Introdução: Arbovírus são vírus transmitidos ao homem pela picada de vetores artrópodes hematófagos. Parte do ciclo replicativo viral ocorre nesses artrópodes. Nos países tropicais, condições como ocupação desordenada de áreas urbanas, falta de saneamento básico e desmatamentos favorecem a proliferação de dois vetores muito competentes na transmissão desses vírus: Aedes aegypti e Aedes albopictus. Objetivo: Destacar a importância do conhecimento da transmissão vertical do Chikungunya (CHIKV) e das suas complicações maternas e fetais. Métodos: Levantamento de dados clínicos, laboratoriais, exames de imagem e revisão bibliográfica pelas fontes PubMed e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Resultados: Relatou-se a transmissão vertical do CHIKV no surto das Ilhas Reunião, África, em 2005-2006, com três casos de infecção fetal. Outros casos ocorreram em bebês sintomáticos após o nascimento, com a hipótese de a transmissão vertical ter sido por meio da mistura de sangue materno-fetal durante o trabalho de parto. Estudos de reação em cadeira por polimerase (PCR) nas placentas e líquidos amnióticos das mães sintomáticas no parto demonstraram que a passagem transplacentária do vírus é rara. Os autores apresentam caso de transmissão vertical de CHIKV. Primigesta, 34 anos, 37 semanas e 2 dias de gestação, sem comorbidades, pré-natal sem intercorrências, deu entrada no Hospital Unimed Costa do Sol, Macaé, RJ, apresentando nas últimas 24 horas febre, exantema e dor articular difusa. Hemograma com 5.300 leucócitos sem desvio. Doppler obstétrico com feto único, 3.446 gramas, oligodramnia moderada, taquicardia fetal de 179 bpm, sem alterações ao Doppler. Estando a paciente com gestação a termo, oligodramnia moderada e mantendo taquicardia fetal, indicou-se cesariana, que ocorreu sem intercorrências, e o nascido apresentou Apgar 7/8. Mãe e recém-nato tiveram alta 36 horas pós-parto. O recém-nato foi admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital São João Batista, Macaé, RJ, no quarto dia de vida, apresentando desconforto respiratório, gemência e cianose central. Descartou-se a sepse neonatal após culturas negativas, com diagnóstico final de encefalite viral após sorologias IgM reagente para CHIKV da mãe e recém-nascido e ressonância nuclear magnética (RMN) de crânio com comprometimento do corpo caloso e da substância branca dos hemisférios cerebrais. Eletroencefalograma normal. Fundo de olho sem papiledema. TORCHS negativo. Alta 25 dias após internação na UTI para acompanhamento com neuropediatra. Conclusão: A transmissão vertical do CHIKV é rara antes de 22 semanas de gestação. Estudos com modelos animais demonstram não permissividade à passagem do vírus pela barreira placentária durante exposição antes do parto. Entretanto, se o feto for acometido nesse período, os relatos são de perdas fetais. Após 22 semanas, a infecção ocorre mais em mães que estão com viremia durante o parto, sendo importante considerar a hipótese de a transmissão vertical ter sido por meio da mistura de sangue materno-fetal durante o parto.
Introdução: A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de mortalidade materna. O tratamento inicial dessa condição consiste em massagem uterina, uso da ocitocina, ergometrina e prostaglandinas. No insucesso com essas medidas iniciais, devem-se aplicar outros métodos rapidamente, na tentativa de controle da hemorragia. Em 1997, B-Lynch et al. descreveram uma técnica de sutura compressiva para pacientes de hemorragia pós-parto secundária à atonia uterina que não responderam ao tratamento farmacológico, introduzindo alternativa cirúrgica com menor morbidade do que as técnicas tradicionais. Objetivo: Compartilhar nossa experiência com uma variação da técnica cirúrgica de B-Lynch, que nos parece útil em situações críticas e sem incrementar os riscos maternos. Na análise da literatura nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), não identificamos experiência registrada com essa variação da técnica em nosso meio. Métodos: Aplicou-se a variação da técnica de sutura de B-Lynch em três pacientes com diagnóstico de HPP secundária à atonia uterina durante cesariana, que não responderam ao tratamento farmacológico conforme norma do serviço. Descrição da técnica cirúrgica: estando o útero para fora da cavidade uterina, sem abrir a histerorrafia, utilizando fio absorvível de poliglactina número 1, de 90 cm e agulha ctx de 48 mm, transfixar no sentido anteroposterior, utilizando como ponto referência 2 cm abaixo da histerorrafia com 2 cm mediais a contar da borda uterina, passando pelas fibras do colo uterino, saindo no torus uterino. Na parte superior do útero, passar a agulha por fina camada do miométrio no fundo uterino e posteriormente dar nó duplo na altura do terço superior do corpo uterino, mantendo a agulha e comprimindo assim o útero. Com um segundo fio, transfixar no mesmo sentido e referência e sequência o lado contralateral, deixando agora o nó na altura do terço inferior do corpo uterino, comprimindo o outro lado do útero. Essa assimetria na finalização dos nós, mantendo-se o restante do fio e as agulhas, permitirá ao cirurgião transfixar o ligamento largo, contornando o corpo uterino nas partes superior e inferior, impedindo assim que o útero atônico aumente seu tamanho lateralmente. Resultados: Essa variação da técnica de B-Lynch tenta trazer algumas atualizações. Como normalmente o útero é limpo com compressas após a dequitadura, não se abriria a sutura uterina para revisão da cavidade. Ao se transfixar o útero abaixo da histerorrafia, na lateral uterina, bilateralmente, não haveria a ancoragem no torus uterino, que em certos casos pode levar à laceração dessa região com aumento do sangramento. Os nós das suturas dados nos terços superior e inferior do corpo uterino, com o uso do restante do fio para transfixar os ligamentos largos e novos nós anteriores, permitem que se faça a compressão uterina tanto no sentido longitudinal quanto transversal, levando ao maior bloqueio da atonia uterina. Conclusão: As medicinas, bem como as técnicas cirúrgicas, estão em constante evolução. A descrição dessa variação da técnica de B-Lynch, aqui denominada de C-Lynch, tem como função reduzir a perda sanguínea da paciente acometida por atonia uterina, tirando do cirurgião a “ansiedade” por manter a histerotomia “aberta” e acrescentar a compressão lateral do útero, reduzindo ainda mais a complacência uterina.
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