Este estudo objetiva discutir os usos do conceito de responsabilidade social da universidade (RSU), colocando em análise como a RSU tem sido abordada na literatura científica brasileira. Metodologicamente, o estudo se trata de uma revisão sistemática (RS) operacionalizada na Plataforma de Periódico Capes referente a produção de artigos científicos dos últimos dez anos (2010‑2019) no Brasil. Sob o método PRISMA de RS, foram incluídos 12 artigos na análise final. Os resultados foram sistematizados em quatro eixos: 1) o conceito de RSU é polissêmico e fragmentado, e está associado com práticas de gestão de governança corporativa e modelo stakeholders de decisão compartilhada; 2) a RSU nas universidades brasileiras é amplamente difundida por meio das políticas universitárias de extensão na relação universidade‑sociedade; 3) Percebe‑se que os processos mercadológicos e de gestão têm retido interesses neoliberais com relação à RSU na prática cotidiana; por último, 4) A RSU no Brasil se destaca pelas suas políticas de ações afirmativas e de inclusão.
As práticas de violência contra as populações dissidentes de gênero e sexualidade são uma realidade cotidiana em todo o território brasileiro, marcada pela apreensão, sofrimento, insegurança e medo. Tal realidade social se expressa por estatísticas através dos relatórios que dizem respeito a práticas de violência voltadas ao público LGBTs. A questão da violência suscita uma interlocução com outros temas, tais como da mobilidade urbana que envolve o caminhar, explorando territórios, experiências e vivências. Nesse percurso, o estudo objetiva realizar uma reflexão sobre a caminhabilidade de pessoas dissidentes de gênero e sexualidade, com foco no público LGBTs, em seu entrelaçamento com a violência. Metodologicamente busca-se uma ampliação e maiores discussões a partir do campo socioantropológico da Teoria da Caminhabilidade, e assim, caracteriza-se por uma revisão de literatura em torno de uma hermenêutica problematizadora na qual faremos a confluência em teorias e conceitos. Com isso esperamos estabelecer maiores compreensões sobre os/as dissidentes sexuais e de gênero e as situações de vulnerabilidades em suas caminhadas nas cidades.
Temos como objetivo discutir sobre marcas psicossociais da dinâmica da violência urbana nas experiências de adolescentes lésbicas moradoras de periferias de Fortaleza, a quem se atribui o cometimento de ato infracional e sob quem recai a pecha de “envolvidas” em facções criminosas. Para tanto, foram analisadas entrevistas narrativas com cinco adolescentes lésbicas subscritas em facções criminosas. Os resultados e discussões apresentam que a condição de lesbianidade expõe diferencialmente as adolescentes à precarização, colocando-as em condição de maior vulnerabilidade aos conflitos, à morte, à restrição de acesso aos territórios e à repressão policial. Além disso, analisamos as relações afetivas que essas adolescentes têm junto com integrantes de facções e a condição precária a que seus corpos estão submetidos. Concluímos que as transformações sociais do crime produzem efeitos psicossociais nas trajetórias de vida.
Este artigo objetiva relatar experiências do projeto de extensão Histórias Desmedidas de 2016 a 2018, junto a jovens, de 15 a 29 anos, em cumprimento de medida socioeducativa na cidade de Fortaleza e em situação de encarceramento. O projeto ampara-se teórico-metodologicamente no campo da Psicologia Social, em seus diálogos com estudos pós estruturalistas, da criminologia crítica e críticos à colonialidade, bem como com produções de áreas afins que tematizam criticamente juventudes, violências e políticas públicas. O projeto se operacionalizou, nestes anos, em duas frentes de ação: a primeira consistiu na realização de atividades com adolescentes e jovens em cumprimento de medida socioeducativa de meio aberto, mediante a metodologia de oficinas, enquanto a segunda se voltou à incidência técnico-política nos sistemas socioeducativo e prisional a partir da participação em comissões e comitês ligados aos monitoramentos realizados por organizações da sociedade civil atuantes da defesa de direitos humanos. As ações do projeto foram registradas a partir de diários de campo ao longo do processo e de relatórios, ao final de cada ano. Nos resultados, apresentamos a participação da equipe de extensão na facilitação de 32 oficinas com adolescentes e jovens em cumprimento de medida de liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade, no 4º monitoramento do sistema socioeducativo realizado pelo Fórum-DCA e no Comitê Estadual de Monitoramento da Política Nacional para Mulheres Privadas de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional. Concluímos este artigo reiterando a importância de tais experiências extensionistas para a formação em psicologia a partir de um paradigma ético-estético-político.
Este manuscrito tem como objetivo analisar de que modo coletivos juvenis LGBTQIAP+ têm produzido formas de re-existir a violências induzidas pelas expressões da necropolítica genderizada em Fortaleza. Ao longo do artigo, tomamos a necropolítica genderizada como uma ferramenta operacional da racionalidade neoliberal, que tem visado, dentre outras coisas, exaurir existências posicionadas como "outras" do padrão branco cis-hétero-patriarcal burguês, a exemplo de juventudes periféricas LGBTQIAP+. Elegemos a cartografia como ethos da pesquisa-inter(in)venção, a partir da qual fomentamos e compomos a rede "EntreColetivos". As análises foram feitas a partir de diários de campo sobre os encontros com essa rede de coletivos juvenis. As cenas trazidas apontam o dispositivo-arte como estratégia de enfrentamento à necropolítica genderizada, que assola desigualmente determinadas populações. As movimentações artísticas do "EntreColetivos" buscaram tornar a cidade circulável para juventudes negras e LGBTQIAP+, segmentos aos quais os espaços urbanos têm sido historicamente negados. Desse modo, observamos que a luta pela sobrevivência e pela re-existência nas margens não se encapsula em pautas identitárias. O "EntreColetivos" mostrou-se como uma rede de cuidado e luta, fazendo da arte e da ocupação da cidade um ato político de re-existência.
No abstract
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