Introduction: Gestational and congenital syphilis are diseases that can be prevented. Practices routinely carried out in prenatal care are effective for the prevention of cases. The prevalence of syphilis in pregnant women is considered an indicator of prenatal care quality. The objective is to define the epidemiological profile of pregnant women diagnosed with syphilis in the city of Macaé -Rio de Janeiro from 2010 to 2018. Methods:A cross-sectional retrospective study covering from 2010 to 2018 was conducted to assess the general prevalence in the period and annual incidence rates in records and database from the Care Center of Women and Children and from the Macaé Public Hospital.Results: A total of 535 cases of syphilis were reported in pregnant women. The highest number of reported cases was observed in 2018 (n = 151), with a detection rate of 38.4% per 1000 live births, meaning an increase of 37% compared to 2010. Most cases were diagnosed in the third trimester of pregnancy (n = 194 cases). The majority of women were aged 20-29 years (n = 322) and were housewives (n = 248). The predominant skin color was brown, accounting for 32.4% (n = 180) of the cases, followed by black skin (16.9%; n = 124). The majority of patients (n = 124) had incomplete elementary school education. The annual incidence rate of congenital syphilis increased from 1.4 to 17.2 cases per 1,000 live births between 2010 and 2018. Conclusions:There was an increased prevalence of syphilis in the city of Macaé, especially after 2015, with a peak of cases in 2018.
RESUMO Introdução: A rabdomiólise é uma síndrome resultante da desintegração do músculo estriado que cursa com mialgia, astenia e colúria, sua tríade clássica. Tem como causas mais comuns o estresse muscular excessivo. Na base de dados Scielo e Pubmed não foi encontrado literatura que compare o trabalho de parto ao exercício físico, mas considerando fatores inerentes ao trabalho de partoassociados ao esforço físico, podemos inferir e caracterizá-lo como um exercício físico, visto que este também provoca estresse muscular. Objetivo: Relatar caso de rabdomiólise após trabalho de parto extenuante, com intuito de alertar sobre a prevenção, sintomas e seus fatores de risco, visando diagnóstico e tratamento precoces, melhorando o prognóstico das pacientes. Descrição do caso: Primigesta, 30 anos, 41 semanas e 5 dias, sem comorbidades, deu entrada no Hospital Unimed na cidade de Macaé/RJ com quadro de amniorrexe prematura. Após dezoito horas de trabalho de parto foi indicado cesariana por exaustão física, a pedido da paciente e de seu esposo. Durante sondagem vesical foi observada colúria, sendo realizada hidratação vigorosa com cristaloides e furosemida venosa, tendo o procedimento ocorrido sem intercorrências. Solicitados exames para elucidação diagnóstica, apresentou alterações que confirmouquadro de rabdomiólise. No pós-operatório apresentou quadro de intensa mialgia e astenia, tendo alta hospitalar no quinto dia pós-parto após melhora progressiva. Conclusão: A rabdomiólise deve ser considerada no diagnóstico diferencial de quadros de mialgia, astenia e colúria no pós-parto, permitindo seu tratamento imediato, reduzindo assim complicações renais e a comorbidade materna. Palavras-chave: Rabdomiólise, Trabalho de parto extenuante, Colúria
Introdução: O câncer endometrial apresenta-se como uma das neoplasias malignas do trato genital feminino mais frequentes em países da Europa Ocidental e América do Norte. Mais de 90% dos casos ocorrem em mulheres com idade superior a 50 anos (média de idade de 63 anos), contribuindo para 1% a 2% de todas as causas de morte por câncer. O sintoma mais comum é o sangramento vaginal e, se diagnosticado precocemente, em mais de 75% das pacientes, a doença estará restrita ao útero. Portanto, em estádio inicial, tem prognóstico favorável e taxas elevadas de sobrevida global (80 a 85%) no período de cinco anos. Neoplasias endometriais são divididas em carcinomas endometriais endometrioides do tipo I, advindos de endométrio hiperplásico, e carcinomas endometriais não endometrioides do tipo II, provenientes do endométrio atrófico. Objetivo: Ressaltar a importância da anamnese e do exame ginecológico, entendendo-se que os exames complementares no diagnóstico das neoplasias de endométrio têm importante papel, mas estando normais, reafirmar que a clínica é soberana, principalmente estando o endométrio atrófico. Métodos: Levantamento de dados clínicos, laboratoriais, exames de imagem e revisão bibliográfica pelas fontes PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Resultados: Mulher, 64 anos, atendida no ambulatório do Hospital Escola Álvaro Alvim, Campos dos Goytacazes/RJ, relatando episódio de sangramento vaginal há quatro meses e menopausada há 10 anos. Obesa grau 1, multípara, sem doenças crônicas e história familiar de neoplasias ginecológicas negativa. Exame clínico, especular e toque vaginal sem alterações. Portava ultrassonografia transvaginal (USTV) com útero de 49,7 cm³, eco endometrial de 0,45 cm e vídeo-histeroscopia diagnóstica (VHD) com endométrio atrófico, realizados há 6 meses. Solicitaram-se novas USTV e VHD, que reiteraram o achado de atrofia endometrial e cervical. Liberou-se a paciente para controle semestral. No retorno, houve relato de sangramento discreto e intermitente, mas contínuo nos últimos 30 dias. Com seu consentimento, indicou-se histerectomia total abdominal com anexectomia bilateral. Realizou-se abertura da peça e, não se observando lesão macroscópica, não se efetuou linfadenectomia pélvica e a cirurgia ocorreu sem intercorrências. Histopatológico evidenciou carcinoma endometrioide grau I, infiltrando menos de 50% do endométrio. Sugeriu-se correlação clínica em razão da ausência de suspeita de neoplasia no momento da cirurgia. A paciente foi então encaminhada ao setor de oncologia para avaliação e acompanhamento, sendo liberada de tratamento complementar. No momento, segue em acompanhamento conjunto com a oncologia. Resultados: Embora o carcinoma endometrial do tipo II possa se originar de endométrio atrófico, no caso descrito houve desenvolvimento de adenocarcinoma endometrioide na vigência de atrofia endometrial. A literatura descreve a ocorrência de neoplasias com esse comportamento em cerca de 20 a 30% dos casos de câncer de endométrio, com prognóstico reservado e fisiopatologia desconhecida. Conclusão: Fazem-se necessários novos estudos para maior elucidação da sua origem e seu comportamento. Salienta-se também a importância da valorização dos dados clínicos colhidos na anamnese e sua correlação com o exame ginecológico, valorizando-se a clínica da paciente, principalmente, quando os exames para o diagnóstico precoce estão dentro dos limites da normalidade.
Introdução: Até a década de 1970, a gestação tripla era fenômeno exclusivamente espontâneo e bastante raro, ocorrendo uma vez a cada 10 mil partos. Desde então, com o advento da reprodução assistida, ocorreu aumento mundial na incidência das gestações múltiplas, e a trigemelaridade acontece em proporção de uma a cada dois mil partos. Comparadas às gestações únicas e gemelares, as trigemelares apresentam mais complicações maternas, com elevadas taxas de prematuridade e mortalidade perinatal, chegando alguns autores a preconizar a redução embrionária seletiva precoce, visando assegurar um melhor prognóstico para os fetos restantes. Mesmo com todos os riscos e complicações possíveis em uma gravidez múltipla, grande parte dos casais que passam por tratamento de fertilidade relatam o desejo desse tipo de gravidez, conforme indicam as bibliografias consultadas. Objetivo: O presente trabalho visa à popularização de um caso clínico envolvendo trigêmeos, com a finalidade de discutir os riscos, o prognóstico e as abordagens possíveis, bem como o impacto psicossocial na vida da paciente e dos familiares, de forma a auxiliar o manejo clínico desse tipo de gravidez por parte dos profissionais de saúde. Métodos: Obtiveram-se os dados por anamnese, exame físico, exames complementares, revisão do prontuário e consulta à literatura. Resultados: Mulher de 26 anos, primigesta, realizou fertilização in vitro em 2012, resultando em gestação trigemelar, tricoriônica e triamniótica. Chegou ao pré-natal com nove semanas de gestação. Evoluiu assintomática, com consultas quinzenais até 16 semanas, quando chegou com queixa de leucorreia amarelada e dor em hipogástrio. Ao exame, apresentou o colo centralizado, 3 cm dilatado e com herniação da bolsa amniótica. Foi submetida a cerclagem de emergência, com reintrodução da bolsa amniótica ao útero, permanecendo internada, sob vigilância obstétrica, em uso regular de isoxsuprina endovenosa e repouso. Com 19 semanas, sofreu aborto espontâneo de um dos fetos, com intensa hemorragia, sem a dequitação placentária. Foi novamente submetida a cerclagem emergencial, com introdução do coto umbilical ao útero e manutenção da isoxsuprina e repouso absoluto. Evoluiu bem até 27 semanas, quando entrou em trabalho de parto prematuro, com nascimento de dois fetos vivos, de baixo peso, com complicações cardíacas, visuais e respiratórias. Ambos foram assistidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, com desenvolvimento neuropsicomotor satisfatório até a alta, após dois meses. Conclusão: A trigemelaridade é condição rara, que suscita muitas variáveis em relação ao acompanhamento pré-natal, à avaliação dos riscos materno-fetais e dilemas éticos e aspectos psicossociais envolvidos. Assim, faz-se necessário o acompanhamento dos casos em centro especializado, envolvendo equipe multidisciplinar, para que as possíveis intercorrências sejam avaliadas juntamente com a família.
Introdução: Arbovírus são vírus transmitidos ao homem pela picada de vetores artrópodes hematófagos. Parte do ciclo replicativo viral ocorre nesses artrópodes. Nos países tropicais, condições como ocupação desordenada de áreas urbanas, falta de saneamento básico e desmatamentos favorecem a proliferação de dois vetores muito competentes na transmissão desses vírus: Aedes aegypti e Aedes albopictus. Objetivo: Destacar a importância do conhecimento da transmissão vertical do Chikungunya (CHIKV) e das suas complicações maternas e fetais. Métodos: Levantamento de dados clínicos, laboratoriais, exames de imagem e revisão bibliográfica pelas fontes PubMed e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Resultados: Relatou-se a transmissão vertical do CHIKV no surto das Ilhas Reunião, África, em 2005-2006, com três casos de infecção fetal. Outros casos ocorreram em bebês sintomáticos após o nascimento, com a hipótese de a transmissão vertical ter sido por meio da mistura de sangue materno-fetal durante o trabalho de parto. Estudos de reação em cadeira por polimerase (PCR) nas placentas e líquidos amnióticos das mães sintomáticas no parto demonstraram que a passagem transplacentária do vírus é rara. Os autores apresentam caso de transmissão vertical de CHIKV. Primigesta, 34 anos, 37 semanas e 2 dias de gestação, sem comorbidades, pré-natal sem intercorrências, deu entrada no Hospital Unimed Costa do Sol, Macaé, RJ, apresentando nas últimas 24 horas febre, exantema e dor articular difusa. Hemograma com 5.300 leucócitos sem desvio. Doppler obstétrico com feto único, 3.446 gramas, oligodramnia moderada, taquicardia fetal de 179 bpm, sem alterações ao Doppler. Estando a paciente com gestação a termo, oligodramnia moderada e mantendo taquicardia fetal, indicou-se cesariana, que ocorreu sem intercorrências, e o nascido apresentou Apgar 7/8. Mãe e recém-nato tiveram alta 36 horas pós-parto. O recém-nato foi admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital São João Batista, Macaé, RJ, no quarto dia de vida, apresentando desconforto respiratório, gemência e cianose central. Descartou-se a sepse neonatal após culturas negativas, com diagnóstico final de encefalite viral após sorologias IgM reagente para CHIKV da mãe e recém-nascido e ressonância nuclear magnética (RMN) de crânio com comprometimento do corpo caloso e da substância branca dos hemisférios cerebrais. Eletroencefalograma normal. Fundo de olho sem papiledema. TORCHS negativo. Alta 25 dias após internação na UTI para acompanhamento com neuropediatra. Conclusão: A transmissão vertical do CHIKV é rara antes de 22 semanas de gestação. Estudos com modelos animais demonstram não permissividade à passagem do vírus pela barreira placentária durante exposição antes do parto. Entretanto, se o feto for acometido nesse período, os relatos são de perdas fetais. Após 22 semanas, a infecção ocorre mais em mães que estão com viremia durante o parto, sendo importante considerar a hipótese de a transmissão vertical ter sido por meio da mistura de sangue materno-fetal durante o parto.
Introdução: A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de mortalidade materna. O tratamento inicial dessa condição consiste em massagem uterina, uso da ocitocina, ergometrina e prostaglandinas. No insucesso com essas medidas iniciais, devem-se aplicar outros métodos rapidamente, na tentativa de controle da hemorragia. Em 1997, B-Lynch et al. descreveram uma técnica de sutura compressiva para pacientes de hemorragia pós-parto secundária à atonia uterina que não responderam ao tratamento farmacológico, introduzindo alternativa cirúrgica com menor morbidade do que as técnicas tradicionais. Objetivo: Compartilhar nossa experiência com uma variação da técnica cirúrgica de B-Lynch, que nos parece útil em situações críticas e sem incrementar os riscos maternos. Na análise da literatura nas bases de dados PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), não identificamos experiência registrada com essa variação da técnica em nosso meio. Métodos: Aplicou-se a variação da técnica de sutura de B-Lynch em três pacientes com diagnóstico de HPP secundária à atonia uterina durante cesariana, que não responderam ao tratamento farmacológico conforme norma do serviço. Descrição da técnica cirúrgica: estando o útero para fora da cavidade uterina, sem abrir a histerorrafia, utilizando fio absorvível de poliglactina número 1, de 90 cm e agulha ctx de 48 mm, transfixar no sentido anteroposterior, utilizando como ponto referência 2 cm abaixo da histerorrafia com 2 cm mediais a contar da borda uterina, passando pelas fibras do colo uterino, saindo no torus uterino. Na parte superior do útero, passar a agulha por fina camada do miométrio no fundo uterino e posteriormente dar nó duplo na altura do terço superior do corpo uterino, mantendo a agulha e comprimindo assim o útero. Com um segundo fio, transfixar no mesmo sentido e referência e sequência o lado contralateral, deixando agora o nó na altura do terço inferior do corpo uterino, comprimindo o outro lado do útero. Essa assimetria na finalização dos nós, mantendo-se o restante do fio e as agulhas, permitirá ao cirurgião transfixar o ligamento largo, contornando o corpo uterino nas partes superior e inferior, impedindo assim que o útero atônico aumente seu tamanho lateralmente. Resultados: Essa variação da técnica de B-Lynch tenta trazer algumas atualizações. Como normalmente o útero é limpo com compressas após a dequitadura, não se abriria a sutura uterina para revisão da cavidade. Ao se transfixar o útero abaixo da histerorrafia, na lateral uterina, bilateralmente, não haveria a ancoragem no torus uterino, que em certos casos pode levar à laceração dessa região com aumento do sangramento. Os nós das suturas dados nos terços superior e inferior do corpo uterino, com o uso do restante do fio para transfixar os ligamentos largos e novos nós anteriores, permitem que se faça a compressão uterina tanto no sentido longitudinal quanto transversal, levando ao maior bloqueio da atonia uterina. Conclusão: As medicinas, bem como as técnicas cirúrgicas, estão em constante evolução. A descrição dessa variação da técnica de B-Lynch, aqui denominada de C-Lynch, tem como função reduzir a perda sanguínea da paciente acometida por atonia uterina, tirando do cirurgião a “ansiedade” por manter a histerotomia “aberta” e acrescentar a compressão lateral do útero, reduzindo ainda mais a complacência uterina.
Introdução: A sífilis congênita (SC) é transmitida por via transplacentária para o feto em qualquer fase da gravidez. A taxa de transmissão vertical da sífilis é de 50 a 85% nas fases primária e secundária e de 30% nas fases latente e terciária. A SC pode produzir desfechos graves na gestação, como parto prematuro, óbito fetal e neonatal e infecção congênita do recém-nascido. Objetivo: Definir o perfil epidemiológico das gestantes com sífilis no município de Macaé-RJ, avaliando os fatores de risco para a transmissão da doença e verificando o tratamento das pacientes e de seus parceiros. Métodos: Estudo do tipo transversal retrospectivo entre os anos de 2010 a 2018, com consulta aos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e pesquisa documental em prontuários e banco de dados de unidades públicas de saúde do município. Resultados: Observou-se maior incidência em gestantes de 15 a 39 anos, faixa etária de população sexualmente ativa. Em outro corte, verificou-se grande número de casos no terceiro trimestre da gestação. Observou-se maior incidência nas gestantes com menor escolaridade. A distribuição por bairros mostra maior incidência em locais com menor número de unidades de saúde com atendimento de pré-natal. Outro fator verificado foi o subdiagnóstico e a subnotificação pelas unidades de pré-natal, sendo maior o número de diagnósticos na maternidade municipal, que representa o término do cuidado obstétrico. Quanto à ocupação das gestantes, verificou-se grande incidência nas donas de casa, o que permitiu traçar um paralelo de vulnerabilidade por relações conjugais estáveis e o não uso do preservativo. Observou-se maior notificação de tratamentos para sífilis primária (penicilina G benzantina 2.400.000 UI) e terciária ou indeterminada (penicilina G benzantina 7.200.000 UI). E a considerável incidência em gestantes que já foram submetidas anteriormente ao tratamento com dose única põe em dúvida a eficácia desse esquema. O último fator verificado foi a adesão ou não do parceiro ao tratamento, que se mostrou importante item no controle da prevalência da doença, pois, ainda que a gestante realize as três doses da medicação, sem a adesão do parceiro considera-se o tratamento incompleto, deixando gestante e feto ainda sob vulnerabilidade. Conclusão: No município de Macaé, verificou-se aumento progressivo da prevalência da doença desde o ano de 2011, intensificando-se a partir de 2015. Os fatores que contribuíram para o aumento e a distribuição da sífilis no município foram: população sexualmente ativa, escolaridade, ocupação da gestante e adesão ou não do parceiro ao tratamento. Acredita-se que a escassez na produção de penicilina G benzatina também tenha sido importante para esse aumento nos números, bem como o baixo grau de informação prestada sobre a doença nas unidades de saúde do município que realizam atendimento pré-natal.
Introdução: O nó verdadeiro de cordão é um evento raro, presente em 0,4 a 1,5% das gestações. Pode surgir em decorrência das mudanças da estática fetal durante a gravidez, sendo mais frequente em multíparas e em casos de cordões umbilicais longos. Relato de caso: Paciente de 34 anos, preta, casada, do lar, Gesta 2 Para 1 Aborto 0, com história anterior de gestação também gemelar há dois anos, de desfecho favorável. Foi encaminhada para o pré-natal de alto risco na gestação atual, com 18 semanas, com confirmação por ultrassonografia de primeiro trimestre de nova gestação gemelar, dicoriônica e diamniótica. Evoluiu assintomática e sem intercorrências no pré-natal, com nove consultas realizadas. Em sua última consulta, apresentava 37 semanas e seis dias e foi identificada ao exame físico atividade cardíaca presente em ambos os fetos, com frequência normal e movimentação fetal de ambos, quando foi encaminhada para avaliação na maternidade, com 38/39 semanas. Deu entrada na maternidade com 38 semanas e três dias, assintomática, mas ao exame físico não foi identificada atividade cardíaca de um dos fetos. Realizou-se ultrassonografia com Doppler à internação, com identificação de feto1 com atividade cardíaca presente e feto2 sem atividade cardíaca e visualização de interrupção do fluxo sanguíneo no cordão umbilical para o feto2. A paciente foi encaminhada para cesárea de urgência com nascimento de feto1 vivo, sem malformações aparentes e extração de feto2 natimorto, sem malformações aparentes. Confirmou-se à dequitação placentária que o cordão umbilical do feto2 apresentava nó verdadeiro de cordão, justificando seu óbito. Conclusão: O nó verdadeiro de cordão umbilical normalmente se apresenta de forma frouxa, com pouca ou nenhuma repercussão hemodinâmica para o feto. No entanto, sua apresentação de forma justa está relacionada ao estreitamento da luz vascular dos vasos umbilicais, com redução do fluxo sanguíneo ao feto, asfixia e risco até dez vezes maior de óbito fetal. Além disso, a gemelaridade por si só caracteriza uma gestação como de alto risco para o bem-estar materno e fetal ao potencializar o risco de complicações como as que podem ocorrer em uma gravidez única. Com base no caso acima, pode-se compreender que o diagnóstico precoce do nó verdadeiro de cordão é extremamente difícil, visto que o mecanismo etiológico desse evento é a movimentação fetal, que costuma ocorrer durante toda a gestação. Assim, se o estreitamento da luz do cordão ocorre de forma tardia, como no caso descrito, a monitoração do pré-natal por meio da ultrassonografia, bem como por exame físico, pode não identificar esse evento e resultar em desfecho desfavorável para o feto, de modo completamente imprevisível.
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