RESUMO Este trabalho analisa o ato de tradução à luz da Teoria dos Atos de Fala, como proposta por John Langshaw Austin em How to do things with words, argumentando que o modo como Austin constrói sua teoria, de uma forma não linear, é adequado para uma teorização sobre a tradução. O trabalho também propõe que se considere o ato de tradução como uma entidade "êmica", ou seja, irredutivelmente cultural. Essa proposta se inspira, por sua vez, na afirmação de Kanavillil Rajagopalan em relação aos atos ilocucionários. Para esse autor, os atos ilocucionários são "unidades de análise indissoluvelmente culturais, compreensíveis tão-somente enquanto fatos institucionais, específicos de cada comunidade de fala" (1992a: 120).
RESUMOO trabalho sugere que existem pelo menos duas estratégias bastante distintas para abordar a tradução de textos religiosos: a primeira busca dar acesso ao leitor em termos de entendimento, aproximando o texto religioso da cultura para a qual ele está sendo traduzido. A segunda estratégia é nutrida por uma ênfase na iluminação, na revelação, numa clarividência que não necessariamente passa pelo raciocínio, mas que pode ser proporcionada pela transmissão de características da língua que não pertencem ao campo dos sentidos e têm a ver com a materialidade da língua: ritmo, assonâncias, aliterações. As duas estratégias, numa primeira análise, parecem não só se opor diametralmente, mas também reforçar uma dicotomia talvez tão ou mais antiga que os próprios textos em estudo: aquela que opõe espírito (ou conteúdo) a letra (forma). No entanto, como já poderíamos suspeitar, as coisas não são tão simples assim... O trabalho apresentará algumas manifestações dessas duas tendências ao longo da história, problematizando a dicotomia e buscando delimitar que éticas informaram cada esforço de tradução. Palavras-chave: tradução de textos religiosos; Martinho Lutero; Eugene Nida; Franz Rosenzweig; Martin Buber. ABSTRACTThis paper suggests the existence of at least two very different strategies in the translation of religious texts: one is based on understanding and aims at accommodating the religious text to the culture into which it is translated. The second strategy is nourished by an emphasis on illumination, on revelation, on an insight that does not necessarily demand reasoning, but rather the transmission of certain linguistic characteristics not belonging to the realm of meaning: rhythm, assonances, alliterations. At first sight, the two strategies are radically different, stressing a dichotomy that is perhaps even older than the texts being studied − *. usp, são paulo (sp),
<p>Este trabalho explora algumas instâncias da tradução de textos científicos ao longo dos séculos, procurando iluminar alguns fatores que em geral ficam esquecidos quando consideramos traduções desse tipo de texto. Devido a uma necessidade prática de simplificação, em geral não levamos em conta todo um processo de transformação que textos antigos sofreram até chegarem aos nossos dias. Também se analisam alguns casos de tradução de textos científicos feitos na Europa na época do Renascimento, tanto do latim para as línguas vernáculas quanto das línguas vernáculas para o latim, além de traduções entre as próprias línguas vernáculas. </p>
REsuMoNos últimos cinco anos aproximadamente, tem-se observado um maior movimento em torno da autora Clarice Lispector no exterior, especialmente no mundo anglófono. Clarice já era conhecida em países como Inglaterra e Estados Unidos, mas nesse período mais recente foi possível observar o lançamento de uma biografia da autora em inglês, retraduções de várias de suas obras e muita agitação na mídia em torno dessas publicações. A partir desses acontecimentos, este artigo propõe uma reflexão sobre a prática da retradução e seus determinantes, analisando quais são os motivos que levam pessoas a fazer novas traduções para que substituam as já existentes. Em particular, serão cotejados três textos: o original de A hora da estrela ([1977] 1988), sua tradução The hour of the star realizada por Giovanni Pontiero (1992) e sua retradução, feita por Benjamin Moser (2011). Palavras-chave: Retradução; Clarice Lispector; Giovanni Pontiero; Benjamin Moser. AbstRActIn the last five years or so, there has been a new movement around Brazilian author Clarice Lispector, especially in the English speaking world. Lispector was already known in countries like England and the United States, but during this last period her English biography was published, as well as several retranslations of her works. All this attracted a considerable attention in the media. Based on these events, this paper proposes a reflection on the practice of retranslation and its determinants, analyzing the motives that lead people to make new translations to replace existing ones. A contrastive study will be also proposed of three works in particular: A hora da estrela ([1977] 1998), its translation The Hour of the Star, by Giovanni Pontiero (1992) and its retranslation by Benjamin Moser (2011).
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