O artigo reflete sobre a memória esquecida e invisibilizada da missionária ordenada Frida Maria Strandberg, enviada pela missão da Igreja Filadélfia de Estocolmo (Suécia) ao Brasil em 1917, para atuar na missão brasileira da Igreja “Assembleias de Deus” (registrada com este nome em 1918). Frida Maria foi impulsionada pela Ruah (Espírito divino) para ser ensinadora ou docente da Palavra de Deus. Ela era também enfermeira, atuando ainda na área da saúde. Frida Maria tinha grande capacidade de liderança e também de escrita e escreveu com certa regularidade em três jornais das Assembleias de Deus. Foi uma mulher missionária, que afirmava que a Ruah sopra igualmente sobre mulheres e homens, sendo precursora das reivindicações femininas no meio pentecostal. Essas reivindicações de Frida foram motivo da primeira convenção das Igrejas Assembleias de Deus, já em 1930. Ela não pôde participar desta reunião, e a sua luta — conjunta com seu marido A. Gunnar Vingren — pela ordenação igualitária das mulheres nos diferentes ministérios da Igreja não obteve resultados à época. Os “homens de Deus” se articularam e conseguiram invisibilizar e ocultar a luta de Frida: ela foi moralmente perseguida e faleceu enferma, sendo considerada portadora de doença mental. A partir de 2009, a sua memória vem sendo recuperada, inspirando a mobilização de muitas mulheres assembleianas no tempo presente, em suas atividades contra a violência simbólica que se manifesta através dos discursos religiosos que continuam colocando as mulheres em lugares subordinados aos homens na Igreja, na família e na sociedade. Nosso posicionamento é que a missão do Reino de Deus só será plena com a participação das mulheres em todas as áreas do saber e do fazer, incluindo as Igrejas. A Ruah continua soprando e a memória recuperada de Frida Maria torna-se luz para as reivindicações de cidadania eclesial para as mulheres, especialmente nos meios pentecostais.
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