ampliando as dificuldades do povo no país, que, ao longo do governo de Bolsonaro, instaurou o pior cenário de incerteza e desesperança, e permeado de escândalos que envolvem seus ministérios, especialmente educação e meio ambiente. Diante da conjuntura que fez com que o país fosse epicentro da pandemia na América do Sul, com milhares de mortos, houve um aumento do desemprego, e no campo da educação, o ensino remoto deixou milhares de jovens e crianças fora da escola. Diante deste contexto, analisamos brevemente os últimos dois anos, apontando que é necessário urgentemente lutar contra o autoritarismo deste governo, valorizar professores e pesquisadores e criar alternativas à barbárie.
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