RESUMO:O presente trabalho tem como objetivo analisar, numa perspectiva psicossocial, como a imprensa aborda e constrói a noção do risco, sobre o Ebola. Propomos discutir como as formas de falar dessa epidemia podem estar atreladas às dimensões alteritárias. A amostra foi composta por cinco matérias encontradas no acervo eletrônico da revista semanal Veja, no período compreendido entre março de 2014 e fevereiro de 2015, tendo sido utilizado o descritor "ebola". Utilizamos como método a análise de conteúdo com foco no eixo semântico (sentidos) e sintático (forma). Os resultados apontam 4 eixos de construção de sentidos: a metáfora da companhia militar para demonstrar o combate do homem contra um vírus potencialmente destrutivo; a alteridade radical, colocando o outro africano como "estranho e "poluente"; o distanciamento, em que o vírus Ebola é colocado como problema inerentemente africana e por último a ideia da infra-humanização, colocando as qualidades do africano como sub-humanas.Palavras-chave: ebola; África; alteridade; risco; africano. ABSTRACT:This study aims to analyze, from a psychosocial perspective, how the press builds and deals with the concept of risk of the Ebola outbreak. We propose to discuss how the ways of speaking about this epidemic can be linked to the dimensions of alterity. The sample consisted of five articles found in the electronic collection of the weekly magazine Veja, in the period between March 2014 and February 2015, using the descriptor "Ebola". As method of data analysis it was used the content analysis, focusing the semantic axis (direction) and the syntactic axis (shape). The analysis reveals four categories: the metaphor of the military company to demonstrate man's struggle against a potentially destructive virus; radical alterity, placing the African as "strange" and "pollutant"; the place occupied by the Ebola, which is far away from the west and as a looming problem of Africa; and finally the idea of infra-humanization, putting the african qualities as subhuman.Keywords: ebola; Africa; alterity; risk; african. IntroduçãoÉ inegável o papel das mídias na construção do senso comum. No domínio médico-científico, por exemplo, o modo como a mídia constrói a noção de risco se dá por vezes através da dramatização ou do emprego de metáforas que assemelham um determinado fenômeno a outros males, incitando medo, pânico e pavor. As mídias podem ainda construir a percepção de um risco tido como distante enquanto próximo a determinadas pessoas e grupos sociais , o que pode gerar preconceito, estigma e discriminação com relação às pessoas acometidas por um determinado "mal". Assim, transforma a ameaça, como algo que pertence exclusivamente ao outro-distante, em mais próxima, palpável, real ou concreta. Segundo Joffe (2005), a leitura do risco é motivada não pela necessidade de ter 1 Financiamento: CAPES.
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Este artigo investigou a construção social da/o ebola via imprensa brasileira à luz da Teoria das Representações Sociais. Os dados foram coletados na Folha de São Paulo, desde o surgimento do vírus (1976) até março de 2015. Foram analisadas 291 matérias, por meio do software IRAMUTEQ. Os resultados mostram mundos léxicos organizados em torno dos discursos especialista e não especialista. O primeiro traduz as hipóteses científicas explicativas sobre o vírus do ebola. Já segundo aponta para a dicotomia ocidente versus África. Os resultados demonstram que a crise da ebola reatualiza a themata do reconhecimento social pela negativa, o essencialismo do africano, alteridade radical, hierarquização cultural e a invisibilidade do africano como protagonista apto a falar de sua realidade.
Resumo O presente estudo visa discutir a violência na sua relação com o nascimento da civilização e projeto colonial no pensamento de Freud e Fanon. Na obra freudiana, a violência foi abordada a partir das obras: Futuro de uma Ilusão, O Mal-Estar na Civilização, Por Que a Guerra? e Reflexões para os Tempos de Guerra e Morte. E no pensamento fanoniano a partir de Os Condenados da Terra, mais concretamente no capítulo dedicado à violência. A discussão da obra dos autores foi dividida em três momentos. Primeiramente foi discutido o modo como a construção da civilização europeia e a cultura ocidental têm sido marcadas pela violência aos grupos étnicos externos ao Ocidente. No segundo momento, discorre sobre a violência colonial, articulada com a raça, em que a obra de Fanon teve o seu foco principal. Discute-se ainda, por fim, a “contraviolência” e a violência como meio de se subjetivar diante da subjetividade rechaçada.
Este artigo objetivou analisar as articulações teóricas entre memória histórica e representações sociais. Tomando a perspectiva sociocultural da memória, três aspectos foram problematizados: quais temáticas em memória histórica poderiam ser objetos de representações sociais; o papel da memória histórica nos processos de ancoragem e objetivação; e a relação entre disputas memoriais e representações sociais. A partir da abordagem sociogenética das representações sociais, apontou-se que temáticas em memória histórica que tangem às zonas de tensão podem ser articuladoras entre os campos memoriais e representacionais. Utilizando o Devoir de Memoíre na França, os processos de ancoragem e objetivação podem ser analisados a partir de discussões voltadas à legitimação de narrativas e embates acerca da nomeação de eventos históricos. As disputas memoriais revelam dinâmicas representacionais em relação ao passado social. Por fim, a memória histórica e as representações sociais vinculam-se a diferenças grupais, bem como a conflitos simbólicos.
Resumo Transição capilar é o processo de abdicação de alisamentos químicos ou físicos dos cabelos, reassumindo suas texturas naturais. A presente pesquisa, de natureza qualitativa, visou a investigar a construção dos sentidos de identidade em mulheres negras que passaram pela transição capilar. Participaram do estudo 12 mulheres negras com idades compreendidas entre 18 e 34 anos. Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas que foram analisadas através da análise de posicionamento. A transição capilar mudou a forma de posicionamento em relação a si, ao cabelo, à sociedade e à construção da autoimagem. Além de elucidar o processo de reafirmação identitária das interlocutoras, o estudo fomenta a discussão do racismo na sociedade brasileira, ao tratar da desvalorização da estética negra e, por conseguinte, do enaltecimento da branquitude.
Resumo O objetivo deste trabalho é discutir as possíveis transformações das representações sociais sobre a loucura que circulam em um jornal impresso brasileiro, tomando como marco a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Foram analisadas 1.385 matérias publicadas em formato eletrônico no período de janeiro de 1978 a dezembro de 2015, que tinham como tema central a loucura. As matérias foram analisadas por meio do software IRAMUTEQ, a partir de três corpora, cada um dos quais foi analisado separadamente e gerou um dendrograma de Classificação Hierárquica Descendente. A análise dos resultados nos permitiu verificar os movimentos de mudança e resistência das representações sociais ao longo do tempo. Os diversos nomes atribuídos à figura do louco sofreram mudanças no período analisado, de forma que algumas categorias foram mais suavizadas do que outras. Destaca-se a dinâmica social que levou a uma mudança e a forma como essa mudança foi incorporada, reorganizada e ressignificada sem provocar ruptura. Do ponto de vista metodológico, os dados dessa pesquisa nos chamam a atenção para as escolhas de descritores realizadas no percurso do trabalho e as consequências dessas escolhas nos resultados obtidos.
RESUMO: A epidemia de Zika vírus tem gerado debates nos mais diversos espaços sociais, devido ao clima de incerteza sobre suas causas e consequências. A sociedade investe expectativas nos poderes públicos e comunidade científica para o oferecimento de soluções para a epidemia. Para a psicologia social, este contexto controverso constitui um campo fértil de reflexão, elaboração e circulação de representações sociais, suscitadas pela interpenetração entre os discursos científicos e os discursos de senso comum. Neste artigo, propomos estudar as reflexões bioéticas sobre zika vírus enquanto fenômeno socialmente construído. Os dados foram coletados entre janeiro de 2015 e agosto de 2016. Foram encontradas 114 matérias (revista Veja=98 e revista Carta Capital=16), que continham nos títulos zika e zika virus. Os textos foram processados através do software iramuteq,que proporcionou a análise de classificação hierarquica descendente e análise fatorial de correspondência. Apresentamos dados comparativos entre duas revistas com posicionamentos politico-ideologicos distintos: Veja e Carta Capital. Esperamos contribuir para o debate sobre processo de ancoragem na construção de objetos sociais via comunicação social. Os resultados obtidos na Carta Capital traz dimensões macrossociais sobre a zika, debruçando em questões ligadas às políticas públicas de saúde, determinantes sociais da doença e iniquidades sociais. A revista Veja aponta para aspectos microssociais, enfatizando uma dimensão intrapessoal. As diferenças ideológicas foram notáveis no posicionamento das duas revistas. De um lado, uma ideologia progressista, que pode estar relacionado com a ênfase na crítica das políticas públicas, de outro, próximo de uma ideologia neoliberal, colocando relevo no indivíduo como entidade privada.Palavras-chave: zika; vírus ; bioética; revista; representações sociais.ABSTRACT: The zika vírus epidemy has generated discussions in many social spaces, due to the uncertain climate about its causes and consequences. The society invests expectations in the public authorities and scientific authorities for the solutions of the epidemic situation.This controversial context constitutes a fertile field of reflection,elaboration and circulation of social representations raised by the interpenetration between scientific and common-sense discourses.We aim to investigate the circulation and polarization of bioethical reflexions about zika virus on brazilian media in the view of social representations. The data were collected between 2015/ january and 2016/ august. 114 press articles were found (Veja Magazine=98 e Carta Capital magazine=16) that contained ¨¨zika¨and ¨zika virus¨ on their titles. The texts were proccessed by the iramuteq software, that provided the hierarchical classification analysis and the factorial matching analysis.We present comparative data between two periodical with distinct ideological political positions. We await to contribute for the debate on the anchorage in the construction of social objects via social communication. The results obtained on Carta Capital show macrossocial dimentions about zika, leaning on questions linked to public health politics, social determinants of disease and social inequities.Veja magazine points to microssocial aspects, emphasizing an intrapessoal dimension. The ideological differences were notable on positioning of the two reviews.In one hand, the progressive ideology, that may be related to tne critical emphasis of public policies; on the other hand near a neoliberal ideology, highlighting the individual as a private entity.Keywords: zika; virus; bioethics; magazine; social representations.
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