RESUMO Apresento, neste artigo, algumas reflexões acerca da relevância das epistemologias afroperspectivistas para construções teóricas e metodológicas dos estudos críticos do discurso. No campo da Análise Crítica do Discurso (ACD), estas pesquisas buscam compreender as relações entre discurso, raça e outras interseccionalidades em nosso contexto brasileiro. Ao discutir sobre práticas racistas nas manifestações discursivas na contemporaneidade, são necessárias perspectivas epistemológicas que assimilem as múltiplas formas de opressão que atingem negras/os em nossa sociedade – opressões que são frutos da colonialidade (NASCIMENTO, 2019; RESENDE, 2017, 2019; SANTOS, 2019). Além disso, é urgente pensar em produções locais de teorias e metodologias a fim de superar o falso ‘conhecimento universalizante’ tão consolidado na ciência moderna (RESENDE, 2017, 2019; PARDO, 2011, 2019; VIEIRA, 2019). Por isso, em um primeiro momento, apresento algumas considerações quanto as premissas básicas sobre a ACD e a perspectiva decolonial latina da ACD (ACD-LA). Em seguida, discorro sobre as contribuições dos pensamentos afroperspectivistas e decoloniais para ACD, os quais formulam reflexões conceituais acerca do discurso, as relações entre linguagem e racismo, dentre outros aspectos (GONZALEZ, 1988; CARNEIRO, 2005, 2011; GOMES, 2005; RIBEIRO, 2017, 2019; ALMEIDA, 2019; NASCIMENTO, 2019; COLLINS, 2019; HOOKS, 2015; KILOMBA, 2019; FANON, 2008; BERNADINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2018; MAKONI ET AL, 2003). Para finalizar, através de um levantamento de pesquisas que abordem racismo e discurso publicadas nos últimos anos no Brasil sob a perspectiva da ACD, busco apontar os caminhos percorridos com o intuito de contribuir para uma visão geral dos estudos locais acerca dessa temática.