O novo Coronavírus (SARS-CoV-2) ofereceu aos setores científico, político e econômico uma diversidade de desafios. Um deles é a difusão espacial da doença, que apresenta padrão urbano-rodoviário considerando sua concentração e dispersão no território. O presente artigo amplia essa análise incorporando atividades e serviços prioritários, como os frigoríficos, enquanto mais um fator de difusão espacial da doença, especialmente em sua fase de interiorização no Brasil. A avaliação foi desenvolvida a partir de relações entre frigoríficos e a ocorrência da COVID-19 na Região Sul, analisadas a partir do conceito de territórios da degradação do trabalho e da dinâmica processual da saúde-doença e seus múltiplos determinantes. Os dados relativos à localização dos vínculos e empreendimentos em frigoríficos e os casos confirmados da doença por município foram submetidos a mapeamento utilizando modelos convencionais da cartografia temática e técnicas de geoestatística. Os resultados sugerem áreas críticas e potencialmente críticas, considerando a similaridade e a difusão espacial da doença no âmbito local e regional. Aponta também para a preocupação com a disseminação da doença em virtude dos movimentos pendulares de trabalhadores e trabalhadoras e aponta os frigoríficos como potenciais centros de difusão da COVID-19 nos estados da Região Sul. Em síntese, a relação capital-trabalho e o processo saúde-doença se apresentam como uma das faces das relações sociais de produção e relações assimétricas de poder na sociedade capitalista que colocam os agravos à saúde do/a trabalhador/a como tendência objetiva e não acidental, fortuita ou natural.
Promovida, principalmente, pela inclusão dos automóveis nos modos de vida urbano, a dispersão urbana é um tipo de urbanização caracterizada pela ocupação do solo com baixa densidade populacional em áreas periféricas núcleo urbano consolidado. Dentre os principais impactos que decorrem deste modelo de urbanização estão: a crescente demanda de consumo de energia e recursos naturais; ocupação de áreas ambientalmente frágeis ou suscetíveis à desastres naturais; e a aspectos negativos relacionados a qualidade de vida e saúde da população. A partir de uma análise geográfico-histórica e tomando como como exemplo a cidade de Maputo, o artigo evidencia como a degradação ambiental, a segregação socioespacial e a periferização estruturam-se como particularidades da dispersão urbana em Moçambique. E conforme observado em outros países, a urbanização dispersa em Moçambique também se configura como mais um obstáculo para implantação de políticas públicas e a universalização do acesso a bens fundamentais (infraestrutura e serviços). Ela também tende a reforçar, ampliar e cristalizar processos históricos ainda não resolvidos na atualidade e presentes na formação socioespacial moçambicana.
Con el fin de detectar áreas y periodos de reducción e incremento de precipitaciones en el estado de Paraná, al sur de Brasil, se analizan las tendencias espaciales y temporales de las lluvias desde 1976 hasta 2011. Se utilizaron datos mensuales de lluvia acumulada (mm) de 63 estaciones pluviométricas distribuidas en todo el estado. Los datos se agruparon en valores trimestrales (otoño, invierno, primavera y verano), estacionales (temporada seca y lluviosa) y anuales. Todos los valores fueron evaluados para la homogeneidad y las tendencias utilizando las pruebas de Mann-Whitney-Pettitt y Mann-Kendall, así como análisis de regresión lineal. Los resultados indican una transición en la precipitación detectada en el periodo 1991-1999, con un registro máximo en 1993. Las tendencias indican un aumento promedio de 4.03 mm en la temporada de lluvias, principalmente en los sectores en que predominan los climas subtropical y costero. Los resultados coadyuvan a una mejor comprensión de los patrones y la variabilidad de las lluvias en las zonas tropicales y el hemisferio sur, y suponen la presencia de un proceso moderado de tropicalización pluviométrica en el clima subtropical del estado de Paraná.
A Oscilação Decadal do Pacífico – ODP tem sido discutida como a teleconexão de baixa frequência mais recorrente do Oceano Pacífico. A oscilação é caracterizada por meio das temperaturas da superfície do mar e pela temporalidade de atuação na escala de 20 a 30 anos. No Brasil, associações entre ODP nas dinâmicas climáticas regionais e locais são verificadas principalmente na variabilidade pluviométrica. No Paraná, estudos que associaram a oscilação à dinâmica pluviométrica e/ou climática foram obtidos de forma indireta. Neste contexto, o objetivo do trabalho é apresentar as características por meio de associações e correlações espaciais e temporais obtidas por testes estatísticos para a precipitação no estado. O intuito é contribuir aos estudos sobre a gênese das chuvas na região, considerando a variabilidade pluviométrica em escala decadal, e destacando a ODP como um fenômeno que auxilia na produção das chuvas no estado. Foram utilizadas séries históricas de 1976 a 2011: a) com dados mensais de chuva e número de dias com chuva, agrupados em escalas trimestrais, sazonais e anuais; e b) com índices anuais padronizados da ODP. A caracterização foi processada pela associação em função da similaridade temporal da ODP e das chuvas no Paraná e as correlações foram obtidas pelo coeficiente de correlação linear de Pearson. Em geral, a participação da ODP se mostrou com sinal fraco para chuvas, numa relação de 11% a 20%, considerando o coeficiente de determinação (r²). Para os números de dias com chuva a correlação foi de 17 a 46%, sugerindo uma relação com sinal moderado-fraco. Os resultados corroboram para o melhor entendimento das gêneses das chuvas em regiões de clima tropical, especialmente para o Paraná, e aponta abordagens interpretativas dos impactos regionais e locais de teleconexões climáticas de baixa frequência.
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Desde o século XVII, estudos sobre os impactos climáticos em áreas urbanas são vistos como manifestação adversa, e na climatologia geográfica, o problema foi interpretado inicialmente como derivação ambiental. Para contribuir com essa discussão, o presente manuscrito busca ajustar concepções clássicas e contemporâneas, indicando como o clima urbano pode ser visto também como construção social. Amparada na Geografia do Clima, a proposta foi aplicada ao estudo do clima urbano de Santos, no litoral do estado de São Paulo. Os resultados indicam que o clima urbano santista constitui-se pela relativização dos perigos naturais e na seletividade do impactos climáticos. São as formas-conteúdo e espaço-temporalidades de suporte, mitigação e superação construídos no decorrer do desenvolvimento histórico, que organizam a cidade em diferentes níveis de vulnerabilidade e exposição e desastres naturais. Esses processos auxiliam na qualificação do clima urbano como risco climático, isto é, uma construção social que transforma o fenômeno natural em problema social..
Apresenta-se uma proposta metodológica de avaliação da suscetibilidade à COVID-19 no Estado de Santa Catarina. O interesse é contribuir com a análise da difusão espacial da doença e oferecer um parâmetro técnico-científico que auxilie os processos decisórios e gestão da saúde no Estado no que tange à previsibilidade de áreas e regiões mais propensas à observação, aumento e distribuição espacial da doença. O índice contemplou 47 variáveis dimensionadas em indicadores que agravam os quadros da COVID-19, considerando população residente, riqueza material e processo saúde-doença para as unidades espaciais dos 293 municípios catarinenses. Para construção dos índices os valores demográficos e de saúde foram submetidos à testes de normalidade, multicolinearidade, análise de componentes principais. A transformação de valores estatísticos para índices de suscetibilidade foi assumida a partir de duas componentes principais que explicou 84,8% da variância da matriz. Na espacialização, os índices se apresentam com padrão de distribuição, associados na maioria dos municípios com população mais alta e com os maiores casos confirmados Nestes aspectos o índice pode, em sua primeira versão, ser apresentado como uma estratégia para a análise e controle da epidemia no Estado, principalmente, na indicação de municípios para ação prioritária.
Apresenta-se uma aplicação do Social Vulnerability Index – SoVI®, com o interesse de contribuir com o estudo geográfico da vulnerabilidade social à desastres naturais em áreas urbanas. Para exemplificação utilizou-se dados do censo demográfico por setores censitários urbanos da cidade de Santos, na Zona Costeira Paulista. Foram detectadas nove componentes que explicam 75,6% da variância da vulnerabilidade em Santos. A primeira componente é a desigualdade social, racial e gênero, e uma vez que, as jovens, alfabetizadas, portadoras da cor parda e residentes em domicílios improvisados sem rendimento, são o grupo populacional mais vulnerável. Valores altos de SoVI® foram observados nos setores norte da cidade, que compreende a zona portuária, o centro e as áreas de aglomerados subnormais. Os menores índices estão distribuídos, no setor sul da cidade, especialmente na orla praiana. Em Santos, a espacialização do SoVI® apresenta-se como um subproduto de eventos históricos e contextos sócioespaciais que explicam como os processos de urbanização (precária e segregada) incorporaram diferentes níveis de vulnerabilidade social com privações de direitos à cidade e à justiça social. Assim, o SoVI® é estratégia interessante para o estudo dos riscos e desastre, desde que os processos metodológicos de elaboração sejam claros e substanciados teoricamente
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