Os queijos artesanais podem ser considerados patrimônios das comunidades que os produzem, pois expressam a evolução de um conhecimento compartilhado ao longo do tempo. O consumo desses queijos envolve a valorização de atributos tangíveis, como sabor, e características intangíveis, como tipicidade, sustentabilidade ambiental, social e econômica. O Queijo Colonial do Rio Grande do Sul é produzido por comunidades de descendentes de imigrantes, especialmente italianos e alemães, desde meados do século 19. O volume de produção anual no estado fica em torno de 12,5 mil toneladas, sendo a maior parte processada artesanalmente. O objetivo desse trabalho é analisar as percepções dos consumidores gaúchos com relação a esse produto, discutindo valores de consumo e atributos a ele associados. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário estruturado, a metodologia seguiu o modelo survey, na qual 456 consumidores participaram. Nossos resultados demonstram que o Queijo Colonial tem reputação positiva junto aos consumidores, apresentando características como sabor, relação custo-benefício e seguindo normas de higiene que atendem às necessidades emocionais e funcionais de consumo. Mas ele é percebido igualmente como um produto que possui identidade cultural, visto como expressão de um saber-fazer histórico, produzido de forma respeitosa ao meio ambiente e tendo relevância para a economia dos locais onde é produzido, o que demonstra que os consumidores percebem o conteúdo patrimonial do Queijo Colonial do Rio Grande do Sul.
O Queijo Artesanal Serrano (QAS) é produzido há mais de 200 anos nos Campos de Cima da Serra, no sul do Brasil, de modo tradicional, por produtores familiares, a partir de leite cru. O QAS é um produto de relevância histórica, social e econômica para a região. Sua produção, entretanto, enfrenta dificuldades com relação aos marcos legais. O objetivo desse estudo é analisar o ambiente institucional de produção do QAS sob a perspectiva dos Sistemas Agroalimentares Localizados (SIAL). Através de aplicação de roteiros semiestruturados, foram avaliadas as relações interinstitucionais e alterações ocorridas nos últimos 10 anos. Existe uma multiplicidade de atores envolvidos, sendo que a apresentação da mobilização coletiva em torno do produto leva a definição de um SIAL na forma passiva.
RESUMOO cultivo do abacaxi, conhecido como abacaxi "terra de areia", é desenvolvido em pequenas propriedades no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A região é a maior produtora de abacaxi do estado. Uma das possibilidades de agregar valor ao abacaxi seria através de uma Indicação de Geográfica (IG). Nosso estudo faz parte de um projeto de pesquisa que pretende levantar dados e discutir o potencial do abacaxi "terra de areia" em obter uma IG. Sendo um requisito identificar a origem da cultura na região e sua história, utilizamos a metodologia dos sistemas agrários (SA). O objetivo do artigo é apresentar os resultados dessa pesquisa: a reconstituição dos sistemas agrários do Litoral Norte do RS, situando o cultivo do abacaxizeiro na história da região. Num contexto histórico longo, vimos que o cultivo do abacaxi é bastante recente e que sua implantação está relacionada à busca de alternativas para as propriedades rurais dessa região. Pudemos constatar também que o núcleo urbano que deu origem ao município Terra de Areia, que empresta seu nome ao abacaxi, surge aproximadamente no mesmo período: ambos a partir da década de 1940. Os primeiros abacaxizeiros passaram por um período de adaptação e seleção natural e artificial de algumas décadas. A condição de solo em Terra de Areia foi apontada como um fator importante para o estabelecimento do abacaxi. Nos locais onde o solo é mais fértil, os produtores passaram a se dedicar a outros cultivos.
RESUMOO tema do presente trabalho é a evolução dos sistemas agrários na região dos Campos de Cima da Serra (CCS), situada no nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. Buscamos a reconstituição histórica da ocupação desta região, desde seus primeiros habitantes, os índios, a fim de acompanhar a história do modo de exploração do meio e compreender como o mesmo evoluiu até sua estrutura atual, tendo como foco dois objetivos específicos: encontrar referências históricas dando conta da produção do queijo serrano (QS) e buscar as origens dos pecuaristas familiares dos CCS. Os pecuaristas familiares são produtores que se dedicam à bovinocultura de corte em empreendimentos onde a mão de obra é familiar, o tamanho das propriedades é considerado pequeno para a atividade e a racionalidade econômica prioriza a reprodução social da família. Nos CCS, uma das alternativas para complementar a renda dos pecuaristas familiares é a produção do QS. Nesse trabalho, utilizamos como instrumento de análise a Teoria dos Sistemas Agrários, o que permitiu reconstituir a história da interação da sociedade com seu meio natural e verificar que o QS é um patrimônio cultural dos CCS.Palavras-chave: sistemas agrários; Campos de Cima da Serra; pecuária familiar; queijo serrano.
As Indicações Geográficas (IG) são instrumentos que visam proteger e valorizar um produto cujas características e reputação estão diretamente relacionadas a sua origem. Tradicionalmente utilizadas por bebidas alcoólicas e por derivados de leite, as IG têm sido demandadas para frutas e outros produtos in natura. O objetivo desse trabalho é fazer uma análise comparativa da concessão de IG de frutas entre Brasil e Europa. Para isso, utilizamos a documentação que embasa a certificação de quatro tipos de frutas, duas na Europa, e duas no Brasil. Verificamos que, no caso europeu, a relação entre produto e território de origem, ou o efeito terroir, se apresenta de forma mais completa. No Brasil parece prevalecer uma visão de que as condições naturais (solo e clima) são suficientes para justificar uma IG. Não foi possível estabelecer relação histórica ou cultural dos produtos brasileiros com seus territórios de origem, nem a valorização de práticas agronômicas que tenham sido desenvolvidas localmente. Concluímos ponderando a necessidade de trazer à discussão os processos de certificação de origem atualmente em curso no Brasil e o aprofundamento da discussão conceitual em torno dos mesmos.
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