Resumo Nesta entrevista, um dos mais renomados medievalistas franceses da atualidade, Jean-Claude Schmitt, responde a diferentes questões concernentes não apenas às suas escolhas teórico-metodológicas, mas também aos temas de seus últimos trabalhos. Conhecido como um dos principais herdeiros da história antropológica de Jacques Le Goff, Schmitt faz um balanço de uma trajetória que resultou em trabalhos diversos, desde edições de documentos até obras sobre as imagens medievais, sem nunca perder de vista o compromisso de interrogar as crenças dos homens e as permanências do imaginário da Idade Média na cultura ocidental.
Uma carta de remissão, elaborada pela chancelaria régia da França no início do século XVI, reporta que o barbeiro Guilherme Caranda, ao final da procissão de corpus Christi na cidade de Senlis, ouviu, na porta de casa, o serralheiro Claude Caure proferir aos gritos várias palavras obscenas e blasfemadoras. Segundo a peça, "numa explosão de raiva", Carandaque não era considerado "muito dócil"teria reagido imediatamente às provocações verbais, retirando uma faca do bolso para golpear o olho esquerdo do blasfemador. Embora este serralheiro tenha protegido seu rosto com a mão, não se estancava a ferida aberta em seu corpo pelo corte, e, por falta de curativo ou cuidados médicos, veio pouco tempo depois a óbito. Com a notícia do assassinato espalhada pela cidade, o barbeiro, temendo algum tipo de repressão por parte das autoridades, fugiu da França para algum lugar não informado. Em 1530, depois de o crime ter sido investigado pelo poder régio, Guilherme Caranda foi inocentado.
Interview given to Leandro Alves by José Teodoro Mattoso, professor at the New University of Lisbon, a renowned medievalist and author of several important works on Portuguese historiography. He recently coordinated the publication of the History of private life in Portugal, a work encompassing the Middle Ages through to the present day, addressing the field of study of behaviors and mentalities, which until then had barely been touched upon by Portuguese historians. Seeking to outline a historiographical perspective regarding the use of the history of mentalities in Portugal, a series of questions were prepared to put to Mattoso about the interests that led him to organize such a collection of unpublished essays.
Notas de PesquisaBreves apontamentos sobre a formação moral do varão (Portugal, séc. XV) (Pina, 1977, p. 881).Nesse trecho, o cronista constrói a imagem de um D. Afonso V casto, temperado e apto a preservar o corpo puro depois da morte de sua esposa, D. Isabel. Como destaca, o corpo dos varões, quando atinge vinte e poucos anos, possui um intenso ânimo sexual, deixando-o mais vulnerável aos pecados da carne. Sendo tão compromissado com os valores cristãos, esse monarca conseguiu amansar, segundo o cronista, seus impulsos e evitar veementemente uma vida de excessos. Mesmo quando era casado, não abusava da carne, aprendendo cedo a ser um esposo casto e temperado. Do mesmo modo, seguia uma dieta alimentar estrita e dormia não mais que o necessário para seu descanso.Outro cronista-mor da Torre do Tombo, Gomes Eanes de Zurara, na Crónica da Guiné, ao descrever as virtudes do infante D. Pedro, ressalta o forte ímpeto desta personagem de resistir à luxúria para ser um homem casto (Zurara, 1973, p. 22). Esse nobre descrito na crônica tinha um ar de austeridade e temperança que o tornava tão virtuoso que o cronista defendia ser ele a pessoa certa para inspirar outros varões a escaparem das adversidades da vida. A partir dessas considerações, pode-se dizer que era uma tópica do discurso cronístico
Os scriptoria dos mosteiros de Santa Cruz de Coimbra e de Alcobaça ajudaram, entre os séculos XIV e XV, a disseminar, por diferentes regiões de Portugal, vários ensinamentos de ordem moral, ou melhor, começaram a elaborar obras não só para consumo próprio, mas também para atender outras plagas desse reino. Tendo em vista o comprometimento moralizante de tais instituições monásticas, o objetivo do presente artigo é perscrutar o papel de parte de suas obras na fabricação e fixação de um vocabulário, em língua portuguesa, que passou a nomear práticas vistas como virtuosas e louváveis pelas principais autoridades da Igreja desse período, bem como é examinar a relevância atribuída aos livros redigidos em vernáculo na formação moral de clérigos considerados insipientes. Mais precisamente, este trabalho busca questionar em que medida um grupo de livros, nomeadamente tratados prescritivos e hagiografias, se tornou suporte para termos e expressões que os clérigos regulares e seculares precisavam memorizar para aprenderem a instruir os fiéis cristãos.
Rev i s t a d o P ro g r a m a d e Pó s -G r a d u a ç ã o e m H i s tó r i a U n i ve r s i d a d e Fe d e r a l d o R i o G r a n d e d o S u l e -I S S N 1 9 8 3 -2 01 X ht tp s : //s e e r. u f rg s . b r/a n o s 9 0 D O I : 10 . 2 245 6 / 1 9 8 3 -2 01 X . 87 76 5 A n o s 9 0 , Po r to A l e g re , v. 2 6 -e 2 0 1 9 10 8 -2 0 1 9 Este é um artigo Open Access sob a licença CC BY O poder sacralizado dos clérigos de Castela (século XIII e início do século XIV)The sacralized power of the clerics of Castile (13th and early 14th centuries) RESUMO: A partir da primeira metade do século XIII, começaram a surgir obras escritas em castelhano destinadas a regular as funções atribuídas ao clero diocesano da Coroa de Castela. Serializando livros em verso, constituições de sínodos e outros materiais voltados à formação basilar do clero que foram elaborados entre o século XIII e o XIV, o presente estudo visa examinar a promoção do poder da consagração da Eucaristia e o papel instrutivo da celebração da missa nesse momento de revigoramento da ação pastoral dos bispos ibéricos e de ampliação dos atributos das igrejas paroquianas. Em outras palavras, o alvo deste trabalho consiste em analisar as medidas adotadas por grandes autoridades eclesiásticas para a sacralização das falas e dos gestos articulados pelos clérigos ordenados nesse período. PALAVRAS-CHAVE:Coroa de Castela. Sacramento da Eucaristia. Clero diocesano. Séculos XIII e XIV.ABSTRACT: From the first half of the thirteenth century, there was an emergence of works written in Castilian language destined to regulate the functions attributed to the diocesan clergy of the Crown of Castile. By serializing books in verse, synod constitutions and other texts focused on the basic formation of clerics, elaborated between the thirteenth and fourteenth centuries, this study aims to examine the promotion of the power of Eucharist consecration and the instructional role of the Mass celebration at a time when the pastoral action of Iberian bishops and the expansion of the attributes of the parish churches were strengthened. In other words, the aim of this work is to analyze the measures adopted by great ecclesiastical authorities regarding the sacralization of speeches and gestures of clerics ordained during that period.
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